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43. O REI HUMANO
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As vezes o destino agia de modo muito conveniente, pensou Saki.

Fazia alguns dias que ela estava esperando uma oportunidade para cozinhar para o rei humano. Então quando ela finalmente se apresenta é justo no dia em que ela é escalada para trabalhar na cozinha?

Isso parecia ter dedo das divindades.

Saki observou enquanto as cozinheiras se reuniam, discutindo sobre qual doce poderia ser preparado de forma rápida para saciar o desejo do rei. Todas as opções que elas falavam eram pratos cheios de requinte, que não eram realmente doces.

A memória de Shoyo reclamando dos doces servidos em bailes passou por sua memória. Ele sempre dizia que coisas gostosas não precisavam ser necessariamente bonitas. Ele odiava aqueles enfeites sem gosto que colocavam.

As moças continuavam discutindo. Era agora ou nunca.

— Com licença — chamou Saki, projetando alto sua voz. Muitos pares de olhos a encararam, quase a fazendo se sentir tímida e acuada. Mas isso não era necessário, ela era a predadora ali. — Eu gostaria de cozinhar para o Rei, Sua Majestade. Eu conheço muitos doces.

— Você ousa se achar digna de cozinhar para Sua Majestade?

Argh, que dor de cabeça. Saki havia decidido não usar seu poder em qualquer humano dali, mas isso era besteira. Ela, uma puro-sangue, não usar os poderes dos quais tinha pleno direito sobre humanos... Era a mesma lógica que um rico não gastar o dinheiro que também não podia dar aos pobres.

Não ia custar nada usar um pouco de persuasão.

— Vocês não sabem o que fazer, mas eu sei. Eu posso ajudar. Eu só desejo atender os desejos de Sua Majestade da melhor forma possível.

As palavras que Saki falou não eram importantes em sua maioria. O poder estava empregado em sua voz. Quem a ouvisse iria se sentir compelido a concordar com ela, independente do que houvesse sido falado. Ela poderia ter dito que iria envenenar a comida do rei e ainda assim iriam lhe deixar cozinhar.

As moças começaram a concordar efetivamente, movidas pela magia de uma raposa. Mas elas também tinham o desejo de agradar o rei. Saki podia compreender, afinal o homem era um senhor gentil.

— Obrigada por me darem essa chance — agradeceu Saki, curvando a cabeça com respeito.

— O que você vai fazer? — perguntou a cozinheira chefe. — Nós ajudamos.

— É um doce de banana, é muito rápido e fácil de fazer.

Que Shoyo não a matasse por ter que "ensinar" sua receita.

Saki olhou em volta, não havia estado muitas vezes na cozinha mas já sabia onde cada coisa estava. Seria muito suspeito ela saber, então fingiu.

— Bom, eu preciso de uma frigideira, bananas, açúcar, leite, manteiga e farinha de milho.

Algumas jovens foram caçar os ingredientes pedidos. Já a chefe se aproximou de Saki.

— Farinha de milho?

Saki podia entender o receio dela, já que eles não usavam essa variação de farinha em muitas receitas.

— Confie em mim, senhora.

— Minha cozinha é sua.

Então Saki começou a ditar ordens. As bananas precisavam ser totalmente amassadas. O fogo deveria ser ligado. E ela precisava de uma colher de pau.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora