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08. CONSELHO
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Não importava como Atsumu olhasse aquela situação, não havia como um príncipe ser um inferior. Ele estava atônito, completamente aturdido por aquela informação.

— Isso... Como isso.... ?

— É a verdade. Você sabe o que acontece quando duas espécies diferentes cruzam?

— Geralmente nasce uma... Aberração?

As orelhas de Atsumu se abaixaram em tristeza. Seu olhar estava baixo também.

— Isso depende — disse o príncipe. — Depende muito da espécie em questão. Quando é uma espécie Altimor, a criança vai herdar o progenitor que possuir o gene mais forte. Geralmente, sempre vai ser o da mãe. A excessão a isso são os humanos. Os genes deles conseguem equilibrar com os de qualquer Altimor, e por isso nascem os híbridos.

— Então, no caso de Sua Alteza?

— Quando dois puros-sangues tem uma cria, ela vai herdar a mãe, que sempre tem os genes mais fortes. Esse não foi o meu caso.

Atsumu ergueu os olhos e esperou Sua Alteza completar.

— Eu sou um equilíbrio perfeito entre as espécies de meus progenitores. Minha mãe, uma serpente de gelo, e meu pai, um corvo. Não tenho uma lasca deles, mas sim o total.

De repente a mente de Atsumu ficou em branco. Sua Alteza... Sua Alteza era...

— Um mestiço Atsumu — completou o príncipe, lendo sua mente novamente. — Eu sou um mestiço. Tenho duas formas animais e minha magia é muito mais diversificada e forte que a de puro-sangues comuns.

Atsumu simplesmente não tinha a mínima ideia do que dizer. Todo esse tempo, ele estava julgando um semelhante? Isso traia toda a base dos seus princípios.

— Você não precisa me dizer nada Atsumu. E também não estava errado ao me julgar. Os boatos sobre mim não são exagero. Eu sou cruel, eu torturo, eu sou frio, e eu sou sim um monstro.

— ....mas não vai me forçar.

— Jamais.

— E só quer me dar uma boa vida.

— Hm.

— E agora quer que eu lhe de uma chance... ?

Como Atsumu podia explicar que já tinha feito isso no instante em que aceitou a mão de Sua Alteza?

— Você não precisa.

— ....por favor, saia da minha mente.

— Você quem está me chamando e gritando essas coisas para mim.

Atsumu sentiu o rosto queimar. Pensar que Sua Alteza podia ouvir tudo que pensava...

Espere. Atsumu estava... Com vergonha? Sim, era vergonha. Não medo ou temor, mas vergonha. Poucos minutos de conversa foram o suficiente para mudar Atsumu assim?

— Você apenas...

— Por favor, pare.

Sua Alteza fez um som semelhante a um riso e deixou Atsumu pensar em paz.

A raposa sabia que tinha uma capacidade rápida de adaptação. Foi graças a isso que chegou tão longe em sua vida. Ele tinha vinte anos, bem mais do que a maioria dos híbridos sobrevivia. De repente, Atsumu lembrou que Akaashi tinha seiscentos e catorze. Atsumu agora tinha a chance de viver tudo isso.

Mas mesmo assim, minutos de conversa ainda estavam longe de serem o suficiente para apagar o medo de Atsumu. Ele tinha se adaptado, mas o sentimento sombrio só viria a desaparecer muito depois. Seu temor apenas foi amansado, junto a sua ansiedade.

O Reinado da Raposa (AtsuHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora