❅ 11 ❅

425 68 38
                                    

11. DOURADO
❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

A imagem do príncipe adormecido queimou nas retinas de Atsumu pelos próximos dias. A expressão calma e relaxada de alguém que tinha confiança naqueles ao seu redor. Inclusive em Atsumu.

Em seus primeiros dias aqui, Atsumu não dormiu tão bem. Tinha medo que a qualquer alguém invadiria seu quarto e o violaria em seu sono. Nunca aconteceu e gradualmente seu descanso se firmou. A raposa imaginava que, para alguém como o príncipe, envolvido na disputa pelo trono e com muitos inimigos, fosse difícil adormecer profundamente. Claro que era natural isso acontecer ao lado de seus concubinos. Mas Atsumu era um estranho se comparado a eles. E ver que Sua Alteza foi capaz de adormecer mesmo com ele por perto...

Isso fez Atsumu um pouco feliz.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

A área conjunta estava cheia de pedaços de tecido e rolos do mesmo. Todos em variações de amarelo.

— Você tem certeza que isso é uma boa ideia? — questionou um Atsumu temeroso. Tinha a impressão de que sua alma iria pular fora de seu corpo, apenas para fugir daquela bagunça.

— É claro que sim. Você vai ficar lindo.

Atsumu soltou um muxoxo.

Desde o desabafo de Oikawa, os dois se tornaram muito próximos. E claro, por ter ofendido Atsumu, Oikawa pagaria de volta. Como ele iria fazer isso? Foi decidido pelo próprio Oikawa. O coelho iria pintar o cabelo da raposa.

"Suas orelhas destoam muito do seu cabelo. Marrom e dourado? Pode até ficar bom, mas nós vamos mudar isso", era o que ele tinha dito no dia anterior. E no atual já tinha arrumado amostras de cores para descobrir qual era o tom certo do pelo de Atsumu.

Depois de mais de um ciclo sendo bem-cuidado, o pelo de sua cauda e orelhas cresceu bem e fofinho. Ele não sentia mais frio neles, nem sentia que eles cairiam a qualquer momento de tão pouco peso. Só isso o deixava alegre o bastante para manter as orelhas em pé e a cauda balançando.

— Foi ele quem fez seu cabelo, Kenma? — perguntou Atsumu.

Kenma nem largou a caneta que usava para desenhar, apenas acenou com a cabeça.

Bem, ao menos era uma confirmação de que não ficaria careca.

"Você não precisa fazer isso se não quiser", disse Sua Alteza em sua mente.

"Bem, eu apenas não vejo porquê não"

"Entendo"

Atsumu voltou sua atenção para Kenma, já que Oikawa se perdeu na pilha de rolos ao cortar quadradinhos. O puma ilustrava o ambiente em que estavam. A raposa arregalou os olhos com a beleza do desenho.

Na folha branca, cada mínimo detalhe daquele lugar foi retratado com o máximo de exatidão possível. Parecia que Kenma havia movido a imagem da vida real para o papel.

Ele suspirou de admiração.

— Ele é incrível, não é?

Atsumu ergueu a cabeça lentamente. Do outro lado de Kenma estava um cara desconhecido. Dono de um cabelo negro com um penteado estranho; tinha uma franja cobrindo cobrindo o olho direito, da qual duas marquinhas pequenas apareciam; olhos de um âmbar escuro. Depois de olhar um pouco, Atsumu percebeu que as marquinhas eram cicatrizes, encobertas pelo cabelo em sua maioria.

Mas de onde ele tinha saído?

Com uma reação muito atrasada, Atsumu se afastou, soltando um pequeno som de susto. Isso assustou Kenma, que borrou o desenho. A raposa sentiu a alma saindo do corpo.

Muito lentamente, Kenma ergueu a cabeça de sua ilustração arruinada. Primeiro, ele olhou para Atsumu, a raiva queimando em seus olhos. Depois, para o desconhecido. Ele se levantou de súbito e estapeou o cara. Com força. Com tanta força que a marca de sua mão ficou naquele rosto.

— Aiiii, Kenma — disse, massageando o rosto. — Eu passei ciclos fora e é assim que me recebe? Quanto tempo tenho que ficar fora pra receber um beijo?

Ah. Esse cara era o amante de Kenma e Akaashi.

Atsumu prontamente se afastou, temendo o momento em que a ira de Kenma recairia sobre ele. Mas não aconteceu, pois o puma se levantou com raiva e foi ao seu quarto, pisando forte e fechando a porta com força.

— O que eu fiz de errado? — perguntou o cara em voz alta.

Atsumu cheirou. Ele era uma pantera negra. Atsumu já tinha tido uma como mestre.

— Você assustou ele — respondeu a raposa. — E isso fez ele borrar o desenho.

— Você quem se assustou e assustou ele — replicou irritado. Ele parou e franziu as sobrancelhas. — Quem é você?

— Mas não é possível que o espião particular de Sua Alteza não saiba o que se passa no palácio — disse Oikawa surgindo de detrás de rolos de tecido. Ele tinha retalhos na mão e começou a comparar os tons com o do pelo das orelhas de Atsumu.

— Por qual motivo eu iria espionar minha própria casa?

— Eu faria isso se tivesse o seu poder.

— Que seja. Você não respondeu a minha pergunta, quem é ele?

— Eu me chamo Atsumu... — Mas foi só isso que ele conseguiu dizer.

— Ele é o sexto concubino de Sua Alteza — completou Oikawa.

— Sexto? Esse cargo não ia ficar para Satori?

— Satori foi reconhecido como o sobrinho de Sua Alteza — explicou Atsumu.

O queixo do amante caiu, totalmente chocado.

— Você é tão grosso — reclamou Oikawa. — Se apresente a Atsumu.

— Está bem, está bem. Eu me chamo Kuroo Tetsuro. Satisfeito, coelhinho?

— Precisa fazer isso de má vontade?

De alguma forma, parecia que Atsumu tinha caido no meio de uma guerra. Tudo que queria era fugir dali.

— Que seja, não tenho tempo a perder com você — disse Kuroo, se levantando. — Preciso achar Akaashi, matar a saudade e implorar pra ele me ajudar com Kenma.

"Esse idiota deveria se reportar a mim primeiro", falou o Quarto Príncipe na mente de Atsumu. "Pode me fazer um favor, Tsumu? Diga a esse idiota que...."

— Kuroo Tetsuro — chamou Atsumu.

— Que é?

— Sua Alteza Hinata disse que vai soltar os cachorros se você não se reportar a ele imediatamente.

A expressão arrogante de Kuroo mudou para uma de pânico.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Através dos olhos de Atsumu, Shoyo observou sua sombra tremer de pânico e desaparecer. Um instante depois, Kuroo estava ajoelhado a sua frente, a cabeça baixa em respeito.

— Eu fico feliz que priorize aqueles que ama, Kuroo — disse o príncipe. — Mas a missão que te dei é de importância máxima.

— Eu compreendo, Vossa Alteza. Isso não ira mais se repetir — jurou Kuroo em voz séria.

— Foi o que você disse da última vez.

Kuroo baixou mais a cabeça.

Shoyo suspirou internamente. A verdade era que estava descontando em Kuroo sem motivo. O príncipe conhecia aquela pantera desde seu nascimento, cuidou dele na verdade; e sabia que Kuroo era o servo em que mais poderia confiar.

— Levante-se Kuroo. — O espião o fez. — Depois que me der seu relatório quero que vá a outra missão.

— Sim, Vossa Alteza.

— A missão é a seguinte: um novo conjunto de tintas veio exportado de outro continente. A quantidade é limitada. Consiga no mínimo cinco e traga aqui.

— Tintas? — Kuroo olhou para o príncipe, a esperança enchendo seus olhos.

— Sim, tintas. Presenteie Kenma com elas e peça perdão por ter arruinado o desenho.

Kuroo sorriu, a tensão deixando seus ombros.

— Muito obrigado, Sua Alteza.

— Não me agradeça, ainda não fez seu relatório.

Uma expressão séria tomou posse de Kuroo.

— Iniciando agora o relatório. Depois de ciclos de observação eu finalmente descobri...

A temperatura na sala começou a baixar.

— Sua Alteza, descobri como conseguir a lealdade e apoio dos demônios.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Atsumu estava esgotado quando voltou ao seu quarto depois do jantar. Foi um dia inteiro procurando com Oikawa o tom certo de amarelo. Até em variantes laranjas eles caçaram. Mas nada. Nenhum conseguiu atingir o tom do pelo de Atsumu. Eles procurariam mais amanhã.

Em cima da cama de Atsumu, estava um potinho de doces, uma flor de gelo e mais um desenho. A raposa nem sentiu o sorriso no rosto, mas estava lá.

Atsumu estendeu a mão e pegou a flor. Ele a girou entre os dedos, vendo as pétalas se abrirem e tomarem cor. Não reconheceu a espécie, mas parecia um lírio com apenas três pétalas bem largas. Um tom dourado suave apareceu.

Exatamente o mesmo tom do pelo de Atsumu.

Atsumu tocou uma das pétalas com a ponta do nariz, desejando ser capaz de sentir o cheiro. Depois a colocou na estante. Todos os dias haveria novas flores, doces e desenhos, deixados por Sua Alteza. Por isso Atsumu pediu por uma estante na parede, onde colocava as flores em pedestais apropriados. Depois de admirar mais um pouco, ele voltou a cama.

Enquanto comia os novos doces, tentou decifrar o novo desenho. Em nenhum momento parou de sorrir.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Shoyo sentiu o rosto ficar cada vez mais gelado[1].

Ele massageou o peito, pedindo a seu coração que se acalmasse. Mas ao lembrar da cena de sua raposinha encostando o nariz na flor o órgão acelerava como se fosse sair do peito. Ele respirou fundo, mas espirrou ao fazer isso.

— Malditas flores — reclamou ao coçar o nariz.

Ele ajeitou o buquê pequeno e deixou no canto mais afastado de seu quarto. Amanhã, disse a si mesmo. Amanhã deixaria as flores no quarto de Atsumu, antes de sua raposinha acordar. Pelo menos teria um motivo para assistir ele dormindo, pelo menos um pouco.

E também poderia inspirar o cheiro de mel da raposa.

— Ahh, eu quero beijá-lo.

Shoyo tocou os próprios lábios com a ponta dos dedos, imaginando e desejando, os olhos brilhando com anseio.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Perdido em pensamentos, Atsumu levantou a mão para coçar a cabeça, recebeu um tapa leve antes de atingir seu objetivo.

— Não toque — disse Oikawa. — A menos que queira ficar com os dedos das mãos grudados.

— Eu não tinha ideia que seiva de árvore podia ser usada para pintar o cabelo.

Quando Atsumu acordou naquela manhã, haviam flores em seu travesseiro, junto a um bilhete avisando que eram para pintar o cabelo. Claro que eram de Sua Alteza. A raposa ficou feliz com o presente, mas triste que as flores tiveram que ser destruídas.

E também havia outra coisa pesando em sua mente.

Era o estranho olhar que Oikawa fez quando Atsumu contou sobre as flores. Tinha sido um misto de surpresa e descrença, que ficou gravado em sua mente. Ainda não tinha tido coragem de perguntar sobre.

— Olha, se está triste por causa das flores, pode só pedir mais para Sua Alteza — começou Oikawa. — Tenho certeza que ele lhe daria.

— O que?

— As flores. Peça...

— Não, essa parte eu entendi. Mas por que diz isso?

— Você não está triste por causa das flores?

Atsumu ficou sem saber o que responder. Ele era mesmo tão transparente assim?

— Então é isso mesmo — continuou Oikawa. — Sério, Atsumu, apenas peça a ele. Não vai ser negado.

— Não quero incomodar.

Oikawa teve a vontade de dizer que Sua Alteza queria ser incomodado, mas se conteve.

— Certo então. Terminei de passar o produto, agora só precisamos esperar.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Duas horas depois, Atsumu e Oikawa entraram nos banhos conjuntos para lavar o cabelo da raposa. Esta seguia o coelho de perto, já que estava na forma totalmente humana.

Sua visão continuava tão ruim quanto antes, além do fato de se tornar pior devido ao vapor. Começou a suar rapidamente, o que aumentou a vontade de coçar a cabeça.

— Eu vou ir pegar alguns produtos — disse Oikawa já se afastando.

Atsumu nem teve tempo de falar algo antes do coelho se tornar uma mancha. E agora? O que devia fazer? A falta de visão o estava deixando louco. Talvez... Talvez ele pudesse mudar só um pouquinho. Só pra não se sentir tão desesperado.

E assim fez. No instante em que mudou para a forma híbrida, Atsumu ouviu um som estranho ao longe. Pequeno e entrecortado.

Estava seguindo isso antes que pudesse se controlar. Sabia lá no fundo que não deveria. Mas ainda o fez. Conforme ele caminhava, o vapor se tornava mais forte; ao ponto de seu suor pingar no chão. O som se tornou mais alto, estava logo ali.

Atsumu ficou atrás de uma das estranhas plantas vermelhas daquele lugar; tinham um tronco e galhos finos, com folhas largas como papel que emanavam calor; teve a impressão de que não seria uma boa ideia tocar nelas. Usando a árvore como escudo, ele espiou.

Seus olhos se arregalaram ao reconhecer quem estava ali. O cabelo ruivo estava molhado e arrumado para trás, revelando mais o rosto belo. O tronco desnudo era perfeitamente moldado e definido. E a outra pessoa...

Era Kageyama, ajoelhado a frente de Sua Alteza e lhe tomando na boca.

Algo se revirou dentro de Atsumu. Já tinha visto Sua Alteza e os outros concubinos trocando beijos e carinhos, mas aquilo era diferente. Aquilo era puramente sexual. Aquilo... Aquilo era o dever de um concubino.

O dever de Atsumu.

Ele observou, começando a tremer, Kageyama se abaixar mais, tentando tomar Sua Alteza inteiro na boca. Mas logo ele se afastou, tossindo.

— Eu lhe disse para não se forçar, não disse?

A voz do príncipe flutuou até Atsumu. Sua Alteza fez carinho em Kageyama.

— Eu devo ser capaz de satisfazer Sua Alteza — declarou o lobo, ainda tossindo. — Kenma é mais novo que eu e consegue.

— Kenma tem mais dois amantes além de mim. E você me satisfaz, Kageyama.

— Mas não consigo ir até o final.

— Não precisa ir. O modo como você faz é muito bom também. Se forçar vai apenas te machucar, e eu não quero isso.

Sua Alteza se inclinou e beijou Kageyama.

— Se você entende, então não se force — continuou o príncipe. — Agora venha aqui, eu quero terminar dentro de você.

Quando Kageyama se levantou e montou os quadris de Sua Alteza, Atsumu desviou o olhar e se afastou.

Sentimentos conflitantes borbulhavam dentro de Atsumu. Sabia que não podia ter assistido aquela cena, ao mesmo tempo em que era grato por ela.

O lado sexual de Sua Alteza era um que não conhecia e temia. Todos os puros-sangues que já lhe foderam foram implacáveis no sexo. Não importava o quanto a raposa pedia por piedade ou misericórdia, o quanto chorasse de dor, sangrasse ou vomitasse, eles nunca parariam; mesmo se desmaiasse até.

Atsumu estava achando que poderia ser o caso de Sua Alteza. Afinal, não importa o quanto alguém seja gentil, todos mudam quando o assunto é satisfazer seus próprios desejos.

Mas a cena de agora há pouco mudou essa ideia na mente de Atsumu. O príncipe tinha sido totalmente atencioso com Kageyama. E parecia que o lobo realmente estava disposto a dar prazer a Sua Alteza, e Sua Alteza ao lobo.

Totalmente diferente de como era na escravidão.

Isso colocou um sorriso no rosto de Atsumu.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Mini extra:

Shoyo: Odeio flores.

Atsumu pensando que gostaria de sentir o cheiro das flores.

Shoyo: Talvez eu possa conseguir algumas.

Mini extra 2:

Atsumu: Eu não deveria ter visto isso.

Shoyo: Deveria sim.

Atsumu: Mas estou feliz, espero que Sua Alteza me trate da mesma forma no futuro.

Shoyo: Foi tudo friamente planejado e calculado pra você ver essa cena, acha mesmo que não vou te tratar até melhor do que isso?

Mini extra 3:

Kuroo: Consegui, o Kenma me perdoou.

Oikawa: Ninguém liga.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅


[1] caso alguém não lembre, o Shoyo é uma serpente de gelo e um corvo. A temperatura do corpo dele é naturalmente gelada, mas devido aos genes misturados o sangue dele tem um tom de roxo escuro. Ou seja, ele não fica "vermelho" e sim "roxo/lilás" se ficar com vergonha (se por algum milagre isso acontecer) ou com raiva. E claro que o sangue dele é muito gelado.

Apenas achei melhor explicar isso agora.

❅ •• ┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈ •• ❅

Ei, como estão?

Finalmente temos a nossa raposinha loira, a propósito, aqui tem uma arte dele que é perfeita.

https://twitter.com/10_te_n/status/1536006653921083392?t=r-ev0MVMYG7pS7TjoZFfEw&s=19

Mas a cauda do Tsumu é maior que isso. 

Vou postar o link no meu perfil pra vocês.  

E o Kuroo também apareceu. E fomos agraciados com um ponto de vista do Shoyo. Falando nele, sei que vai ter no mínimo uma pessoa julgando ele pela cena com o Kageyama. E sim, ele manipulou tudo pro Atsumu ver. Ele precisava que o Tsumu percebesse que ele não é um monstro no sexo e que, caso um dia eles façam, o Tsumu não precisa ter medo de ser machucado ou forçado. E o Tsumu não ia acreditar somente nas palavras do Nana. Tirando isso, demônios hmm. O que será que o Nana tá aprontando?

Mas então, o que acharam do capítulo? Me contém tudo. Amo ouvir (ler, no caso) as opiniões e teorias de vocês.

Adoro vocês, até o próximo. 

Ps: passamos das 400 leituras e chegamos aos 100 votos. Muito obrigada 😭❤❤❤

O Reinado da Raposa (AtsuHina)حيث تعيش القصص. اكتشف الآن