Doze

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Na tarde do dia seguinte Marília foi até a escola buscar a filha, era rara as vezes que conseguia pega-la na escola. A menina sempre ia e voltava de van, e quando Milly viu a mãe a esperando sorriu largamente se despedindo das amigas e correu até a mais velha.

- Mamãe, por que não me disse que viria? - Disse Milena depois de receber um beijo e um abraço da mais velha.

- Porque eu queria te fazer uma surpresa. Vamos? - Chamou guiando a filha até o carro. Mas parou assim que escutou a voz de Theodora a chamando.

Theo que estava de mãos dadas com uma amiga parou próxima a madrasta.

- Oi, Lila. Bom te ver, você não apareceu mais em casa

- Oi Theo - Sorriu Mendonça dando um rápido abraço na menina - Desculpa, estou na correria com trabalho, mas prometo fazer uma visita em breve - Piscou

Milena se manteve quieta ao lado da mãe. Seus olhos se mantinham fixos nas mãos de Theo e Anne (amiga da moreninha).

- Mamãe e eu ficaremos felizes em te receber em casa. Você também Milena - Se dirigiu a mais nova que sorriu forçado - Eu preciso ir, o pai da Anne chegou. Tchau.

- Tchau querida - Se despediu vendo a menina entrar no carro prata um pouco a frente.

Marília e a filha logo entraram no carro indo direto para a casa. Contaria para Milena na hora do almoço, e achou por melhor contar sozinha para a menina. Não sabia qual seria a reação da menina, poderia se esperar de tudo.

Estacionou o carro na garagem do prédio, e pegaram o elevador enquanto a menina contava da aula de matemática. Sua matéria preferida. Sempre amou cálculos, e era boa com os números desde muito nova.

Enquanto a menina foi lavar a mão e se trocar para comer, Lila aproveitou para mandar uma mensagem pra namorada avisando que contaria para a filha.

Sentadas uma de frente para a outra na mesa, Mendonça respirou fundo buscando coragem.

- Milly eu tenho uma coisa para te contar - Começou ganhando a atenção da menina. - Desde que sua Mama faleceu, eu não tenho me envolvido com mais ninguém, pois ninguém conseguia me fazer sentir bem como ela fazia. Mas agora eu tenho uma pessoa que me faz feliz assim como ela me fez um dia. E eu quero muito, muito mesmo ser feliz com essa pessoa.

A mais nova deixou os talheres de lado. E com a cabeça baixa disse:

- Essa pessoa é a Maraísa né?

- Sim, ela é essa pessoa. Ela me pediu em namoro, e eu queria muito que você aceitasse ela em nossas vidas filha.

- Eu gosto dela, só que...não quero que a Mama ache que à esquecemos, ou que estamos a trocando - Murmurou chorosa

Marília assentiu compreendendo o raciocínio da filha. Milena era uma adolescente muito sensível, estava sempre pensando no que as mães iriam pensar antes de fazer qualquer coisa. E a morte da outra mãe a deixou ainda mais sensível e afastada de pessoas de sua idade.

- Meu amor, sua mãe jamais pensaria isso. Ela sempre será a sua mãe, independente de quem entre em nossa vidas. A Ísa não esta aqui para tomar o lugar dela no meu coração e no seu, Tony sempre terá o seu lugar, e a Ísa o dela. Elas são pessoas diferentes em épocas e momentos diferentes em nossas vidas. Entende?

- Sim... Eu quero te ver feliz, mas tudo isso é tão novo, e estranho... E tem a Theo - A menina revirou os olhos fazendo a mãe rir - Eu aguentarei essa barra por você mamãe.

Marília sorriu, e deu a volta na mesa abraçando a filha. E uma hora depois de limpar a cozinha sentiu os olhos arderem ao entrar no quarto de Milena, e encontrar a menina dormindo abraçada com uma foto em família, e o rosto molhado de lágrimas.

RecomeçoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant