Vinte e dois

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                          Marília

A minha viagem em Boston tinha sido ótima de várias maneiras. As palestras, e cirurgias tinham dado certo. E também tinha as amizades que criei por lá, e quando digo amizade, também inclui Luiza Martins. Como posso explicar a pessoa que é essa mulher incrível, isso incrível. Em poucos dias criamos uma amizade. Assim como eu, ela também é cirurgiã.

Uma semana de amizade parece anos, e meio que rolou muitos flertes entre nós. Era tão natural, que eu mesma nem percebia. E ter esse lance todo de paquera, me fez sentir mais empolgada. Não passou nada além disso entre a gente. Eram apenas flertes. Mas eu me sinto como se tivesse errada, por ter a Máh. Mas quando estava lá, envolvida na conversa, a culpa não me atingia, mas agora tendo o seu corpo agarrado ao meu me sinto muito errada.

Doeu em mim ter que negar sexo para Máh na noite passada, mas eu não podia, não com esse pensamento de culpa dentro de mim. Claro que eu queria fazer amor com ela, deixar ela dominar o meu corpo, e matar a saudade de seu corpo quente, mas não sem antes conversar.

- Você tem que parar de me olhar assim - Sua voz sonolenta me desperta dos pensamentos

- Bom dia! - Deixo um demorado selinho em seus lábios

Seus dedos fazem um carinho na maça de meu rosto. O sorriso em seus lábios aquece meu corpo. E quando percebo já estou sorrindo

- Hum, eu amo esse sorriso - Diz selando nossos lábios

Enquanto nos beijamos suas mãos percorrem por meu corpo. Sua mão puxa minha perna para cima de seu quadril, e sua perna pressiona minha intimidade me fazendo soltar um gemido. Fecho os olhos sentindo o meu corpo queimar.

- Senti tanta saudade desse seu cheiro - Seu nariz passava pela extensão de meu pescoço

Jogo a cabeça para trás, dando a ela mais acesso. Sua boca intercala entre chupar e beijar minha pele. Nossos corpos se movem em sincronia, e eu tento não pensar em nada.

[...] - Marília Mendonça. Belo nome. É bonito assim como você - Luiza sorri enquanto leva o copo até os lábios

- Obrigado - Sorrio sem jeito

O lugar mal iluminado parece ser uma ótima opção para olhar, enquanto escondo as minhas bochechas ruborizadas. Luiza me conta sobre as suas divertidas noites em pubs de Boston. Me acabo de rir com algumas histórias engraçadas. Luiza é uma mulher linda e atraente, não é atoa que tinha muitas mulheres capaz de fazer "coisas" para sair com ela.

- Fique bem claro que eu sairia facilmente com você - A morena me dá uma piscadela

- E eu não recusaria - Sorrio de lado

Conversa vai, e conversa vem. Eu já estava me sentindo alta pela quantia de bebida alcoólica ingerida por mim. Então estava na hora de voltar para o hotel. Luiza, assim como eu esperava o seu uber chegar ao lado de fora do pub.

- Por mim iríamos no mesmo carro, e você dormiria na minha casa - A mulher acende um cigarro - De preferência na minha cama

Solto uma risada contida. Meus braços estão cruzados abaixo de meus seios, em uma tentativa de me proteger do vento frio da madrugada.

- Oferta tentadora, Srta Martins. Mas não posso, tenho alguém em Seattle

- Não sou ciumenta, eu já te disse isso

A maneira que a fumaça branca sai de seus lábios é sexy, e muito, muito provocativo. A sobrancelha levantada, e um sorriso sedutor nos lábios me fazem morder o canto da bochecha.

- O meu uber chegou - Aponto para o carro do outro lado da rua

- Nos vemos amanhã?

- Sim. Amanhã será mais corrido, mas darei um jeito - Digo.

Luiza envolve o meu corpo em um abraço apertado. O seu cheiro amadeirado invade minhas narinas. O abraço quente demora um pouco mais que o necessário, e quando nos afastamos, ela olha para os meus lábios. Seu rosto está perto demais do meu. Seus lábios gelados se encostam em minha bochecha fazendo os meus olhos se fecharem.

- Tchau, loirinha [...]

Seguro seu rosto entre as mãos fazendo a morena me olhar. Eu tento dizer alguma coisa, mais nada sai de meus lábios

- Está tudo bem? - Com a voz preocupada me pergunta. Apenas aceno positivo, e ela sela nossos lábios em um beijo cheio de luxúria

E o nosso momento é interrompido por uma voz muito bem conhecida por nós.

- Eca! - Exclama Theo com as mãos nos olhos - Gente tem quarto tá bom?!

Rindo a morena mãe, sai de cima de mim. Eu ajeito minha camiseta levantada

- Não voltaria pra casa apenas na parte da tarde? - Minha namorada ajeita o cabelo e abraça a filha

- Sim. É que estou com um pouco de dor - Vendo a cara assustada da mãe Theo continua - Apenas cólica mamãe

Vejo Máh respirar aliviada. Desde o acidente da escola, Máh tem se preocupado o dobro com a menina, e eu não a julgo por isso. Theodora tem marcas pelo corpo que a lembram do ocorrido.

- Vou preparar o café - Pereira caminha para fora da sala. Theo beija rapidamente minha bochecha e vai atrás da mãe em uma conversa sobre um show que vai ter

Suas vozes estão um pouco distantes. Passo a mão no rosto e me jogo de costas no sofá.

- Você precisa conversar com ela, Marília - Murmurou perdida.

RecomeçoWhere stories live. Discover now