Trinta e cinco

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Maraísa

Depois que Milena desceu, eu pude comer mais tranquila depois de saber que Theodora estava bem, e que a mesma não estava mais brava. Logo em seguida pedi licença para as meninas e subi para conversar com a menor.

Passamos alguns minutos ali sentadas. Theodora me contou tudo, principalmente o por quê de sua chateação. Claro que eu também deixei minha opinião. E falei que já tive a sua idade, e como toda mãe, eu contei um pouquinho de minha experiência nessa fase

Theodora, se acabava de rir como sempre quando eu contava de meu passado. Por fim descemos, mas deixei claro que ela estava de castigo, e durante uma semana seria de casa para escola, e da escola pra casa. E sem receber visitas de seus amigos.

O frio estava intenso, e a chuva caindo do lado de fora estava forte. Acendemos a lareira da sala, e nos enrolamos nas mantas grossas enquanto assistíamos um filme. A sala estava toda escura sendo iluminada apenas pelo fogo - Vindo da lareira - E da pouca luz da tv.

No dia seguinte a rotina foi praticamente a mesma. A diferença do dia anterior, não houve o desentendimento das meninas na cozinha, graças aos deuses, e aproveitamos a vibe de paz para dar finalmente a notícia. Como o esperado Theo reagiu super bem, e com Milly não foi diferente... A sua única preocupação foi se ela poderia colocar fotos de sua momy - Tony - em seu quarto, claro que por mim estava ok, e disse que aquele seria o seu espaço e ela poderia deixar tudo do seu jeito.

Ter Theo na TPM na primeira semana delas morando em casa estava sendo uma batalha. Theodora queria minha atenção o tempo todo, e virava uma menina mimada, e tinha noites que dormia depois que conversávamos. Depois que sua TPM passou, tudo voltou ao normal. Éramos uma casa com cinco mulheres, então toda semana teremos alguém na TPM.

Marília e eu voltamos a trabalhar. E Simone já tinha conseguido uma colega de quarto. E para entrar uma grana extra, a morena estava alugando a casinha - Que eu e Lila tivemos o nosso primeiro encontro - para turistas que vinham visitar a cidade. Ela até cogitou a idéia de morar lá, mas era muito fora de mão, e vender eram zero chances, já que é a única lembrança que tem do falecido avô que construiu.

Eu e minha querida namorada estávamos mais que bem, estávamos ótimas. Segundo nossos amigos parecíamos um casal que acabou de voltar da lua de mel.

Estávamos conseguindo levar bem a situação. Passamos a frequentar barzinhos com amigos, saímos para dançar, e continuamos a ter nossos momentos de lazer com as meninas.

Eu e Marcela continuamos com a nossa amizade, mas com limites. E Mendonça continua com as suas amizades de Boston e as meninas do outro setor. Existe confiança entre a gente, e quando algo nos incomoda, sentamos e conversamos. Nada que um bom diálogo não resolva.

Marília hoje estava linda, até aí nenhuma novidade. A loira tem uma palestra para dar aqui no hospital para alguns estudantes de medicina. Infelizmente eu não conseguiria assistir, pois tenho uma longa cirurgia marcada para esse horário.

Parada enquanto respondo algumas mensagens de Luisa, escuto a porta do elevador se abrir. Sem ao menos olhar para frente, eu entro, e automaticamente ergo os meus olhos ao sentir o irreconhecível cheiro da minha namorada.

- Dra Mendonça, devo lhe dizer que você está linda - Digo formalmente parada ao seu lado

- Obrigado, Dra Pereira. Você não é a primeira pessoa que diz isso, minha namorada também disse, aliás toda vez que ela me encontra pelo hospital ela diz

Acabo soltando uma risadinha. E entro no seu jogo

- Ela é uma mulher de muito bom gosto, e sortuda por ter uma namorada como você

- Eu acho que as duas são sortudas - Diz rodeando seus braços em volta de minha cintura. Eu passo o braço por volta de seu pescoço colando mais os nossos corpos

- Com certeza, as duas são. Vocês devem ser o casal perfeito - Brinco beijando o topo de sua cabeça

Eu logo chego ao meu andar, e se soltar de Mendonça se torna difícil. Beijo rapidamente os seus lábios, e sorrio lhe desejando boa sorte enquanto as portas se fecham.

[...]

Passei as últimas oito horas na sala de cirurgia. O procedimento tinha dado certo, e agora era só acompanhar a recuperação de minha paciente gestante, e em dois meses poder trazer o seu bebê ao mundo saudável.

Com um copo extra grande de café, ando até a recepção apenas para assinar um documento, e cumprimentar Maiara que está de saído com Maxwell dormindo em seus braços. Eu sei que não estava sendo fácil para a latina cuidar do bebê sozinha nesse meio tempo, e era por isso que eu e Marília estávamos sempre a ajudando, principalmente quando a ruiva estava de plantão durante à noite, e nós não.

Me lembro de como era difícil com Theo no início, eu sempre fui mãe solteira, e não achava uma boa idéia deixar a minha filha com uma estranha. Até que Noemy entrou em nossas vidas, e começou a me ajudar com a menor.

- Já está indo pra casa? - Pergunto depois de beijar a cabecinha do bebê adormecido

- Sim, eu preciso de um banho e cama. A tia da creche disse que ele brincou o dia todo, e dormiu apenas agora, então tudo indica que ele será um bom menino

- Ele será um anjinho como sempre. Vá pra casa e descanse, amiga, você merece - Beijo sua bochecha.

Vejo Maiara sumir do meu campo de vista. Deixo o copo em cima da bancada, quando a enfermeira atrás do balcão me entrega o prontuário para assinar.

- Boa noite! Gostaria de saber onde fica a sala do chefe Soares, ele está me esperando - Uma voz feminina diz para a recepcionista.

- A Srta é? - Pergunta a outra

- Luiza. Luiza Martins. Chefe da neuro do hospital de Boston

Quando escuto aquele nome ergo rapidamente a minha cabeça. Luiza? Luiza Martins, a amiga da Marília? Eu nunca tinha a visto antes e nem fazia questão de ver. E não posso negar que ela é linda.

RecomeçoWhere stories live. Discover now