Quarenta e cinco

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Maraísa

O pedido de casamento tinha saído melhor que eu imaginava. Ver Marília chorar de alegria, e dizer sim me fez a mulher mais feliz do mundo.

Estamos seguindo com os preparativos. Apesar de não querermos nada muito grande, apenas uma comemoração entre família e amigos, tudo demanda muito trabalho. E as meninas estão muito empolgadas e empenhadas em nos ajudar, e deixamos claro a elas que não queremos que elas se dediquem menos a escola por isso.

E em falar nelas, a "paquera" entre elas continua rolando. Parece que esse crush que elas tem uma pela outra é algo bem sério, diferente do que Marília esperava.

Aproveitando o meu dia de folga, e sozinha em casa, aproveito para escolher alguns cartões para o convite do casamento. O que se torna algo impossível, já que de hora em hora tenho que me levantar para vomitar.

E eu pensando que aproveitaria minha folga. Bendita hora para se ter uma virose.

Com a mão na boca, corri até o banheiro de visitas soltando todo o meu almoço. Assim que terminei, escovei os dentes e voltei pro meu sofá.

- Boa tarde, minha querida - Disse Noemy entrando em casa

- Boa tarde, Noemy

A mais velha deixa um beijo em minha testa e se senta ao meu lado. Noto a sacola da padaria do bairro em seu colo, e sorrio ao imaginar o que tem lá dentro.

- Trouxe o seu bolo favorito - A mulher tira o pedaço de bolo de nozes com doce de leite de dentro.

Diferente das vezes que via esse bolo em minha frente, que fazia minha boca salivar, dessa vez ele me causa outra reação. Enjôo. Meu ato é correr de volta para o banheiro, e me debruçar sobre o vaso sanitário.

Sinto a mão de Noemy em minhas costas, enquanto a outra segura o meu cabelo.

- Você não acha melhor ir ao médico?

- É só uma virose - Digo depois de recuperada.

[...]

No dia seguinte o enjôo continuou. Eu tentei convencer Lila, e Noemy que eu estava bem, mas as duas não acreditaram nadinha. O que resultou a minha vinda ao hospital. Milena e Theodora vieram com a gente, ambas estavam preocupadas comigo, e não queriam me deixar sozinha um segundo se quer.

Eu estava deitada na maca, enquanto todas estavam paradas me olhando, como se estivesse esperando os exames que declarasse minha morte.

- Não precisam ficar com essas caras, é só uma virose - Falei sorrindo. Mas no fundo eu estava preocupada, a Dra Sydney estava demorando depois de ter feito vários exames.

A Dra logo entrou no quarto, chamando nossa atenção.

- Acabei de pegar o seu exame de sangue - A mulher diz, sua expressão tranquila me passa segurança - Maraísa, quando foi a sua última menstruação?

- A poucos dias atrás

- Isso é normal. Bom, você tem tentado engravidar nos últimos dias certo?

- Sim - Não entendo aonde ela quer chegar com essas perguntas - Mas eu acabei tendo alguns abortos, e na última tentativa não deu certo

- Senti um nó se formar em minha garganta ao me lembrar disso. Marília entrelaça nossos dedos e sorri fechado.

- E quando foi isso?

- Dois, quase três meses atrás. Porque?

- Parabéns, você será mamãe de novo. Você está de dezesseis semanas de gestação.

Sinto minhas mãos tremerem, e meus olhos se encherem de lágrimas. Eu não consigo dizer nada. Nenhum som saí de meus lábios

- Mais como assim? - Pergunta Marília emocionada - A médica disse que não tinha dado certo

- É um milagre então. Aqui estão os exames. Vou dar um minuto para vocês comemorarem esse momento, pois acredito que estão felizes com a notícia certo?

- Claro, e muito - Digo por fim

Assim que a Dra saí, as meninas se aproximam. E acreditem, elas também estão chorando. A nossa família finalmente irá aumentar, e eu só tenho a agradecer por isso.

O nosso pequeno milagre está a caminho.

Fimm!!

RecomeçoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant