Quarenta e três

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Maraísa

O dia de ontem tinha sido um longo, e cansativo dia. Para a minha surpresa, minha namorada tinha percebido os olhares de nossas meninas. E ela não estava nada feliz com isso, e esperava que fosse apenas um crush momentâneo. Passou horas conversando com as meninas, o que foi um tanto engraçado. Quem visse pensaria que as meninas estavam pensando em se casarem - Como Theo mesma me disse - Mas as meninas escutaram tudo com paciência. E Milena deixava umas lágrimas rolar as vezes, a loirinha tinha acordado triste, dizendo estar com saudades de sua Momy.

E hoje pela manhã, quando percebi que Lila estava mais calma, aproveitei para abordar o assunto filho. De início ela ficou pensativa, quieta. O que me preocupou muito. Mas quando ela disse:

- Na nossa idade, será mais difícil, e é um grande passo, amor. Eu não tenho dúvida que quero passar o resto da minha vida ao seu lado, mas é um bebê. Você tem certeza disso?

- Sim... Eu quero muito ter um bebê com você. - Entrelaço nossos dedos, e beijo os nós - Eu também não tenho dúvidas do grande amor que sinto por você. E está em meus planos passarmos a vida juntas, até ficarmos velhinhas

- Não falta muitos anos para isso - Brinca me fazendo sorrir - Então vamos fazer isso. Vamos ter um bebê

O sorriso que surge em meus lábios é gigante, que até dói minhas bochechas. Me levanto da poltrona do canto do quarto e beijo os seus lábios, e depois seu rosto todo. O que faz a minha loira rir.

Agora era só dar os próximos passos.

[...]

Ter a casa cheia me deixava feliz. Enfim tinha chegado o tão esperado dia 28 de dezembro.

Depois de uma refeição farta, e regada de muitos agradecimentos, todos se interagiam pela casa. Luisa que amamentava Max estava sentada no sofá, e ao seu lado Noemy, as duas conversavam, enquanto Theo passava os dedos nos cabelos crespos do bebê, com os seus olhos brilhando.

Marcela, Yalla, e Murilo riam de alguma coisa. Maiara, e Simone conversavam próximas a cozinha, enquanto Milena conversa com os avós por skype. E eu apenas observava todos tão felizes.

- Posso saber o motivo desse lindo sorriso - Marília me abraça de lado e beija meu pescoço

- Só estou feliz em ver todos assim, tão felizes, e interagindo - Sorrio

- Desde que Tony faleceu, Milena e eu temos passado a ação de graças apenas nós duas. E eu confesso que não tinha a menor vontade de comemorar essa data - A loira se encosta na bancada, e eu me acomodo entre suas pernas

- Eu não tinha nada para agradecer. Mas esse ano tudo mudou, eu tenho coisas de mais para agradecer. E a principal delas, é por ter você e Milly em nossas vidas. Quando nos conhecemos, tudo voltou a ter sentido. Então, eu sou grata por ter você como minha namorada

Não penso duas vezes em tomar os seus lábios aos meus. O beijo é lento, minha língua explora cada canto de sua boca. Meu estômago se enche de borboletas, como se nos beijassemos pela primeira vez.

Todos os dias eu me apaixonava pela mesma mulher. Por cada traço seu. Cada imperfeição, e perfeição suas. Eu a amava com todas as minhas forças.

E o ano novo não tardou a chegar. Diferente da ação de graças, passamos longe dos meus amigos. Noemy foi para a casa de sua família, enquanto Marília, eu e as meninas fomos para Nova York. A amiga/comadre de minha namorada nos convidou para passarmos a virada do ano lá. No dia 2 de Janeiro, Milena ficou com os seus avós Vicent's e dois dias depois voltamos para Seattle, para a correria do dia a dia.

Dia 02 de fevereiro comecei a fazer o tratamento para tentarmos engravidar. Cheguei a fazer todo o procedimento, mas infelizmente sofri um aborto espontâneo com poucas semanas de gestação. Foi um momento difícil, e Marília esteve o tempo todo ao meu lado, e com toda paciência do mundo. Algumas semanas depois tentamos de novo, e estávamos esperançosas, mas não consegui mais uma vez. E em última tentativa falhei mais uma vez. Eu estava esgotada fisicamente e emocionalmente. Mendonça infelizmente não podia engravidar, e ela se sentia mal por isso, mas ela não tinha culpa de nada. Nenhuma de nós tínhamos na verdade

Chegamos até pensar em adotar uma criança, mas ainda estamos machucadas. Precisamos estar cem por cento para tal ato. As meninas estavam sempre ao nosso lado, elas eram as mais fortes de nós. Mesmo seus olhinhos demonstrarem cansaços.

O que nos mantém em pé, é o amor que temos uma pela a outra. É a união que existe dentro de nossa família.

Família, é nunca abandonar ou esquecer.

RecomeçoWhere stories live. Discover now