Trinta e seis

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Marília

Apesar do nervosismo de sempre, eu consegui dar a palestra para milhares de estudantes. Alguns deles até vieram falar comigo, fiquei feliz ao perceber que a maioria deles tinham o apoio de seus pais, e a maioria eram jovens, que já amam a medicina.

Depois de guardar tudo dentro de minha bolsa, digito uma mensagem para Maraísa, porém a morena não me responde. Ligo, e nada

- Talvez ela esteja ocupada - Penso jogando o celular no fundo da bolsa

Enquanto caminho até a recepção, cumprimento alguns colegas de trabalho. Ao longe veio a figura da minha querida namorada encostada na bancada da recepção, e ao seu lado uma figura muito bem conhecida por mim.

Luiza Martins.

O quê ela está fazendo aqui? Ela não me disse que estava na cidade. Caminho a passos largos até as duas. Não que eu esteja com medo de Luiza dizer alguma coisa, afinal nunca rolou nada entre a gente além dos flertes, e alguns toques. Mas eu sei o quanto, Máh, não gosta dessa minha amiga.

- Hey! - Digo assim que me aproximo, chamando a atenção de ambas

- Lila - Luiza me envolve em um abraço demorado.

- Porque não me contou que viria para Seattle? - Pergunto assim que saio de seus braços

- Queria te fazer uma surpresa - Sorri

- Realmente fiquei surpresa - Sorrio fechado - Amor, estava te ligando - Me viro para a morena.

Com as pontas dos dedos faço um carinho em seu rosto, e selo nossos lábios em um selinho.

- Meu celular ficou no meu armário - Explica.

- Entendi. Luiza, essa é Maraísa minha namorada, e Máh, essa é Luiza minha amiga

- Então você é a famosa, Maraísa. Prazer em conhecê-la - Luiza estende a mão, e Máh faz o mesmo

O simples aperto de mão é rápido, e Maraísa nada diz apenas sorri amarelo para a morena em sua frente. O clima fica estranho entre elas, e Luiza começa a lembrar dos nossos passeios por Boston. Máh parece incomodada com a situação, e graças a recepcionista do outro lado do balcão, Luiza se despede ao ser autorizada a ir até a sala do chefe.

- Não gostei muito dela não - Diz a morena torcendo o nariz

- Eu sei disso, sua cara emburrada te entrega - Beijo a ponta de seu nariz - Eu vou indo pra casa. Quer que eu venha te buscar amanhã?

- Não precisa, amor, eu pego um uber. De um beijo nas meninas por mim

- Pode deixar que eu darei. Te amo! - A abraço sentindo o seu cheiro

- Também amo você - Deixo um rápido beijo em seus lábios e sorrio.

Eu tinha sobrevivido ao primeiro encontro de Luiza, com Maraísa.

[...]

- Maraísa, nós só vamos sair - Falei pela terceira vez em frente ao espelho do banheiro

A morena estava deitada na cama, enquanto me olhava retirando alguns pelos das sobrancelhas. Maraísa, tinha um imenso bico nos lábios, e com aquele olhar sexy por trás do óculos de grau

- Eu vou tomar alguma coisa com a minha amiga, e pronto, nada além disso. Eu te chamei para ir junto, e você não quer ir

- Mas ela gosta de você. E eu passei quatorze horas em pé fazendo uma cirurgia, meu corpo está doendo

Suspiro deixando a pinça de lado. Depois da surpresa de ontem, Luiza me chamou para sair, apenas beber alguma coisa. Eu aceitei, ela era uma amiga que a meses não via, e ficaria apenas três noites em Seattle, não vi problema nisso. Convidei a morena que nem pensou duas vezes ao recusar. Ela realmente não tinha ido com a cara de Luiza.

Me sento na beira da cama, ficando frente a frente com a mesma.

- Se você quer que eu diga que não vou mais, eu não vou dizer, pois não é certo isso que você está fazendo. Eu entendo que você não goste dela, mas ela é minha amiga. Apenas confie em mim. Eu não gosto da Marcela, e nem por isso te privo de sair com ela

Ela suspira me olhando, mas não diz nada.

- Apenas confie em mim. Assim como eu confio em você

- Eu não gosto dessa mulher - A mesma retira o óculos do rosto

- Estou tentando ser legal. Olha só, você fudeu com a sua amiga, e nem por isso eu fico com um pé atrás quando saem juntas. Eu só peço que seja mais compreensível, e confie em mim como você diz confiar.

- É só você ir Marília, não estou te impedindo de sair - Dá de ombros

Maraísa, na TPM era um porre. Você pode falar, e falar que ela não te escuta. Só quer ver o lado dela, e o resto que se foda.

Claro que eu me arrumei, para poder sair. Maraísa ficou me olhando com cara de nada, até pensei em me despedir com um beijo, mas quando voltei para o quarto, ela estava virada pro canto fingindo estar dormindo.

Assim que chego na sala a tv está ligada na netflix na parte de séries. Caminho até a cozinha e vejo uma cena que dá um bug em meu cérebro.

Milena está sentada na bancada, e Theodora que está em pé ao lado de suas pernas, dá uma colher de brigadeiro na boca da minha cria. E elas sorriem abertamente uma para a outra. Isso é estranho, muito estranho. Mas logo trato de convencer o meu cérebro que elas estão apenas se tornando boas amigas, muito amigas, já que agora estão convivendo 24 horas juntas.

- Meninas - Chamo e elas rapidamente olham para mim - Estou de saída. A Maraísa está lá em cima no quarto. Não demoro a voltar.

- Tá bom, mãe

- Tá, Lila - As duas dizem juntas - Você está bonita - Elogia Theo me fazendo sorrir

- Obrigado, querida. Tchau e juízo as duas

Durante o meu percurso até o carro penso em voltar pra casa, e ficar ao lado de minha namorada. Mas não faço. Não é justo, ela tem que aprender a confiar em mim, assim como eu confio nela.

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Evelyn e Célia também eram boas amigas ksksks

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