Vinte e cinco

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                               Marília

Depois de minha conversa com a Máh, eu estava me sentindo mal por tudo. Vê-la daquele jeito me doeu, e foi pior ainda quando Simone me contou sobre a sua situação ao perder alguns pacientes na mesa de cirurgia.

Eu tentei um contato com ela, mas a morena me ignorou completamente. Eu não a julgo por isso. Era a liberdade que eu queria, e era a liberdade que eu estava tendo, porém não parava de pensar na morena. Era apenas a nossa segunda semana separadas, e eu não podia negar que passava horas chorando enquanto passava por fotos nossas em meu computador.

Bom, não posso me esquecer de citar que a pequena Theo, me enviou uma mensagem de texto no dia seguinte que eu e sua mãe rompemos. A menina dizia estar chateada comigo, e que não esperava que eu fosse capaz de machucar o coração de sua mãe.

Estava sendo uma semana de merda

Depois de passar a tarde toda debaixo das cobertas dormindo, me deparo com as horas 20:57

- Droga! - Murmuro me levantando as pressas

Hoje eu tinha marcado de sair com algumas colegas do trabalho. Iríamos em um barzinho beber, e depois sairíamos para dançar. Eu não estava tão empolgada como eu imaginava que ficaria.

Depois de um demorado banho, visto um jeans escuro, e uma blusa de gola alta clara. Opino por um par de saltos, mas não muito alto. A maquiagem leve é feita em poucos minutos, e com o cabelo escovado estou pronta.

                               [...]

A música alta faz o meu corpo balançar no ritmo da música eletrônica. Judy, e Yalla dançam ao meu lado enquanto conversamos entre risadas. As duas eram do setor de dermatológia, e eram excelentes pessoas que tive o prazer de conhecer mais a fundo.

- Lila, não olhe agora, mas a garota morena de cabelos crespos está olhando pra você - Sussurra Yalla ao pé do meu ouvido

Eu não olho de imediato, mas a curiosidade é grande. Balançando o corpo me viro, e realmente a garota que parecia ter menos que trinta anos sorri para mim enquanto levanta o copo com a sua bebida.

Sinto perder o ar, quando a vejo se aproximar de mim. Yalla e Judy dão uns gritinhos empolgantes, parecendo duas adolescentes.

- Oi. Posso te pagar uma bebida? - Pergunta próxima de mais de mim. Lhe sorrio e acompanho até o bar do outro lado da pista de dança.

Estamos envolvidas em uma conversa, e o tempo todo, Paulinha - A garota morena - Flerta comigo, mas eu não consigo entrar no clima. Eu só conseguia pensar no que Máh estava fazendo na sua noite de folga. Talvez assistindo um filme com Theodora, maratonando alguma série ou estavam rindo de alguma coisa. Aí que percebo o quanto eu sinto falta disso. Só damos o devido valor depois que perdemos - grita o meu subconsciente

- ... e agora o professor da faculdade está no meu pé. Ele meio que cismou comigo por eu ter feito uma "pegadinha" no meu primeiro dia de aula - Paulinha ri de sua própria história divertida de universitária

Fico me perguntando quantos anos ela deve ter. Sua maturidade parece de uma garota de colegial, mas o seu corpo de uma mulher. Me sinto entediada naquela conversa toda. Checo às horas. 01:56 da manhã. Ótimo, hora de voltar pra casa

- Paulinha, adorei te conhecer. Mas eu preciso ir para casa - Digo pondo meu casaco

Paulinha me observa. Seu rosto se aproxima do meu. Ela é uma garota bonita, e tem um sorriso lindo, mas eu não consigo beijá-la quando seus lábios se encostam nos meus. Sinto sua língua pedir passagem, mas apenas me afasto e peço desculpas.

Me despeço de Judy, e aviso que estou indo pra casa de Uber. Enquanto Yalla está dando uns amassos com um cara o dobro de sua altura na pista de dança.

                                 [...]

Minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento. A vontade de me levantar da cama não existia dentro de mim. Deitada ali, repensava as minha escolhas. Eu tinha feito merda ao ter deixado Maraísa ir. Hoje seria um daqueles dias que acordaríamos juntas depois de uma noite maravilhosa de sexo, e muito carinho.

Passo a mão no rosto. Meu celular vibra ao meu lado, e como sempre mensagens de Luiza me desejando bom dia. E algumas de minha filha, respondo primeiro as mensagens de Milly, e depois Luiza. Fico olhando para o contato de Maraísa, e acabo digitando uma mensagem.

"Bom dia! Gostaria muito de conversar com você. Estou com saudades"

A mensagem foi entregue, e visualizada porém não respondida. Me jogo de costas na cama. E chorar se tornou inevitável.

RecomeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora