Essa não é uma história de amor.
É uma história sobre a condição humana a qual estamos fadados.
Condição que nos faz contraditórios.
Vulneráveis.
Que nos limita às circunstâncias deste mundo material, mas nos permite sentir para além da nossa compr...
Esqueci de colocar uma música antes de começarmos para abafar o barulho.
Jonai também era pouquíssimo discreta. Então eu já sabia que ouviria reclamação dos vizinhos mais tarde por conta de seus gemidos espaçosos.
Depois da terceira da noite, mesmo com as pernas fracas, me levantei e fui até a sala buscar a carteira de cigarros esquecida no bolso da minha jaqueta jogada no sofá.
ㅡ Ah não… achei que iríamos varar a madrugada hoje. ㅡ Ouvi a voz rouca da garota dos longos cabelos ondulados grudados na testa pelo suor reclamar, assim que retornei ao quarto. Ela já sabia que quando eu acendia o cigarro estava decretando o fim daquela troca de fluidos carnais.
ㅡ Tenho aula amanhã de manhã, paixão, preciso dormir cedo.
ㅡ Taehy… você sabe que não precisa mentir pra mim. Nós falamos a mesma língua.
ㅡ Por que acha que estou mentindo? ㅡ sorri nasal antes de tragar. ㅡ Não entendo porquê sempre pensam que eu tô mentindo quando digo que tenho que estudar.
ㅡ É porque você é o maior boêmio da cidade de Lavínia. Não tem um fim de semana sequer que não te encontrem por aí, pela vida.
ㅡ E o que isso tem a ver com os meus estudos? Como vocês acham que eu banco essa vida boêmia?
ㅡ Não são seus pais que bancam?
Engoli em seco sentindo o gosto da nicotina rasgar minha garganta e revirei os olhos.
Era sempre a mesma coisa.
ㅡ Vai querer? ㅡ ofereci o cigarro aceso entre meus dedos, desconversando.
ㅡ Por favor ㅡ aceitou, já estendendo as mãos rechonchudas para pegá-lo.
Eu não costumava ficar com alguém mais de uma vez na mesma semana, mas Jonai e eu tínhamos uma dinâmica bastante parecida.
Estava estudando para a correção das provas da turma para a qual era monitor, ela me ligou dizendo que estava entediada e com tesão, mas com preguiça de ir atrás de conhecer alguém novo em algum rolê. Queria o conforto e a praticidade de algo já conhecido. Sem burocracias.
A chamei para o meu apartamento e transamos até quase meia noite. Pela segunda vez em menos de cinco dias.
Eu gostava do cheiro de hidratante de ameixa que ela tinha mesmo estando suada para um caralho depois de transarmos. Gostava de passear com meus dedos pelos braços gordos, mapeando seus sinais pequenos e tatuagens espalhadas pela pele dourada.
Mas eu gostava ainda mais de não precisar ligar no dia seguinte.
ㅡ Manda mensagem quando chegar. Vou ficar acompanhando a corrida daqui ㅡ falei alto e grosso para o motorista do carro de aplicativo ouvir e se sentir intimidado.
ㅡ Pode deixar, coração. ㅡ Me deu um selinho e entrou no carro.
Subi de volta ao sétimo andar e, chegando em meu apartamento novamente, tomei um banho demorado. Já era tarde, mas coloquei uma playlist para tocar no alto-falante. Como sempre.
Papa Bear & His Cubs começou a cantar e tocar os acordes suaves de Sweetest Thing On This Side Of Heaven.
Lembrei do meu Jimin.
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