Coletiva

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No dia seguinte, Rayssa acordou um pouco enjoada, a cabeça rodava e estava um pouco fraca. Mas falou que iria de qualquer jeito. Ela não era de se esconder, ainda mais agora. Redobraram a atenção e o cuidado.

Ela era teimosa, o que poderia ser feito era adaptar, para que nada acontecesse, ou se acontecesse, tivesse um lugar confortável para ela. Thais reservou um quarto no mesmo hotel que aconteceria a coletiva. Rayssa entraria pelo estacionamento privativo, já que tinham certeza que a entrada estaria tomada de fãs.

Yoongi tentou começar um discurso dizendo que queria ir, mas não levou a frente, e nem levaria. O olhar que Namjoon lançou sobre ele o fez desistir de qualquer coisa.

Finalmente saíram de casa, e quando já estavam próximos do hotel, era possível ver a movimentação. Eram muitos fãs, repórteres, fotógrafos, realmente muita gente, mas ninguém desceu ali. Minutos depois, quando Thais entrou na sala da coletiva acompanhada de Carla, começaram a se pronunciar e a responder as perguntas.

A paciência para perguntas que não eram relacionadas ao acontecido estava desaparecendo, porque eles têm que ser assim? Porque não podem só focar no tema da coletiva. Um pouco depois um staff que estava ajudando a organizar o evento, entrou avisando que Rayssa estava pronta. Ela foi anunciada e entrou.

Os barulhos de surpresa para como ela estava encheu a sala. O rosto estava inchado, o curativo ainda estava na cabeça, o pescoço e os braços estavam cheios de marcas e arranhões que estavam cicatrizando. Não tinham imaginado o tamanho da agressividade com qual fora atacada. Antes de começar sua declaração, Carla deixou bem claro que ela não responderia a nenhuma pergunta e se possível fazer o máximo de silêncio, pois ela ainda sente muitas dores de cabeça e o barulho só piora a situação.

— Bom dia - Rayssa começou. — Mesmo contra orientação médica e da Thais, eu sentia que precisava estar aqui hoje. Há alguns dias eu fui atacada enquanto tentava tomar café, fui pega desprevenida e não tive nem condições de defesa. Não sei quem é a pessoa, e sinceramente nem quero saber. O processo está correndo e o Cláudio está acompanhando, mas isso todos vocês sabem - Ela parou respirando fundo e bebendo um pouco de água.

— Sofri um traumatismo craniano, e precisei ficar internada e sedada por 4 dias. Agradeço a todos os meus amigos que foram me visitar, mesmo sabendo que não poderia recebê-los. Muito obrigada aos fãs que fizeram a vigília, que oraram, fizeram homenagens. Eu ainda estou vendo todas elas, faço questão. Não consigo fazer muita coisa ainda, e o médico falou que é normal. Coisas que eu fazia no meu dia a dia como dirigir, ler, usar o telefone e ver televisão ainda é difícil - Ela para mais uma vez, mas dessa vez colocando a mão na cabeça.

— Eu sei que a iluminação aqui não ajuda muito, mas vocês poderiam não usar flashes, por favor? Isso está me deixando tonta e a dor na cabeça está aumentando. Desculpa pedir isso, mas eu realmente queria vir me pronunciar, e muito obrigada desde já - Parou fechando um pouco os olhos para tentar conter a tontura e a dor. E ela ficou satisfeita de ver que seu pedido foi atendido.

— Não sei quando minha rotina voltará ao normal, minha cabeça ainda está inchada, e isso causa muito incômodo. Na medida do possível eu estou bem, me recuperando dentro da previsão médica, então não é nada que seja muito preocupante e alarmante. Outro favor que eu quero pedir a vocês, é cuidado com o que vocês noticiam, e como vocês fazem isso. Meus pais são idosos. Meu pai tem 70 anos e minha mãe 61 anos. Receber a notícia de que a filha fora atacada por um homem no meio da rua e está hospitalizada, sem que consigam nenhum tipo de contato comigo, poderia ter acabado de outra forma. Apurem antes, e sejam gentis e nada sensacionalistas em suas palavras - Outra pausa, a dor estava aumentando.

— Agora vamos ao que eu realmente queria falar aqui. Eu sempre fui muito solicita aos meus fãs, nunca os impedi de chegarem perto, de ter proximidade. Sempre fui aberta a fotos, autógrafos, até conversava com alguns quando tinha tempo. Mas isso agora vai mudar. Eu sempre acreditei que ser aberta dessa forma, evitaria justamente que pessoas como esse homem, aparecessem. Sempre tive em mente, que a curiosidade aumenta quando algo é escondido e reservado, então sempre fui o mais transparente possível. Até o dia do ataque, sempre permiti que as pessoas se aproximassem, mas isso não vai mais acontecer. Para minha própria segurança - Ela diz enxugando uma lágrima no canto do olho, enquanto levanta a cabeça. Estava tentando não chorar. Isso faria sua cabeça doer mais ainda.

AKAI ITO [1°T]Where stories live. Discover now