14 - let's fall in love for the night

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Ele me encarou da porta do banheiro, dando um sorriso satisfeito quando eu acenei positivamente com a cabeça, e então me pegou totalmente desprevenida ao puxou a camiseta pelos ombros até passá-la pela cabeça, me oferecendo uma visão privilegiada dos músculos das suas costas antes que ele fechasse a porta do banheiro, me deixando atônita e com um sorriso maroto nos lábios em meio aos lençóis.

Eu poderia me acostumar com aquela rotina pelas manhãs.

»»

– Eu achei que você não tomava café – eu murmurei, ao entrar na cozinha com Charles atrás de mim e sentir o aroma delicioso da bebida, que parecia entrar pelas minhas narinas e despertar o meu corpo de dentro para fora.

– Eu não tomo – ele respondeu, sentando em uma das banquetas altas e puxando a do lado para que eu me juntasse a ele. – Mas sei que você toma.

O sorriso doce que ele me ofereceu fez cada centímetro da minha pele formigar, e eu engoli em seco ao tentar disfarçar o rubor que subiu para as minhas bochechas, me voltando para o café da manhã cuidadosamente arrumado sobre a bancada. Aquela refeição não era nem perto do absurdo de comida que nos serviram naquela manhã depois da festa no barco de Charles, mas eu me sentia ainda mais comovida por saber que ele mesmo tirara um tempo da sua manhã para organizar pequenas porções de cereais com frutas, iogurte e torradas com geléia para mim, me observando com atenção enquanto eu me servia.

Depois do café, Charles me informou que teria algumas reuniões com o seu empresário ao longo daquele dia, me pedindo inúmeras desculpas antes de insistir para que eu ficasse à vontade em sua casa e sair pela porta. Mal sabia ele que qualquer coisa que ele me dissesse com as mãos na minha cintura e a boca colada ao meu ouvido faria com que a minha única resposta possível fosse um aceno patético com a cabeça e um sorriso bobo no rosto.

⋆ ⭒ ⋆

Me ver sozinha pela primeira vez no apartamento de Charles foi, no mínimo, curioso. Eu me permiti voltar a explorar cada canto dos cômodos, me admirando com a forma que, mesmo que a decoração fosse simples e cheias de tons de bege, creme e caramelo, a personalidade do monegasco se fazia presente nos mínimos detalhes. Eu caminhava sem pressa pelos ambientes, sentindo o aconchego do piso de madeira sob os pés descalços, conhecendo e compreendendo cada ponto daquela casa, até que me vi de volta ao quarto dele, que era o lugar que mais exalava a sua presença, fosse pelos objetos pessoais por todos os cantos, ou então pelo perfume dele que ainda se fazia evidente ali.

Enquanto remexia na minha mala em busca de uma roupa confortável para passar aquele dia, uma ideia me ocorreu, e eu me perdi em pensamentos com uma lingerie azul clara nas mãos. Charles sempre fazia tanto por mim e era tão carinhoso que eu decidi surpreendê-lo com um jantar quando ele voltasse, depois de passar o dia em reuniões. Porém, antes de focar todas as minhas atenções naquele plano, eu precisava conferir se não faltava enviar nenhum documento para a universidade de Sanremo, além de responder e-mails e anotar algumas ideias que Francesca me dera no dia anterior para eu acrescentar na minha monografia. Afinal, eu ainda tinha uma transferência acadêmica em andamento.

O apartamento de Charles me acolheu por algumas horas enquanto eu trabalhava espalhada no sofá macio da sala, o enorme piano branco à minha frente servindo como complemento para a vista da varanda lá fora, com o sol refletido nas águas tranquilas do Mar Mediterrâneo junto dos barcos na marina. A minha monografia tomou a minha atenção durante todo aquele dia, e eu só fui me dar conta de quantas horas realmente tinham se passado quando percebi um lampejo do sol baixo no horizonte, que atravessou o vidro das portas da varanda e brilhou bem na direção dos meus olhos, e tive um sobressalto ao perceber que a tarde já chegava ao fim.

ℛ𝑎𝑐𝑖𝑛𝑔 ℋ𝑒𝑎𝑟𝑡𝑠 [ᴄʜᴀʀʟᴇs ʟᴇᴄʟᴇʀᴄ]Where stories live. Discover now