29 - belonging

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O calor dos braços de Charles que envolviam o meu corpo fazia com que o toque gelado do pingente de metal na pele do meu colo ficasse ainda mais evidente, e aquela sensação me transportou diretamente para as lembranças da noite anterior. A declaração que Charles fizera ao me entregar aquele presente ainda ecoava na minha cabeça e fazia a minha pele arrepiar com a emoção que as suas palavras provocavam, como se, cada vez que eu as repetia mentalmente, fosse a primeira vez que eu as escutasse. Eu permaneci imóvel e em silêncio, numa tentativa de não acordar Charles, mas logo ele se remexeu e eu levantei o queixo para encontrá-lo com os olhos semicerrados.

– Eu não queria te acordar – ele falou com a voz rouca e um sorriso suave.

– Não acordou – eu logo rebati, acariciando a bochecha dele com a mão.

Eu me ajeitei na cama para que ficássemos de frente um para o outro, deslizando a mão pela nuca de Charles até alcançar o seu cabelo, enquanto ele manteve os braços ao redor da minha cintura e fixou os olhos verdes nos meus. Toda vez que ele me encarava assim, como se eu fosse a única pessoa no planeta, eu sentia uma corrente elétrica disparar desde as profundezas do meu corpo até as minhas extremidades, anestesiando as pontas dos meus dedos. Delicadamente, eu puxei o rosto dele para mais perto, para o que deveria ser apenas um beijo de bom dia, mas, assim que nossos lábios se encontraram, era como se um ímã os prendesse um ao outro. Eu suspirei quando Charles prendeu o meu lábio inferior entre os dele, e usei uma das pernas para nos aproximar ainda mais.

Enquanto uma das mãos se embrenhava nos meus cabelos, a outra mão de Charles puxou a minha coxa para que o meu corpo ficasse sobre o dele, e eu ofeguei ao colocar cada perna de um lado de seu quadril. Naquela posição, quem ditava o ritmo do beijo era eu, e aproveitei para explorar calma e lentamente os lábios do monegasco, com uma das mãos apoiada no ombro dele e a outra envolvendo seu maxilar. Ele, por sua vez, respondia aos meus movimentos com tranquilidade, e suas mãos curiosas e confiantes subiram pelas minhas coxas até a minha cintura, entrando por baixo da camiseta do pijama no meio do caminho para tocar a minha pele com determinação e me fazer arfar.

Meses atrás, aquilo teria me deixado inquieta. Agora, no entanto, eu sabia que não precisaria barrar os movimentos de Charles, reforçando o fato de que toda a família dele estava nos cômodos ao redor, já que ele mesmo se conteve, com um suspiro pesado, e a pegada firme na minha cintura se transformou em carícias suaves nas minhas costas. Ambos diminuímos a intensidade do beijo naturalmente, e Charles esticou o pescoço para me dar um último selinho, que me arrancou uma risada antes que eu me ajeitasse entre suas pernas para deitar sobre o peito dele, sentindo-o subir e descer suavemente sob a minha bochecha.

– Hm, queria poder passar o dia todo aqui – eu murmurei, fechando os olhos ao sentir o perfume de Charles na camiseta que ele usava para dormir.

– E não podemos? – ele indagou, virando a cabeça para procurar meus olhos.

– Não, né – falei, apoiando o queixo em seu peito para encará-lo. – A gente precisa descer para ajudar sua mãe a preparar o jantar de hoje à noite.

Eu senti o corpo de Charles vibrar debaixo do meu quando ele deu uma risada fraca.

– Se é essa a sua preocupação – ele começou, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. – pode ficar tranquila que não vamos a lugar algum – ele tinha um sorriso travesso nos lábios, e deve ter notado as minhas sobrancelhas franzidas de confusão, pois continuou: – Meus irmãos e eu somos proibidos de entrar na cozinha quando minha mãe está fazendo uma refeição importante desde que o Arthur derrubou uma travessa de vidro e, enquanto ela limpava tudo e nos dava uma bronca, o peru de Natal acabou queimando.

A expressão no rosto de Charles permaneceu impassível enquanto ele falava, como se aquilo fosse o acontecimento mais normal do mundo. Já eu soltei uma exclamação chocada, e apoiei as mãos na cama para erguer o corpo e encará-lo com os olhos arregalados.

ℛ𝑎𝑐𝑖𝑛𝑔 ℋ𝑒𝑎𝑟𝑡𝑠 [ᴄʜᴀʀʟᴇs ʟᴇᴄʟᴇʀᴄ]Where stories live. Discover now