27 - all the answers

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– Eu vou adorar vir para cá quantas vezes você quiser – Charles declarou, se esticando na cadeira para deixar um beijo no meu maxilar antes de voltar a atenção para o seu iogurte com frutas.

Eu tinha acabado de confessar a ele o meu desejo de voltar ao hotel Shangri-La em um outro momento para que pudéssemos aproveitar melhor todas as dependências daquele lugar incrível quando uma batida seca e urgente soou na porta da nossa suíte, interrompendo o café da manhã que desfrutávamos na mesinha redonda junto à porta da varanda. Como Charles já estava devidamente vestido em uma camiseta cinza e calça de moletom, enquanto eu ainda usava apenas a camisa branca dele para me cobrir, ele logo levantou para atender a porta, caminhando despreocupadamente pela sala de entrada.

– O que vocês ainda estão fazendo aqui? – eu ouvi a voz de Luísa exclamar, e corri até as portas duplas para espiar a entrada do quarto. – Eu achei que vocês tinham dito que o nosso voo de volta era às dez!

Minha amiga se encontrava postada na porta da suíte ao lado de Lando e, mesmo atordoada com o que ela acabara de dizer, eu não pude deixar de reparar que os dois tinham as mãos entrelaçadas enquanto ela falava alto demais para aquela hora da manhã. Mas afinal, que horas são? Só então eu me dei conta de que não fazia ideia da resposta para aquela pergunta, saindo apressada pelo quarto para procurar o primeiro objeto que me informasse o horário quando Charles se voltou para mim com os olhos ligeiramente arregalados, e levei um susto quando vi a tela do celular dele sobre mesinha de cabeceira indicar nove horas, o que significava que nós tínhamos menos de uma hora para fazer o check-out no hotel e irmos para o aeroporto.

Puta merda, Charles! – foi a minha vez de gritar, logo cobrindo a boca com a mão. – A gente precisa ir, tipo, agora!

Com uma risada nervosa, ele correu de volta para dentro do quarto para me ajudar a arrumarmos as bagagens que, por sorte, mal tinham sido tocadas durante aqueles dias, e eu tratei de encontrar qualquer roupa que fosse para me trocar já sem me importar que as minhas pernas estavam totalmente à mostra por baixo da camisa enquanto os dois davam risadinhas na entrada da suíte.

– Acho que alguém aproveitou bastante a noite passada e acabou dormindo demais – eu ouvi Lando murmurar, e Luísa nem se esforçou para conter uma gargalhada.

– Claramente nós não fomos os únicos que aproveitaram a noite, não é mesmo? – eu rebati, parando na porta entre os cômodos para estreitar os olhos na direção das mãos entrelaçadas dos dois, que abaixaram a cabeça, encabulados e com as bochechas ruborizadas. – A gente só perdeu um pouquinho a hora, só isso.

Eu não esperei pela resposta deles antes de correr para o banheiro, porém sabendo que se fora preciso que Luísa fosse nos avisar que estávamos atrasados, então nós realmente tínhamos perdido muito a hora.

Mesmo esbaforidos e levemente descabelados, Charles e eu conseguimos nos aprontar em poucos minutos, arrastando as nossas malas para fora do quarto e nos juntando a Luísa e Lando para percorrer os corredores que levavam à recepção em passos rápidos. A cena de quatro jovens correndo por entre quartos e elevadores poderia ser cômica se não fosse angustiante, mas ainda assim eu explodi em uma gargalhada quando Lando passou de raspão por um aparador que enfeitava um dos corredores e quase derrubou um belíssimo vaso de porcelana sobre ela, e eu quase caí quando Charles me puxou pela mão com o susto. Felizmente, todos os artefatos e itens de decoração do hotel permaneceram intactos ao chegarmos ao hall de entrada ofegantes, cruzando com Max Verstappen se afastando do balcão da recepção para se juntar à namorada que o esperava junto das portas de vidro da saída.

– Parece que a festa de ontem foi boa, hein – o holandês comentou com uma risada fraca ao passar por nós, me fazendo esconder o rosto no ombro de Charles ao sentir as bochechas ficarem quentes.

ℛ𝑎𝑐𝑖𝑛𝑔 ℋ𝑒𝑎𝑟𝑡𝑠 [ᴄʜᴀʀʟᴇs ʟᴇᴄʟᴇʀᴄ]Where stories live. Discover now