17 - lay it on me

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Eu empurrei Charles para fora do quarto, fazendo Carlos se afastar para que nós dois pudéssemos sair, não antes de nos lançar um olhar suspeito com as sobrancelhas erguidas, me fazendo morder o lábio numa tentativa de abafar uma risada. E eu teria tido sucesso na tentativa se Charles não tivesse falhado, explodindo numa gargalhada que ecoou pelos corredores do motorhome enquanto caminhávamos até as portas de vidro.

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O brilho da vitória continuou a iluminar o rosto de Charles durante todo o tempo da entrevista coletiva daquela tarde, e ele seguia resplandecente enquanto caminhávamos para sair do autódromo, com a luz do sol já quase desaparecendo. Eu ainda me mantive a poucos passos de distância ao vê-lo parar para atender alguns torcedores que tinham pacientemente esperado por ele na grade do estacionamento, observando com certa admiração a tranquilidade de Charles para tirar fotos, dar autógrafos e receber uma a uma das pessoas que estavam lá. Precisei conter a hesitação quando ele pousou a mão nas minhas costas ao terminar, mas permiti que ele abrisse a porta do carro para mim, com uma expressão satisfeita que me fez sorrir, mesmo que ainda nos encontrássemos sob o olhar atento de alguns curiosos.

Ainda que estivesse exausto depois daquele dia longuíssimo, Charles fez questão de comparecer à festa de comemoração que sua equipe organizara na cobertura do hotel para celebrar a sua vitória. Então, depois de tomarmos um banho rápido, batemos na porta do quarto de Luísa e nós três subimos até o sétimo andar, sendo recebidos por uma música animada que ressoava pelo ambiente descoberto e arejado, contornado por cercas-vivas ainda repletas de folhas verdes, apesar do verão já se aproximar do fim.

O terraço não estava muito cheio, e apenas algumas pessoas da equipe ocupavam o local, sentadas nos vários sofás brancos ou então apoiadas nas mesinhas altas e redondas dispostas pelo espaço, conversando e brindando com taças de champanhe ou os mais variados drinks. Charles me conduziu até um canto onde Carlos e a namorada conversavam com o engenheiro do espanhol, e em pouco tempo uma taça de champanhe já tinha ido parar na minha mão. A música era animada, porém não alta demais, e ninguém dançava, e eu logo me dei conta de que aquele evento era mais uma socialização de pessoas que só queriam desestressar depois de um final de semana cheio.

Luísa e eu engatamos em uma conversa divertida com Madu, que se dizia muito feliz por ter mais companhias femininas para frequentar as corridas, já que aquele costumava ser um ambiente tão masculino. Algum tempo depois, Mia, a assessora de imprensa que eu já conhecera, e Giulia, que se apresentou como fotógrafa da equipe, também se juntaram a nós, e o diálogo leve com as garotas quase me fazia esquecer do cansaço intenso que eu começava a sentir. E, se eu estava exausta, mal podia imaginar como estava Charles, uma vez que ele sim tinha pilotado um carro de corrida durante quase duas horas apenas pouco tempo atrás. Mas, se ele estava cansado, definitivamente sua aparência não deixava transparecer, já que ele sorria e conversava com todos que se aproximavam, com muita disposição e atenção.

Ainda assim, os sofás do terraço pareciam muito convidativos, e as minhas pernas pesadas agradeceram quando Charles me puxou para sentar junto dele sobre as almofadas fofas, colocando um braço ao redor dos meus ombros e permitindo que eu me aconchegasse em seu corpo. Pierre Gasly também apareceu na cobertura naquela noite, assim como Lando Norris, e o francês me cumprimentou animado, se dizendo feliz por me rever, demonstrando que lembrava de quando nos conhecemos na festa em Portimão, meses atrás. Ele se sentou no braço do sofá ao lado de Charles, e os pilotos engataram em uma discussão acalorada sobre a prova daquela tarde, dando risada ao brigarem para decidir qual deles fizera a ultrapassagem mais emocionante.

Apesar de ter bebido apenas uma taça de champanhe, mesmo que a bebida fosse incrivelmente refrescante e saborosa, e de ainda estar envolvida em uma conversa com as minhas novas amigas – que já elaboravam planos para a próxima corrida dali duas semanas e faziam questão de insistir para que eu as encontrasse lá –, o sono começava a tomar conta do meu corpo, e eu sentia que, cada vez que os meus olhos piscavam, eles demoravam um pouco mais para voltar a abrir. Eu estava pronta para perguntar a Charles se podíamos voltar para o quarto quando dei pela falta de Luísa, me dando conta de que nem percebera o momento em que ela deixou a poltrona onde estava sentada ao meu lado. Depois de uma rápida passada de olhos ao redor, não encontrei a minha amiga em parte alguma e, ainda que eu não tivesse dúvidas de que ela sabia se cuidar, os meus pensamentos foram longe ao indagar onde ela teria se metido, até que eu senti a mão de Charles escorregar pelo meu braço quando ele me puxou para mais perto.

ℛ𝑎𝑐𝑖𝑛𝑔 ℋ𝑒𝑎𝑟𝑡𝑠 [ᴄʜᴀʀʟᴇs ʟᴇᴄʟᴇʀᴄ]Kde žijí příběhy. Začni objevovat