2 | Meditação

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- Estou disposto a te livrar de qualquer punição desde que seja a minha discípula.

- Uh? Sua discípula?

- Conhece MK?

- Não...

- Ótimo!

- Ótimo?

- Sim. Aceita ser a minha discípula?

- Não me considero boa em nenhuma área da vida. Sou o tipo de pessoa que você não quer ter por perto, juro.

- Não foi isso que perguntei... se aceitar minha proposta, perdôo todos os crimes que cometeu na minha ilha até hoje.

É uma boa proposta, seria tolice recusar. Suspiro.

- Sim, eu aceito ser a sua discípula... o que preciso fazer?

- Te explicarei tudo em breve, basta ter calma.

- Pode começar me falando sobre esse tal de MK, quem é ele e tals.

- Um passo de cada vez, você ainda não sabe andar então nem ouse correr, heim. Vamos lá.

Ele me solta da pilastra mas une meus punhos na mesma algema. Com um estalar de dedos, todo o estabelecimento se desfaz em alguns tufos de pelos, todos voltam voando para a sua cauda que só então percebi que estava toda escapelada. Será que ele se mutilou tanto só para me capturar? Que loucura.

Saímos de onde antes estava o restaurante, seguimos caminho a pé, vou me encolhendo toda pois tenho medo de alguma vítima de golpe que eu tenha dado apareça. O que, de fato, acontece. Um macaco ancião se curva na frente do macaco ruivo que me escolta.

- Grande Sábio! Grande Sábio! Vai finalmente livrar nossa ilha dessa praga! Me permita adorá-lo por isso! - O ancião se prostra aos pés de seu rei, com o rosto em terra. Algumas crianças macacos se aproximam com pedras, sinto um frio correr minha coluna vertebral, esse será o meu fim, estou sendo cercada por jovens e adultos munidos de pedras e tacapes improvisados de galhos próximos.

- Deixa eu apedrejar ela? - perguntou uma macaquinha com cara de poucos amigos. Lembro que roubei sua família a um mês atrás.

- Se afaste, Grande Sábio, vamos ajudar a acabar com essa praga! - Outro aolaiano vem com uma pedra que ele mal pode segurar.

- É! - Veio mais outro. Deve ter uns cinquenta macacos prontos para me atacar.

Wukong urra, todos ficam em silêncio absoluto. Acho que até os grilos param de fazer barulho. Ele sobe em uma rocha e me puxa para seu peito, falando bem alto.

- Se levantem! - ordenou aos que se prostavam. - Larguem essas pedras! - mandou nos mais furiosos. - Ela faz parte da minha corte principal apartir de hoje, devem respeitar ela, apesar de tudo que ela fez. Toda a sua pena será convertida em serviço comunitário. Qualquer um que ousar tocar nela para fazer algo ruim, pode se considerar um cidadão sem vida. Acredito que fui claro e que não me desejam ter como inimigo.

A multidão se dispersa, Wukong pula no chão e me desce do palco improvisado, segura meus ombros, olhando no fundo dos meus olhos.

- Se prepare para o seu primeiro dia de treinamento, ok? Vai começar hoje mesmo.

Aonde fui me meter...

Depois de todo aquele alvoroço, onde praticamente nasci de novo, finalmente chegamos a uma caverna onde sua entrada é coberta por uma cachoeira.

- Bem vinda a Caverna da Cortina de Água, minha casa, agora também seu lar. Certo?

- Certo...

Passamos pela cachoeira que se abriu para nós e adentramos o seu palácio. Wukong me entrega um molho de chaves, me deixa na frente de uma porta dourada.

A Discípula de Sun WukongDove le storie prendono vita. Scoprilo ora