37 | Alvorecer

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Me afasto do rei após a troca de carícias na areia morna de seu reino que recebe os primeiros raios de Sol. Diante de mim, Wukong impede que raios atinjam minha face pois está alinhado com o nascer do Astro-rei.

- Então é você mesmo... - Wukong me fita com os olhos semicerrados, queixo caído e braços pendentes como se estivessem sem vida.

- Já sabia? - dou um passo para trás. Não estou envergonhada porém não sei como reagir a tudo isso.

- Desconfiava...

- Nossa... nem sei o que dizer... - levo uma mão a cabeça - é muita informação para mim.

- Te darei o tempo que for preciso para lidar com isso.

Volto ao meu eu humana sem dificuldades, achei melhor ficar assim, por enquanto, pois ainda estou tentando digerir tamanha revelação. Mudo de assunto:

- Você disse que Macaque lhe avisou que MK ficou bem quando derrotei sua cópia.

- Sim. Apesar disso, o melhor é voltar a Lua para ver como vão as coisas por lá, nós mesmos.

Dito isso, Wukong adentrou o foguete que já estava na ilha, também entro e rumamos ao satélite natural. Ao chegar lá, encontramos o seu aprendiz se recuperando em um colchão no centro do santuário dedicado ao Monkey King que era um presente surpresa meu para ele mas, como morri antes de mostrar, ficou esquecido. Ainda bem que Chang'e o encontrou. Ao longe, Macaque nos observa.

- Monkey King! - MK salta nele.

- Sinto muito por tudo isso, garoto - King o aperta forte, posso jurar que está contendo as lágrimas.

Durante o decorrer de alguns dias, de volta a Terra, analisamos a situação do mundo com a Team MK e Wukong chegou a uma conclusão, ao visualizar o novo relatório geral:

- A cópia foi impedida tarde, mas ainda temos a Cabaça do Paraíso e conseguimos as escrituras para reformar a cidade em poucos minutos.

- Hora de completar a missão - afirmo sem rodeios, sentindo a pressão arterial aumentar, mal posso esperar para colocar um ponto final nisso tudo.

Todo o mundo foi reformado, nossas vidas podem enfim ser vividas sem grandes preocupações como a extinção eminente por algum ser maligno. Porém, um vaso quebrado, após ter seus pedaços colados, não fica como antes. MK foi, de longe, o mais atingido por Fake. A noite, decido tentar conversar com ele no alto do jardim da laje de seu apartamento, onde a visão é absurdamente maravilhosa.

- Olá, Monkie Kid - me sento ao seu lado na mesa em que ocupa. Ele está sem a bandana vermelha, seus cabelos bagunçados caem sobre parte de sua face.

- Ah oi, Valente, nem te vi chegando - MK esfrega os olhos, acho que chorou recentemente.

- Wukong me falou que tem faltado as aulas e está distante de todo mundo...

- Eu só... só preciso de um tempo.

- Entendemos. Não foi nada fácil te salvar, eu mesma quase desisti.

- Sinto muito por isso.

- Não precisa se desculpar, não! - faço gestos espalhafatosos. - Olha, o culpado já foi eliminado, o mundo está bem.

- Eu sei mas... ah! - MK cobre o rosto, respira fundo, retira as mãos e as coloca em cima da mesa, onde fica encarando as palmas. Após meio minuto de silêncio, resolvo prosseguir com a conversa.

- Se lembra de alguma coisa? De quando era... era...

- Um monstro? - ele sugere e me encara de repente, estremeço, talvez por conta de seu tom de voz usado, foi um tanto alto, logo ele continua a conversa sob um tom mais calmo, baixo, olhando para a paisagem neon de Megapolis. - Tenho alguns lapsos de memória, em nenhum momento senti que podia ter controle sobre meu corpo.

A Discípula de Sun WukongOnde histórias criam vida. Descubra agora