A Discípula de Sun Wukong

24 | Retorno

Ao acordar de um sono, julgo eu profundo, levanto da cama. Da janela do apartamento que fica em cima do restaurante de Pigsy, casa de seu antigo e mais querido funcionário, avisto raiar os primeiros feixes solares sobre a movimentada metrópole.

Suspiro, está bem claro que retornei. Ao me virar para voltar a cama, topo com... Sun Wukong. Me dei conta de que nunca acordei de fato. Fazia tempo que eu não sonhava. Esse vai ser o sonho mais lindo que já tive.

Encaro seus olhos âmbar e sorrio. Ele passa a exibir seus dentes em um sorriso meigo. Seu pelo macio tão aveludado quanto a de um felino me convidam a um toque, o faço prontamente. Me aproximo cada vez mais, o aperto em meus braços com a vontade de soltar morrendo cada vez mais. Seu aroma frutal pêssego me derrete, dá até vontade de extrair alguma essência direto do pelo. A pelagem dourada avermelhada é mais cintilante nas primeiras horas da manhã.

- Como pode ser tão macio...? - tateio seu peito e bíceps firmes.

- Valente... - levanta uma sobrancelha, a cauda passa a ir e vir lentamente.

- Uhhh maravilha... melhor travesseiro.

O guio até o centro do quarto pela mão, tropeçamos e caímos nos puffs. Aproveito a ocasião para apertá-lo de novo, tentação invencível é acariciar esse ser tão felpudo.

- Melhor sonho lúcido que já tive! - declaro toda sorrisos.

- Valente, isso não é um sonho...!

- Até a voz parece tão real - continuo apertando ele.

- E é real! Hey, acorda desse transe, realmente voltei! - ele me sacode de leve pelos ombros, estou começando a achar que não acreditei no que vi.

- Uh?! - me afasto, esse sonho não é sonho exatamente, me aprumo. - Mestre? Aaah!

- Céus, que bom te ver voltar ao normal.

- Foi mal. Como? Como voltou? Está bem?

- Calma, estou bem sim.

- E-eu ia atrás de você hoje mesmo - caramba que mico.

- Que bom que voltei ou você iria atrás e poderia se machucar. Yama é um velho amigo que eu não desejo ver novamente tão cedo, hehehe! - ele ri de nervoso, esse cara deve ter sido difícil de lidar, talvez chamar de "amigo" seja uma piada.

- Fico feliz em te ver de volta, mestre. A Candece...

- Também está livre do controle mental? Sim, estou sabendo disso.

- Ela também estava sendo controlada? Nossa. Por quem?

- Temos que descobrir.

- Espera.

- O que foi?

- É você mesmo? Ou... é o Macaque?

- Ele já se transformou em mim para você?

- Érr... sim.

- É, esperado, ele já chegou a fazer o mesmo com... - Monkey King encara um retrato do MK que derrubamos sem querer.

- O que vamos fazer agora? MK não está no submundo, talvez nunca esteve... - levanto do chão e tiro tufos de pelo do casaco que estava pendurado, mostro para ele. - Olha... olha isso. É seu, não é? MK falso era feito disso!

- Se prepare, tenho uma nova missão.

A vontade de dizer "não" nasceu mas a reprimo no mesmo instante, queria explicações, sei que ele não faria mal ao seu aprendiz, por algum motivo, ao olhar toda a nossa trajetória até aqui e observar as suas feições, continuo acreditando na sua inocência.