25 | Retrocesso

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- Vamos viajar no tempo! - Monkey King afirma com tanto entusiasmo que falta só uma chuva de confetes para essa declaração soar mais animada.

- Uou. Isso não tem nenhum efeito colateral... - pressinto muitos, muitos problemas - não tem?

- Tem sim!

- Ótimo - ironizei.

- Mas você pode ficar.

- De maneira nenhuma.

- Os efei-

- Dane-se os efeitos colaterais!

- Ok, ok.

- Mas quais são, heim?

- Pode acontecer: perda de memória, tontura, dor de cabeça, dor abdominal e...

- Pare! Não quero saber mais.

- Tem certeza?

- Absoluta.

- Vou pegar o pergaminho para criar um portal.

- Certo. Mas nem tente ir sem mim! Eu ainda vou com você.

- Só não se afaste muito de mim durante a viagem.

- Por mim, tudo bem. É uma ótima condição.

Wukong desce do foguete, vai até um alçapão no chão da Lua e some por ela. É sério, vou dar a ele apenas cinco minutos para aparecer e voltar, se demorar já sei que foi sozinho. Aí vou atrás.

Deu dez minutos! Já deu tempo suficiente para voltar, aquele sacana, como ousa me deixar plantada nesse foguete! Coloco um traje espacial e abro a porta. Dou de cara com Wukong segurando hmm coelhinhos robôs?

- Veja só se não é a coisa mais fofa desse lugar? - Wukong me empurra uns.

- Pensei que tinha ido sem mim. Sobre os coelhinhos: é, admito, são fofinhos sim. Da Chang'e, aposto.

- Acertou em cheio - Monkey King os deixa no chão, transforma o foguete em uma espécie de caminhonete estranha, com rodas gigantescas, talvez seja melhor para o solo que devemos percorrer. Entramos na monster truck, Wukong pilotou como um louco, mas não liguei, talvez eu seja louca também. Chegamos em uma montanha, escalamos e entramos no templo que há no seu cume.

- Hora de abrir o portal - Wukong deixa o pergaminho aberto no centro do tempo, vira um arqueopterix e arranca penas da cauda. Volta ao seu ser original e, com as penas, forma um círculo.

- Ainda não me explicou porque devemos viajar no tempo. Estamos em busca de um remédio para o MK?

- Bem...

Gostaria mesmo de ouvir o que ele tem para dizer mas quando resolvi encarar bem o meu mestre, vi um MK emergindo das sombras por trás dele, prestes a acertar um soco no desavisado em minha frente.

- Mestre! Cuidado! - empurro Wukong a tempo de salvá-lo.

- Resolveu se esconder aqui, Monkey King!? - MK range os dentes.

- MK, pare! - entro em sua frente. - Vamos conv-

MK me atira para longe, por sorte meus reflexos melhoraram com tanto treinamento duro a ponto de conseguir virar andorinha antes de me dar mal, pude parar meu corpo para não ser machucado contra um pilar.

- Isso não tem nada haver com você! - MK insano grunhe. - Fique longe!

MK passa a atacar Monkey King, enquanto ambos se enfrentam com socos e chutes, fico pensando no que fazer para ajudar o mestre.

- Gosta de pegar pesado, heim? - sussurro. - Sem problemas, Monkie Demon! - lanço bolas de fogo no Monkie Kid que se irrita e tenta me acertar com seus socos poderosos outra vez.

- Valente! - Wukong chama. - Cuidado!

MK se transforma em um dragão, cospe gelo e me mantem em uma montanha glacial.

- Devia ter me avisado com mais antecedência - reviro os olhos, apenas minha cabeça está livre do gelo.

- Devia tomar mais cuidado, ainda é mortal - Wukong adverte ao voltar a brigar com seu antigo aprendiz.

- Não me venha com essa! - grito enquanto tento me soltar. - Grrr - começo a criar fogo com as duas mãos, com tanto treino, alguma evolução tinha que acontecer, o gelo começa a derreter. - Aceitei ser sua discípula apesar de todo o risco de vida que passei até hoje, não vai ser agora que vou recuar! - quebro minha prisão gélida e parto para mais um ataque.

- Te disse para ficar longe dele! - MK vocifera.

- É impossível, sabe? - lanço essa sorrindo.

- Ele me deixou assim! Essa vontade incontrolável de destruir tudo... Ele colocou em mim! - tenta desferir um golpe de sua cauda em mim.

- Garoto - ouço Wukong dizer. - Sinto muito por isso.

- Wukong - me viro para ele -, não precisa admitir nada, acredito que não fez nada de errado com o seu discípulo.

- Me cansei de você! - MK tenta me acertar com mais um sopro poderoso. - Mesmo ele se entregando ainda insiste em acreditar na sua inocência!

- Tenho certeza que ele tem uma boa explicação para tudo isso! - consigo desviar de seus ataques. - E é atrás dela que estamos indo! - Viro equidna e cavo o chão, broto ao lado do mestre.

- Não é, Wukong? - Retorno ao eu original.

- Ex... exatamente! - Monkey King afirma e luta com mais intensidade.

- Sua palavra basta, meu rei! - Consigo criar cristais de gelo em cima do MK transformado em dragão enquanto Wukong o mantém imobilizado. Wukong arranca parte de seu pelo e logo várias cópias surgem com cordas, amarrando a cadeia gelada. Wukong recita algo e logo MK adormece.

- Quem o trouxe para cá? - pergunto a Wukong. Com o olhar da verdade, consigo perceber sombras extras no ambiente. - Macaque! Foi você?

- Sim, foi sim. Nada fácil, mas missão cumprida - ele toma sua forma mais fácil de ver, seu eu original.

- Tem algo a dizer, Wukong? - pergunto sorrindo.

- Pfff! - Monkey King meneia a cabeça enquanto massageia um ombro agredido por MK. - Nós já tínhamos cansado ele quando escapou de sua prisão, óbvio que ele ficou com a tarefa mais fácil, não tenho nada que agradecer, se é isso que espera. Humpf!

- Façam logo o que precisam fazer. - Macaque desfaz as cópias de Sun com golpes de seu bastão. - Ele pode acordar a qualquer momento.

Entendo que ele vai ficar de vigia. Wukong refaz o círculo de penas de arqueopterix, recita algo e o portal se abre.

- Valeu, Macaque! - dou um selinho mega rápido na bochecha dele antes de entrar no portal. Ainda pude ver Macaque tocar o lugar beijado, suas sobrancelhas estavam bem altas, queria saber o que pensou dessa minha insolência.

- HEY! - Wukong entra no portal atrás de mim. - Quando chegarmos em casa vamos ter uma conversinha!

- Ciúmes? - indago com um meio sorriso.

- Ham! - Wukong passa por mim.

Estamos em um templo, este vi em Megapolis, logo faço a ligação, estamos na cidade onde Monkie Kid morava antes do descontrole, não esperava parar na movimentada metrópole tão cedo, em uma época onde a paz fazia parte do dia a dia dos cidadãos.

A Discípula de Sun WukongWhere stories live. Discover now