34 | Viúva

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Valente

- Estão bem? - pergunto assim que pisamos no solo, me curvo tentando recuperar o fôlego.

- Longe daqueles loucos, com certeza! - Pigsy exclama, limpando o suor da testa.

- Ótimo! - me endireito tentando pensar com clareza após um pico alto de adrenalina.

- Tripitaka deve estar morto de preocupação - Sandy leva uma mão a testa, é um tanto doloroso ver sua face em aflição.

- Nem me fale - comento e dou tapinhas nas costas do ogro, com certeza ninguém esperava por isso: sermos colocados em fornalhas para virar churrasco por comer manfruits sem permissão.

Sentamos no chão. Acho que todos sentem o estômago roncar, Wukong dá um soco na árvore de peras mais próxima a nós. Várias frutas caem em nossos colos. Depois de recarregar as energias, decidimos ir atrás do mestre.

- Ele veio para esse templo mesmo? Está tudo tão vazio - digo ao abrir os portões. Chamamos e batemos mas ninguém nos atendeu.

- Vou convocar o Tudi - Wukong sai do templo que só agora reparei estar bem revirado, coisas quebradas estão por todo canto, gongos, flores do jardim, tudo em pedaços. Em pouco tempo, Sun retorna com a cara bem séria.

- Ele foi levado, segundo Tudi, por mim mesmo.

- Sua cópia - específico.

- Sim... - ele respira fundo - minha cópia.

Nenhum passarinho canta. Nem grilo, não dá nem mesmo para escutar a respiração de alguém. É o momento mais tenso que já vivi até agora.

- Então vamos lá - Pigsy corta o silêncio desconfortável.

- Ele está naquela montanha - Sun aponta e logo nos dirigimos para fora do templo.

- Nem ouse ir até lá sozinho - belisco sua cauda que se debate, batendo no chão em efeito chicote.

- Sei que vocês podem me ajudar, ai - Sun massageia o local que belisquei -, então... vou esperar.

- Ainda bem - respiro fundo. Se esse macaco fizer mais de suas loucuras, temo não responder por mim.

- Ainda não acredito que conheço mais alguém que frequentou a escola de Subodhi - Sun comenta com meio sorriso, enquanto poupamos energia ao se dirigir ao nosso destino, caminhando.

- Nem eu! - tento disfarçar.

- Fale como deixou o mestre - o noviço me fita de lado, seu olhar dourado parece sondar até a minha alma.

- Foi... uma despedida agridoce.

- Agridoce?

- Estava feliz por ter me formado mas triste por deixá-lo. Agridoce.

- Sei. Tenho certeza que... - o macaco se aproxima de mim.

- Ih...! - tento não surtar, ele não pode ter descobrido que eu nunca conheci Subodhi.

- Foi expulsa também e não quer falar!

- Ah... - solto o ar preso nos pulmões em um sopro só - até parece, o único bangunceiro que ele teve foi você.

- Vai dar namoro - Sandy comenta baixinho e rindo.

- Sandy! - o repreendo.

- Pensei que já estivessem namorando - Pigsy dá de ombros.

- Pigsy! - dessa vez, tanto eu quanto Sun o repreendemos.

- O mestre! Está bem ali - Sun corre até uma casa de aspecto sinistro. Parece mais uma casa de bruxa, toda cinzenta, com telhas faltando e rachaduras em vários cantos.

A Discípula de Sun Wukongحيث تعيش القصص. اكتشف الآن