27 | Missão

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- Cara... como eu consegui aguentar...? - Sun, o noviço, reclama.

- Descanse bastante, precisamos retomar a jornada o quanto antes - Tripitaka aconselha.

Durante o tempo em que observamos o Novice Monkey, reparamos como há uma cópia que se desprende dele e faz traquinagens as escondidas, furtos, aliança com bandidos, viagens no tempo como nós, entre outras coisas que o Wukong original daquela época nem faz ideia.

- Fiquei com sequelas, achava que a outra cópia era puro delírio - Wukong atual coça a nuca.

- Então é isso... - Para mim não há mais o que explicar. - Aquele ser é uma cópia sua que você não pôde controlar! E, e ficou te incomodando por todo esse tempo! Causando estragos em tudo, ele que fez aquele ritual...

- Sim, sim.

- Devia ter falado isso desde o início.

- Descobri a pouco tempo, quando me mostrou os pelos de seu casaco que fui entender o que poderia estar acontecendo.

- Nossa. Não esperava por isso. E agora? O que faremos...? - minha mente se alivia, meu mestre é mesmo inocente!

Aviso Wukong que vou beber água do riacho mais próximo, quando volto não há sinal dele.

- Wukong? WUKOOONG! - me dou conta de que estou sozinha. Não consigo imaginar ao certo porque ele sumiu, talvez foi reforçar a segurança na época atual. Estou por minha conta, preciso de um plano para barrar a cópia maligna.

- Caro senhor Tripitaka! - intercepto os peregrinos disfarçada de lobinha, me lembra o povo de Aolai. - Espere um momento, por favor!

- Algum problema? - Tripitaka para o cavalo. - Se meus discípulos lhe incomodaram, peço perdão, e-

- Nada disso! De maneira alguma eles me fizeram mal! Estou aqui pois preciso da força deles.

- Em quê exatamente precisa de ajuda?

- Bom... quero... que experimentem algumas frutas! É isso! Vou fazer um jantar especial mas ainda não sei que frutas de sobremessa vou servir, seus discípulos parecem famintos então porque não juntar o útil ao agradável? Eles podem dizer quais são as melhores.

- O que acham disso? - Tripitaka se dirige aos discípulos.

- Por favor, mestre, é uma ótima ideia! - Pigsy quase saltita com a sugestão.

- Deixa a gente ir! - Sandy pede.

Enquanto isso, o Monkey Novice continua calado, me olhando de soslaio.

- Ah tudo bem - Tripitaka assente. - Mas se comportem! Vou ao templo mais próximo, quando terminarem, me encontrem lá.

- Sim, senhor! - Pigsy e Sandy afirmam em uma só voz.

Assim que Tripitaka está bem longe com o cavalo, Sun fica bem na minha frente, me encarando de cima a baixo.

- Ok, qual é a tua? - o macaco questiona e cruza os braços.

- Qual é... a minha? - começo a suar frio, pelo visto, um certo peregrino vai ser bem difícil de lidar.

- É, é. Porque está se escondendo? - ele continua seus questionamentos sem ousar desviar seu olhar de mim.

- Ela está se escondendo? - Pigsy pergunta querendo entender a situação.

- Está! - Sun vocifera. - Porque está usando um disfarce? Por acaso é uma bruxa? Quer nos assar e devorar?

- Deixa de ser idiota - Pigsy esbraveja -, a menina quer a nossa ajuda, não percebe?

- Seu porco louco por comida! - Sun acusa. - Ela está tentando nos enganar.

- Ah chega! - levanto as mãos como se estivesse rendida. - Se não vão cooperar vou dizer ao mestre de vocês que não se comportaram bem!

Todos eles arregalam os olhos, arrumam a bagagem e perguntam que direção fica a minha casa.

- Pfff! Vamos te ajudar porque estamos com fome mas se a gente não estivesse... - Sun comenta e todos passam a me acompanhar em direção da casa que criei usando rochas, cabelo transformado em telhas, paredes e piso.

- Tá, tá - abano impaciente para o macaco noviço, essa época é fogo como a atual. Quando todos estão devidamente acomodados na minha casinha falsa, arrumo coragem para falar o que preciso e prosseguir com o plano.

- Que delícia! - Pigsy declara maravilhado, devorando o banquete que me deu um baita trabalho para preparar.

- O Wukong estava certo - digo sem rodeios.

- Uh? - Sandy para de comer uma fruta, todos me encaram, hora certa para prosseguir com a revelação.

- Essas frutas são apenas um pretexto para atrair vocês para cá.

- E-então? - Pigsy segura a própria garganta. - Quer dizer que estão envenenadas?!

- Calma! - levanto as mãos. - Isso não! Está tudo normal com elas, fique tranquilo.

- Ufa! - o porquinho volta a devorar cada uma a sua frente em ritmo frenético.

- Espera aí - Sun pede. -Como sabe meu nome?

- Sei o nome de todos pois ouvi a lenda de cada um de vocês, essas histórias vão longe, nem imaginam! Bem, indo direto ao assunto que interessa, quando você dorme - aponto para Wukong -, uma cópia se desprende de você. E ela está causando um problemão, me entende?

- Idaí? - diz o macaco, aja paciência com esse Monkey King.

- Idaí - continuo a explicar - que todos aqui vão me ajudar a pegar ele.

- Fácil - Pigsy diz após um breve momento de silêncio.

- Fácil falar, você quer dizer, não é? - Sun fala ao porquinho que dá de ombros.

- Talvez só para você - completo a fala me dirigindo ao Wukong.

- Só para mim? - Sun levanta as sobrancelhas.

- Bem, sim - passo uma mão no pelo farto da minha cabeça, preciso ser clara o máximo possível. - Reparei que a cópia má aparece mais quando você está dormindo. Faça isso. Durma agora.

- E se eu não quiser? - Wukong cruza os braços.

Vou até uma janela onde se pode ver o templo onde o mestre deles deve estar, grito.

- TRIPIT-

- "Shiu" que vou dormir - Sun tapa minha boca -, está bem para você?

- Está mais do que bem - retiro a mão dele e sorrio - está perfeito.

- Conta uma história - Sun se esparrama em uma esteira -, para ver se eu durmo mais rápido.

Pigsy o repreende.

- Não faça graça, Wu-

- Não - interrompi -, tudo bem - sento ao lado de Sun. - Tem alguma preferência? História com guerreiros? Leões?

- Pêssegos.

- Ah certo. Pêssegos. Vamos lá. Caham... há muito tem-

- Que chato! - Sun me interrompe - melhor pular para a parte mais interessante, se é que tem.

Essa missão vai ser bem difícil, mas vivi para isso. Basta ser paciente, bem paciente.

A Discípula de Sun WukongWhere stories live. Discover now