Eu odeio a máfia.
Montanhas de dívidas que nunca desaparecem, homens estranhos com armas, ameaças sussurradas nos bastidores. Foi isso o que minha vida se tornou.
Eu disse ao meu pai para nunca se envolver com os Theerapanyakul , mas ele faria qua...
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Cada par de olhos que olhava para mim parecia que iria reportar a Kinn. A sensação de pavor que me seguiu por meses quando eu estava fugindo dele voltou e meu estômago revirou.
Kinn pode estar em qualquer lugar, em qualquer esquina. Ele ou seus capangas me agarrariam, me jogariam em um carro e eu acordaria na mesma cela suja de antes. Mais uma vez seu prisioneiro.
Eu não conseguia fazer mais isso. Não aguentaria viver em uma gaiola.
Eu pensei que estava infeliz quando ele estava lá exigindo que eu o pagasse de volta com meu corpo, mas a verdade é que quando ele se foi, foi mais insuportável de alguma forma. Não havia ninguém para me distrair do constante nada que eram meus dias e noites, ninguém para ofender e dirigir minha raiva.
Por um mês inteiro, fiquei sozinho com meus pensamentos, exceto pelas vezes que Macau ou Vegas me visitavam. E mesmo isso não foi o suficiente para me impedir de sentir falta dele.
Não, eu tinha que ficar bem longe daquela casa.
Puxei meu casaco mais apertado em volta de mim e senti um leve cheiro do perfume de Kinn. O puxando para longe da minha pele, eu estremeci. Olhando ao redor, não pude me conter enquanto o empurrava contra meu nariz e o inalava. Meus olhos se fecharam e eu parei de andar. Era como se ele estivesse ali, me puxando em seus braços.
Desde que ele partiu, seu cheiro foi desaparecendo. Eu o pegava aqui e ali, mas não estava mais grudado em todas as minhas roupas, meus lençóis, minha pele. E eu odiava isso.
Sério, preciso organizar minha cabeça. Não é como se estivéssemos namorando. Eu sou um prisioneiro. Isso é tudo o que é.
Deixei a jaqueta cair dos meus dedos e abri os olhos.
Certo, eu estava em uma missão. Eu precisava de um lugar para ir e a única pessoa que eu conseguia pensar em pedir ajuda era Nunew. O cara com quem eu peguei carona na cidade me deixou usar seu celular e eu consegui marcar um encontro com Nunew.
Uma vez que eu o visse, eu iria esclarecer tudo e talvez ele pudesse me deixar ficar escondido na sua casa no campo. Kinn não me encontraria lá.
Ou pelo menos eu esperava que ele não encontrasse. Eu não poderia colocar Nunew e seu namorado em perigo por causa de minhas próprias escolhas estúpidas.
Encontrei a cafeteria e entrei. O cheiro de café e doces fez meu estômago roncar e eu coloquei a mão nele. Eu mal tinha comido nos últimos dias. Toda vez que me sentava naquela mesa grande, me lembrava de que estava completamente sozinho. E mesmo comendo no quarto, eu estava cercado pelo fato de que aquela não era minha casa.
— Porsche! — Olhei para Nunew. Ele estava na fila e acenou para mim, um olhar preocupado em seu rosto. Eu fiz meu caminho até ele e sua carranca se aprofundou. — Você parece uma merda.
