capítulo um

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A Sra. Hawkins estava prestes a matá-lo.

Pete olhou para o relógio e fez uma careta. Era uma hora da manhã já; ele havia prometido a Sra Hawkins que não voltaria para casa depois da meia-noite.

Apoiando-se, ele abriu a porta tão silenciosamente quanto pôde.

Emily tinha um sono leve.

Pete fechou a porta, estremecendo quando ela rangeu.

Droga.

— Senhor Saengtham? — Disse a Sra. Hawkins, esfregando os olhos e se sentando no sofá.

Pete olhou para as gêmeas, mas elas não pareceram terem acordado. Ele caminhou até sua babá. Não demorou muito tempo: o seu apartamento era pequeno.

A Sra. Hawkins estava franzindo a testa profundamente, com um olhar caído no seu rosto.

— Sinto muito — disse Pete antes que pudesse dizer qualquer coisa. — Estou muito, muito triste. Não vai acontecer de novo, eu juro. Eu não pude voltar mais cedo. Foi uma noite fraca e não recebi muitas gorjetas. Eu não tinha dinheiro suficiente para pagá-la por essa semana, então acabei ficando até conseguir juntar mais algum.

Os lábios da Sra. Hawkins franziram quando ela suspirou.

— Senhor Pete Saengtham, eu entendo a sua situação, pois é a única razão pela qual ainda estou aqui, mas você deve entender a minha. Eu tenho uma família também, porém gasto quinze horas por dia aqui, cuidando de duas crianças de quatro anos energéticas e você não me paga o suficiente para isso.

— Eu vou encontrar outro emprego - Pete disse rapidamente, tentando esmagar o pânico crescente em seu peito. — Eu vou encontrar um emprego melhor e eu vou te pagar mais.

Ela suspirou de novo, sacudindo a cabeça.

— Isso foi o que me disse no mês passado, Pete. — Ela olhou para as meninas. — Eu admiro a sua dedicação, mas você não pode continuar assim. Você tem apenas vinte anos, você merece algo melhor. Elas merecem algo melhor também. Por que você não encontra uma boa família para elas?

— Não — ele disse, com sua voz dura. — Elas já têm uma família. Elas têm a mim.

— Elas quase não o veem e perguntam sobre você o tempo todo. Elas sentem a sua falta.

Pete olhou para elas. Emily e Bee dormiam abraçadas, suas bochechas rechonchudas quase se tocando.

Um nó se formou em sua garganta.

— Eu sinto falta delas também. - Ele olhou para a Sra. Hawkins. — Por favor. Vou encontrar uma solução e realmente não vai acontecer de novo. —  Ele tirou a carteira do bolso de trás, e lhe deu todo o dinheiro que ele tinha. — Aqui, tome isso.

Ela balançou a cabeça, mas aceitou o dinheiro.

— Pense no que eu disse, Pete — disse ela antes de tomar sua bolsa e sair.

Pete trancou a porta e voltou para a cama. Ele se ajoelhou ao lado da cama, apoiou o queixo sobre o colchão, e olhou para as gêmeas. A luz fraca fez os seus cabelos parecerem quase dourado. Elas pareciam anjinhos.

Pete fechou os olhos.

Deus, ele estava tão cansado, mas o sono era a última coisa em sua mente. Ele não tinha necessidade de abrir a geladeira para saber que eles estavam em falta de mantimentos: ele sabia quanto tempo eles durariam. Eles não teriam nada para comer depois de amanhã.

Desespero agarrou-se a sua garganta.

Depois veio o ressentimento e a raiva.

Pete deixou que eles saíssem para fora, ficando irritado com seus pais por terem feito inúmeras dívidas e depois morrerem, os deixando sem um mísero centavo. Ele não podia se dar ao luxo de perder tempo. Precisava de dinheiro. Agora. Mas como? Já trabalhava em dois empregos.

— Pete?

Pete abriu os olhos.

Uma das meninas não estava mais dormindo. Uma onda de pânico percorreu quando ele percebeu que ele já não podia distingui-las.

Foi Emily ou Bee?

— Bebê? — Ele resmungou através do nó na garganta.

A menina sentou-se lentamente, com cuidado para não acordar sua irmã, e Pete expirou. Foi Emily. Ela estava mais madura e atenciosa do que Bee, que era muitas vezes uma bola sem noção de energia.

Emily estendeu a mão para ele e Pete a ergueu em seus braços.

— Hey, princesa — ele sussurrou, a beijando na testa e respirando seu perfume doce.

— Você chegou — disse Emily, envolvendo suas pequenas mãos em volta do seu pescoço. — Senti saudade.

— Eu também — Pete murmurou, acariciando suas costas. — Você se divertiu enquanto eu estava fora?

Emily assentiu.

— Nós brincamos muito, mas o falcão não deixou a gente ir para fora!

— Não chame a Sra Hawkins disso. — Embora ele teve que reprimir um sorriso. — Algo mais?

— Um moço muito forte veio depois do café. Ele trouxe uma carta para você, mas o falcão não deixou a gente pegar.

— Uma carta, hein? — Pete ficou de pé, embalando Emily em seu peito e caminhou até sua mesa. — Vamos ver.

Ele pegou o envelope e voltou para a lâmpada de cabeceira. Ele olhou para ela e seu estômago deu um nó quando viu o que era.

—  O que é? — Perguntou Emily.

Pete abriu o envelope, tirou o pedaço de papel dentro e começou a ler.

... "Inaceitáveis notas"... "Caso de falha de melhoria..." "... A bolsa será encerrada, a menos que o aluno alcance..."

O papel caiu de seus dedos para o chão e ele não notou.

— Pete? É ruim?

Ele olhou para os grandes olhos azuis de Emily e forçou um sorriso.

— Não, abóbora. Está tudo bem.

Ele enterrou o rosto em seu cabelo e fechou os olhos, tentando não chorar

perverso × vegaspeteWhere stories live. Discover now