capítulo onze

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Quando Pete acordou, ele estava sozinho. A julgar pela luz do sol que entrava pela janela, era cerca de oito da manhã. Bocejando, ele se sentou e se espreguiçou, tentando reunir seus pensamentos.

Os eventos da noite passada pareciam bizarros e surreais. Se seu corpo e sua bunda não doesse, ele teria pensado que era apenas um sonho.

Mas não era.

Ele tinha tido sexo de verdade com Theerapanyakul. Ele teve o pau de Vegas dentro dele.

Lambendo os lábios, Pete saiu da cama, estremecendo um pouco quando o movimento enviou uma nova onda de dor surda através de sua bunda, e caminhou até o espelho.

Ele estava coberto de hematomas.

Pete olhou para os hematomas em forma de dedo em seus quadris e coxas e tentou decidir se ele estava pirando ou não. Ele estava um pouco, mas não por causa de toda essa coisa de gay. Claro, ele nunca esperava transar com um cara, mas o sexo gay, em si, não o incomodava muito. Pelo menos, não a ponto de entrar em pânico e ficar histérico. Seus pais tinham ido embora e seu melhor amigo era bi, portanto, não havia ninguém para julgá-lo, ninguém que ele se preocupava.

O que incomodava Pete era o fato de que ele tinha tido sexo com Theerapanyakul. Isso não estava no acordo. Claro que Vegas tinha sido muito mandão e determinado a foder com ele, mas Pete poderia facilmente ter recusado. Poderia facilmente ter o detido. Porém, ele não o parou e isso o assustou.

Sem comentar que, a intensidade do sexo tinha sido quase assustadora. Muito assustadora. Mordendo o lábio, Pete passou o dedo sobre a contusão no quadril. Sua pele formigava.

A porta do banheiro se abriu de repente, e Pete pulou um pouco. Theerapanyakul saiu do banheiro, abotoando a camisa. Ele parou de andar observando Pete e Pete teve de reprimir o desejo de se cobrir com as mãos. Ele forçou seu corpo a relaxar, dizendo a si mesmo para não ser ridículo. Ele não tinha nada que Theerapanyakul não tinha visto na noite passada.

Algo brilhou no rosto de Vegas antes dele fechar o rosto, com suas feições se tornando fria e distante.

— Quanto você quer?

— O quê?

— Quanto você quer por ontem a noite?

Pete sugou uma respiração afiada.

— O que é que eu quero? — Ele repetiu. Theerapanyakul caminhou até a mesa e pegou o celular.

— Sim. Dê o seu preço.

Pete olhou para sua grande costa.

— Preço?

— Sim, o preço — disse Theerapanyakul, com uma ponta de irritação na voz. — O que é tão difícil de entender?

Seu estômago deu um nó. Pete pegou sua cueca descartada e a vestiu, ignorando o desconforto em sua bunda. Ele queria um banho, ele se sentia sujo, mas não queria ficar nu e vulnerável.

— Cinco mil — disse ele.

Isso tinha ser retribuído com raiva, certo?

Uma pausa.

— Ok.

Aparentemente não.

Pete teria rido, exceto que o nó em seu estômago, tornou-se um nódulo em sua garganta apertada, como se estivesse vagamente doente. Sem dizer uma palavra, ele fez o seu caminho para o banheiro e fechou a porta muito lentamente. Recostando-se contra ela, Pete fechou os olhos.

A porta estava fria contra sua pele, mas um longo banho quente limparia a sua cabeça.

No momento em que Pete emergiu do banheiro, ele sabia o que fazer, mas Vegas tinha ido embora. Pete estava prestes a chamá-lo quando notou o celular de Theerapanyakul sobre a mesa. Suspirando, Pete foi verificar as gêmeas, mas elas ainda estavam dormindo, então ele decidiu sair e procurar Vegas. Quanto mais cedo ele terminasse com isso, melhor.

Após cerca de 15 minutos de peregrinação, Pete teve que admitir que não tinha idéia de onde ele estava. Ele chegou em uma parte da mansão que era completamente desconhecida para ele e não conseguia encontrar nenhum funcionário para perguntar onde estava Theerapanyakul.

A mansão estava estranhamente silenciosa. O lugar era luxuoso, mas ele se sentia como num museu e não na casa de alguém. Pete imaginou o que teria sido crescer lá e um arrepio percorreu sua espinha.

Entrando em um outro quarto, Pete congelou ao ver Gun Theerapanyakul sentado sob uma mesa enorme.

— Desculpe — Theerapanyakul disse, dando um passo para trás. — Eu não quis...

— Por uma questão de fato, eu queria falar com você, senhor Saengtham.

— Comigo? — Pete olhou para ele com cautela, mas voltou para o quarto e fechou a porta.

As sobrancelhas espessas cinzas do senhor se juntaram.

— De fato. Sente-se.

Pete se sentou na cadeira em frente ao velho homem e esperou. O silêncio se estendeu, enquanto eles se entreolharam.

Mais uma vez, Pete foi pego de surpresa pelo tanto em que Gun Theerapanyakul e seu filho se pareciam um com o outro. Parecia que os homens nessa família envelheciam muito bem. Isso era como Theerapanyakul ficaria daqui trinta ou quarenta anos. Não que Pete quisesse vê-lo.

— senhor Saengtham — Gun disse finalmente e Pete se recusou a deixar cair seu olhar. — Por quanto tempo você esteve nessa relação não natural com o meu filho?

Pete tinha que se lembrar que Gun Theerapanyakul estava muito doente. Ele não deveria discutir com um homem que estava morrendo.

— Menos de um mês, senhor.

— Isso faz com que tudo seja mais fácil.— Gun pegou uma caneta e escreveu algo em um pedaço de papel antes de deslizar sobre a mesa para Pete. — Eu acredito que essa seria uma compensação justa para acabar com a sua associação com o meu filho.

Pete olhou para o papel e, em seguida, olhou para ele.

— Uau, eu estou lisonjeado que você me preza tanto — disse ele e se levantou. —Obrigado, mas não, obrigado.

— Você é idiota, garoto? — disse o velho com um olhar de desdém. — Ele vai jogá-lo fora em algumas semanas, no máximo, como sempre faz.

— Como você sabe disso? Você não o via em quinze anos.

Gun zombou.

— Ele pode não morar mais aqui, mas não muda nada. Eu sei tudo sobre ele. Cada brinquedo que tinha e jogou fora. Apesar de haver alguns persistentes, todo mundo tem um preço no final.

Quando o Pete entendeu e digeriu a situação, ficou enjoado.

— Você é doente — ele sussurrou. — Ele sabe que você pagou seus amantes para deixá-lo?

Gun levantou uma sobrancelha.

— Claro que ele sabe. Ele é meu filho. Ele não é bobo, exceto por sua insistência tola que é homossexual.

Balançando a cabeça, Pete se levantou e se dirigiu para a porta. Não havia nenhum escrúpulo com esse homem.

Quando ele abriu a porta, a voz de Gun o deteve.

— Dê o seu preço, senhor Saengtham. Tudo tem um preço.

— Algumas coisas não.

Pete saiu.

Todo mundo tem um preço.

Então era isso que Gun havia ensinado para seu filho.

Pete não tinha certeza do que mais tinha pena neste momento: do pai de Theerapanyakul ou de si mesmo.

perverso × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora