Capítulo vinte e um

2.9K 407 69
                                    

Theerapanyakul não retornou em poucos dias. Nem ligou. Pete sabia que ele poderia ligar, mas o simples pensamento fez ele estremecer. Ele não queria parecer pegajoso.

Na sexta-feira, Pete não sabia o que pensar. E não ajudava que Mily e Bee ficassem perguntando onde o “senhor Theerapanyakul” foi parar. E o pior era que Pete não tinha resposta para as perguntas.

Onde ele estava?

Sempre vinha um pensamento obscuro na cabeça de Pete de que Vegas não era um homem de compromisso. Talvez ele tivesse o deixado porque essa coisa entre eles o assustou. Se era isso, bem, que se foda ele.

Seria bem feito se Pete acabou se deixando a ser o único pegajoso.

— O que há de errado com você, homem? —  Perguntou Porsche pela manhã enquanto eles tomaram seus assentos na sala de aula de Theerapanyakul.

— Nada.

— Você parece uma merda. 

— Não dormi bem — murmurou Pete, esfregando os olhos. Não era uma mentira. — Eu estou apenas... — Ele se interrompeu, percebendo o professor que entrou na sala de aula.

Não era Theerapanyakul.

Seu coração afundou.

A professora tomou o assento atrás da mesa de Vegas e sorriu para os alunos.

— Bom dia — disse a mulher alegremente. — Eu vou estar substituindo o professor Theerapanyakul até que ele retorne.

Um grito atravessou a sala.

Pete levantou a mão.

— Sim, Sr. Saengtham? — Disse a professora.

— Onde está o professor Theerapanyakul?

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Eu não acho que é da sua conta, mas se você quer saber... O professor Theerapanyakul está ausente devido a circunstâncias familiares.

— Sim — a menina sentada do outro lado murmurou para Pete. — Eu vi no noticiário que ele vai se casar com a filha de um político.

Pete olhou para ela entorpecido.

Porsche colocou a mão em seu ombro e disse alguma coisa, mas ele mal podia ouvi-lo.

Casar? O Vegas?

— Isso não pode ser verdade — ele sussurrou, mais para si mesmo do que para a menina. — Ele é gay. E ele é... 

Meu.”

Só que ele não era, era? Ele não tinha o direito de estar com raiva. Eles não eram nada um para o outro.

— Você está bem? — Disse Porsche, olhando para ele com uma careta.

— Estou bem.

— Pete...

— Eu estou bem pra caralho! — Pete respirou fundo e disse, mais suave dessa vez — Desculpe. Estou bem.

Pete voltou para casa mais cedo, demitiu a babá, se sentou no sofá e assistiu as gêmeas brincarem. Seus vestidos eram desgastados e demasiado pequenos para elas. Elas precisavam de roupas novas.

Ele fechou os olhos e pensou em quanto isso custaria. Natal não estava longe e tudo na época natalina era caro e ele precisava economizar dinheiro. As roupas para as meninas teriam que esperar até que ele encontrasse um emprego melhor.

Pete suspirou, esfregando o rosto. Sim. Isso era o que ele precisava para se concentrar. Não mais distrações. As crianças dependiam dele.

O sofá mergulhou quando as meninas de repente subiram nele.

— Você está triste —  disse Bee.

— Não gostamos quando você está triste — disse Mily.

Pete abriu um grande sorriso e passou os braços ao redor delas, as puxando para perto. Elas estavam quentinhas e cheiravam a sabão e doces.

— Não — disse ele. — É claro que eu não estou triste.

— Quando é que o senhor Theerapanyakul vai vir? — Perguntou mily, mais uma vez, seus olhos arregalados e brilhando com lágrimas. — Ele me prometeu um filhote de cachorro! Com uma estrela branca em sua testa.

Bee chupava seu polegar.

— É, quando é que ele vai vir?

O coração de Pete quebrou.

Naquele momento, ele odiou Vegas Theerapanyakul mais do que qualquer coisa. As meninas não tinham ninguém, além de Pete; é claro que elas se apegariam a Vegas já que ele tinha estava praticamente morando com eles nas últimas semanas.

Pete sorriu, mas seu sorriso pareceu uma careta.

— Eu não sei se ele vai voltar, querida.

As sobrancelhas de Mily franziram.

— Por quê?

Como ele deveria responder a isso?

Pete desviou o olhar.

— Porque ele tem a sua própria família. E parece que seu pai pediu para ele se casar. — Pelo menos essa era a única explicação que ele pôde pensar. — Ele vai ficar com sua própria família agora.

— Por quê? — Disse Mily.

O lábio inferior de Bee tremeu.

— Por quê?

Pete olhou entre elas e não sabia o que dizer.

— Eu não sei, bebês — ele murmurou, pressionando os lábios a testa de Bee e puxando Mily mais perto. — Eu não sei.

perverso × vegaspeteWhere stories live. Discover now