Pete dizer que o jantar foi um pouco estranho seria um eufemismo. Não era apenas estranho: era doloroso. Tinha se passado apenas 10 minutos e Pete já estava olhando para o relógio de pêndulo na parede.
A atmosfera tóxica na sala era tão grossa que poderia ser cortada. Ele nunca tinha visto tanta passivo-agressividade entre os membros de uma família. Agora Pete estava feliz que Emily e Bee não tinha sido permitido comer com os adultos.
A parte chata era, ninguém disse nada abertamente; tudo foi cuidadosamente escondido atrás de sorrisos sem graça e maneiras polidas. Big, o marido de Venice, era o único que parecia estar lutando para esconder seu desagrado com o seu cunhado.
Theerapanyakul não deu muita bola para Big, embora; suas observações mais cortantes foram reservados para seu pai. Theerapanyakul era bastante famoso por sua crueldade na faculdade, mas não era nada comparado à sua maldade de seu progenitor. Pete teria sentido pena de Gun Theerapanyakul se o velho não fosse realmente pior.
Nos primeiros dez minutos, Gun conseguiu insultar de forma inteligente a sexualidade de seu filho, com seu tom cheio de escárnio e desprezo.
Ao observá-los, Pete estava começando a entender o porquê de Theerapanyakul ter deixado sua casa e não retornado em quinze anos. Ele também estava começando a entender o motivo de Theerapanyakul ser um maníaco por controle. A personalidade de seu pai era tão dominadora que ele tinha provavelmente desenvolvido a necessidade semelhante de controlar tudo como mecanismo de defesa.
— Eles não percebem o quanto eles são iguais, certo? — Pete murmurou para Venice, tomando cuidado para que Vegas, que estava sentado do outro lado dele, não pudesse ouvi-lo. Venice parecia ser o único rosto amigável na mesa.
Ela suspirou.
— Eu acho que é em parte porque eles odeiam um ao outro — ela murmurou. — Mesmo que, no fundo, eles se importem um com o outro.
Pete olhou para o pai e filho encarando um o outro e o deu um olhar cético.
Venice sorriu sem graça.
— Eu sei, é difícil de acreditar, mas o pai se preocupa com Vegas.— Os olhos dela se tornou distante. — Quando éramos crianças, o pai costumava ser muito orgulho dele. Eu costumava invejar Vegas. As coisas ficaram difíceis quando ele descobriu a sexualidade de Vegas, mas eu tenho certeza que ele ainda se preocupa. Se não o fizesse, ele o teria repudiado anos atrás e o cortado fora do seu testamento. — Olhando para o marido, ela baixou a voz. — Big fica realmente bravo com isso. Ele esteve trabalhando na empresa da família por anos e acha que ele merece herdá-la.
— Ah — disse Pete.
Isso explicava a animosidade de Big em direção a Theerapanyakul. Falando no homem, Big escolheu aquele momento para virar para Pete e perguntar:
— Então, você trabalha? Ou será que o meu cunhado paga suas contas para que em troca você abra as pernas pra ele?
O silêncio caiu sobre a mesa, e Pete sentiu seu rosto corar. Ele não podia acreditar que Big tinha realmente dito isso. E, a julgar pelo olhar desconfortável que brilhou no rosto dele, ele não podia acreditar também. Mas, em seguida, Big apertou sua mandíbula, olhando teimoso e determinado: ele poderia ter se arrependido de dizer isso, contudo, ele claramente não estava afim de se desculpar.
Pete mordeu os lábios, sem saber o que dizer. As palavras de Big foram um pouco demais. Claro que ninguém aqui conhecia a natureza de seu relacionamento com Theerapanyakul, no entanto, isso fez Pete se sentir envergonhado e humilhado. Pete não tinha sequer aceitado o acordo direito e agora ele se sentia de verdade como uma prostituta. Era ridículo, mas foi a primeira vez que ele de fato notou isso. Ele não se sentia uma prostituta quando chupava o pau de Theerapanyakul por dinheiro; ele se sentiu como uma prostituta quando estava sentado numa sala de jantar elegante com um bando de pessoas esnobes.
— Se desculpe! — Vegas falou em voz baixa, de aço, mas todos na sala ouviram.
Big olhou para Theerapanyakul.
— Por que eu deveria? Perdão, mas todos nós podemos ver que ele é pobre.
— Você vai se desculpar — Theerapanyakul disse, com seu tom perigosamente suave.
— Big, por favor — disse Venice, sem jeito. — Isso foi desnecessário.
— Peça desculpas — disse Theerapanyakul novamente.
Gun Theerapanyakul estava assistindo a troca entre seu filho e cunhado como um falcão.
— Está tudo bem — disse Pete, levemente.
Theerapanyakul ignorou e continuou encarando Big, que parecia cada vez mais desconfortável.
— Ele vai pedir desculpas ou vamos embora.
Pete pensou que era uma ameaça estranha para fazer, porque Big ficaria claramente muito satisfeito se eles fossem, mas Gun Theerapanyakul franziu a testa.
— Peça desculpas, garoto. Ninguém insulta meus convidados.
Exceto você, pete pensou, sem humor.
Big disse rigidamente:— Minhas desculpas se eu ofendi alguém. Não era minha intenção.
Theerapanyakul não parecia satisfeito, no mínimo. Seu corpo estava tenso e seus olhos se estreitaram.
— Se você quer saber — Pete disse a Big. — Sou um estudante e eu trabalho a tempo parcial como um garçom. Sim, Vegas paga a maioria das minhas contas. Eu não tenho vergonha disso. Eu tenho sorte de ter um parceiro tão favorável. — Ele olhou Big nos olhos. — E se 'abro minhas pernas para ele,' você não tem nada a ver com isso, e definitivamente não é da sua conta. — Pete ergueu as sobrancelhas. — Eu não sei o porquê você quis citar isso, Big. A não ser que esteja com inveja.
Ele sorriu quando o rosto do babaca lentamente ficou vermelho. Pete nem sequer se importou com o atordoado silêncio constrangedor que pairou sobre a sala. Ele pegou o garfo e começou a comer de novo, ignorando todos. Ele podia sentir o olhar de Theerapanyakul nele. Pete não virou a cabeça.
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perverso × vegaspete
RomanceO professor Vegas Theerapanyakul é odiado e temido por todos os seus alunos. Insuportável, reservado e cruel, ele não tolera erros e tem pouca paciência para alunos estúpidos, já que ele é um gênio. Pete Saengtham tem vinte anos e está lutando para...