capítulo dezenove

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O professor Pol era um pau no cu.

Pelo menos foi o que pensou Pete quando o homem o ignorou e continuou a andar.

— Não há nada para discutir, Saengtham — Pol disse rispidamente, andando mais rápido. — A atribuição foi dada ontem. Eu não vou abrir uma exceção para você. Tenha em mente que é culpa unicamente sua. Você é irresponsável! Termodinâmica é o ramo mais importante da ciência e você parece não se importar com isso. Se você reprovar na minha grade, o que parece cada vez mais provável, será merecido.

Pete fez uma careta. Sim, foi realmente sua própria culpa. Ele não deveria ter passado tanto tempo estudando para sua prova de Mecânica dos Fluídos, tentando impressionar Theerapanyakul. No final, nem tinha exatamente o impressionado.

— Mas...

— Pare de testar a minha paciência, Saengtham — ele estalou, sacudindo a cabeça. — O que há de errado com os estudantes nos dias de hoje?

E o professor começou falar sobre o senso de auto-direito, falta de foco e falta de humildade dos alunos, parecendo mais irritado a cada minuto. Pete percebeu que não havia maneira dele lhe dar um tempo adicional para completar a tarefa.

— Pol — veio uma voz familiar atrás deles.

Pete ficou tenso e não olhou no seu caminho. Droga. Theerapanyakul era a última pessoa que ele queria que testemunhasse isso.

— Aconteceu alguma coisa? — Disse Theerapanyakul.

— Esse menino é preguiçoso e irresponsável! — Disse Pol. — Ele não fez suas atribuições a tempo e agora está me pedindo para lhe dar mais alguns dias! Como é que ele vai ser um engenheiro se não pode sequer passar os cursos básicos?

Pete queria que o chão se abrisse. Theerapanyakul era o homem mais inteligente que ele já tinha conhecido. Ele provavelmente pensaria que Pete era muito burro. Não que devesse importar que tipo de pensamento ele tinha a respeito, só que meio que importava. Demais.

— Eu tinha a mesma opinião que você, Pol — Vegas disse, sua voz indiferente. — Mas Saengtham mostrou alguma melhora significativa nos últimos meses. Dê-lhe um dia. Se ele não conseguir fazer, lhe reprove.

O olhar de Pete esbugalhou a ele. Não havia nenhuma maneira que ele poderia fazer essa porra em um dia.

— Boa ideia — disse Pol. — Um dia, Saengtham.

— Mas...

Pol olhou para ele.

— Um dia.

Apertando os lábios, Pete acenou com a cabeça e saiu.

Seus pés o trouxeram para a sala de Theerapanyakul. A porta estava destrancada, e ele entrou.

Pete inclinou seu quadril contra a mesa e enfiou as mãos nos bolsos. Ele não teve que esperar por muito tempo. Vegas não pareceu surpreso ao vê-lo, mas ele parecia agitado, carregando uma pilha de papéis.

— Você não deveria ter feito isso — disse Pete. — Não há nenhuma maneira que eu possa conseguir fazer isso até amanhã.

— Por quê? — Theerapanyakul colocou os papéis sobre a mesa e sentou-se.

Pete deu de ombros, olhando para as botas.

— Eu sou muito burro.

— Você é um estudante de bolsa de estudos.

Os lábios de Pete torceram.

— Sim. Eu costumava pensar que era muito inteligente, mas... mas não sou. A maioria das coisas que você e Pol ensinam, entra por um ouvido e sai pelo outro. Um minuto eu acho que entendo termodinâmica, no próximo eu não tenho ideia de porra nenhuma do que está acontecendo. Eu realmente devo ser muito burro. — Pete agarrou a borda da mesa. — Eu me sinto como um lixo às vezes, sabe? Não consigo encontrar um trabalho com remuneração decente, não posso comprar pras meninas as coisas que elas precisam, e agora isso. Eu me sinto tão inútil e estúpido, eu só, eu só...

Houve um longo silêncio.

Ele sentiu o olhar de Vegas na parte de trás de sua cabeça.

— Eu não sou bom em confortar as pessoas — disse Theerapanyakul, irritado.

Pete se virou para ele e forçou um pequeno sorriso a sair.

— Está tudo bem. Estou surpreso que você não tenha me chutado para fora ainda.

Os lábios de Vegas diluíram. Ele tinha uma expressão muito azeda em seu rosto.

— Venha aqui.

Pete nunca se moveu tão rápido em sua vida.

Ele subiu no colo de Theerapanyakul, colocou a cabeça em seu ombro e fechou os olhos. Os braços fortes de Vegas apertaram ao redor dele e Pete suspirou de prazer. Foi tão bom. Era exatamente o que ele precisava. Ele se assustou quando percebeu que precisava disso, mas não ligou tanto. Ele quase se sentiu melhor do que no sexo.

— Você está ficando manhoso, professor — ele murmurou com um sorriso, respirando o cheiro dele. Era familiar e estranhamente reconfortante.

— Cale a boca, Saengtham — Vegas disse, soando ainda mais irritado, se isso era possível.

Pete roçou os lábios contra seu pescoço.

— É, você continua muito malvado e desagradável. — Ele esfregou no pescoço de Vegas. — Cinco minutos. Então você pode me chutar para fora e vamos fingir que nunca aconteceu.

Theerapanyakul suspirou.

— Me mostre a tarefa.

A boca de Pete caiu. Ele levantou a cabeça e olhou para Theerapanyakul.

— Realmente?

— Eu não vou fazer isso por você — disse Theerapanyakul, fixando-o com um olhar. — Mas eu vou explicar o que você não entende.

Pete sorriu e o beijou.

perverso × vegaspeteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora