12- dream

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E lá estava eu, mais uma vez vendo aquela enorme vidraça, cabines e o telefone preto. Já estava virando algo familiar.

—Ana... Por que insiste? Eu fiz as merdas!

—Mas eu não acredito que tenha feito elas!

—Por quê?

—Porque.... Você é diferente.— digo totalmente sem graça.

—O único que teria motivos para fazer metade das coisas que você fez... Sou eu. Você merece uma vida boa. Antes de ser preso, Ana, pesquisei sobre você. Sei que veio do Brasil, de uma família sem pais, só irmã... E sei que fez uma promessa a si mesma quando se mudou para cá;
"Punir todos que merecem". — ele disse e meus olhos se arregalaram.

—Seu pai era policial... Não é? Ele te ensinou a ser assim antes de morrer... Ir atrás do que acredita, não é?— ele disse em quanto que meus olhos enchiam de lágrimas, mas sem derramar se quer nenhuma.

Aquelas palavras estavam me corroendo, eu nunca gostei de me recordar desse fardos... Principalmente do meu pai.

—E o que você tem a ver com isso? —Pergunto e aí não me aguento, e deixo uma lágrima rolar.

—Você é valiosa policial. Mais valiosa do que imagina— ele disse com um pequeno sorriso em seu rosto.

—Você não me conhece senhor Haaland... Infelizmente não conhece.

—Mas posso conhecer senhorita— ele fez cara de malícia. —Foi você mesma que disse que em meio do caso nós poderíamos acabar criando uma amizade.

—Isso não vem ao caso, pois ele não está mais em andamento. Só... Me conte a verdade uma vez, Erling Haaland.

—Me conte você primeiro.

—O quê?

—Sente algo por mim, não sente? Não pode ser possível senhorita... Só eu me hipnotizei por esses seus olhos?

—Eu gostaria de dizer que não sinto nada por você.

—Além de ódio? — ele pergunta rindo.

—É... O sentimento é mais forte que isso.

—Acho que... Somos mais parecidos do que imagina— ele diz e eu assinto.

—Só me tira daqui, Ana... Por favor.

—Eu vou, pode deixar que vou.— digo me levantando e indo em bora.

E antes que se pergunte como, eu explico;

Na camiseta de Haaland havia um número: 23, o número da sua sela.

Não foi difícil entrar no depósito da prisão sendo policial e pegar o bolo de chaves e achar a chave correspondente.
Quando a peguei fui até sua sela cuja qual havia ele e mais um outro sujeito.

—O que está fazendo aqui? — o guarda me pergunta.

—Preciso levar levar o número 23 para a delegacia, precisa dar depoimento de testemunha para fechamento de caso.

—Tem mandado para isso?

—E precisa de mandado quando se tem distintivo? — pergunto mostrando meu distintivo e ele libera a sela para que eu leve Erling até a rua.

Tive que preencher algumas papeladas para levar o garoto comigo mas no final resultou, na libertação de Erling Haaland.

—Não, espera. Você precisou só da porra de um distintivo e um plano razoavelmente mal feito para sair dessa prisão?!

—Digamos que sim. — digo e ele se aproxima.

—Ana... Desde o dia em que me entrevistou na cena do crime... Não pude esquecer seus olhos. O brilho dele, a franqueza, tudo — Ele dizia chegando cada vez mais perto.

—Erling eu... Ow...— Nesse momento, nossos corpos estavam praticamente colados, quando recebi a facada.

—Haaland?— digo vendo o ferimento em meu abdômen.

—Ana, não nego que talvez sinta algo por você, mas independente da sua crença, não pode provar minha inocência se ela não foi verdade.— ele diz e eu começo a perder as forças e vou ao chão com uma das mãos tentando estancar o sangramento.

—Bom sonhos Ana.— ele diz com uma piscadela e vai em bora.

—————

—Puta merda— digo acordando na minha cama, que nesse momento eu já estava sentada pelo o tamanho do susto que eu havera tomado.

Minha respiração ainda estava fora do normal. Quando me dei conta do que realmente havia acontecido.

—Que belo sonho... Ótimo jeito de começar o dia. —Digo a mim mesma de maneira sarcástica, ainda processando as informações do sonho inteiro.




𝕋𝕙𝕖 ℙ𝕖𝕣𝕗𝕖𝕔𝕥 ℂ𝕙𝕒𝕠𝕤- 𝔼𝕣𝕝𝕚𝕟𝕘 ℍ𝕒𝕒𝕝𝕒𝕟𝕕  Where stories live. Discover now