17: um começo difícil

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– Louis, sua panela está pegando fogo! - Liam exclamou, fazendo com que Tomlinson tirasse sua atenção da porta por onde Harry havia acabado de sair e desligasse com pressa a boca onde, segundos antes, uma carne estava sendo flambada de modo completamente acidental e desnecessário.

– Merda - ele murmurou, se preparando para começar tudo de novo.

Sua noite estava sendo caótica e era tudo culpa dos seus instintos protetores, que afloravam de forma exagerada quando algo parecia fora de lugar com seu namorado. Era o caso atual, já que Styles tinha voltado calado do seu primeiro dia de aula na faculdade e não parecia disposto a falar sobre o problema.

Uma semana antes, quando os dois foram juntos até uma papelaria e gastaram uma pequena fortuna em materiais escolares, tudo parecia bem. O cacheado insistiu que só precisava de um caderno e algumas canetas, mas o outro conseguia enxergar o brilho nos olhos verdes enquanto eles paravam em todo tipo de coisa, desde lápis decorados até uma mochila fofa com estampa de gatinhos. No fim das contas, levou um pouco de tudo e não aceitou protestos sobre isso.

As coisas ainda estavam bem quando, naquela manhã, o mais velho estacionou seu carro na porta da universidade que Harry frequentaria e lhe deu um beijo de boa sorte. É claro que o cacheado estava um pouco nervoso, seria sua primeira experiência com ensino superior e uma chance que nunca achou que teria quando ainda vagava sem rumo pelas ruas de Londres, lutando para sobreviver um dia de cada vez, mas sua empolgação era grande o suficiente para sobrepor a ansiedade que era de praxe para aquele momento.

Foi por isso, pela alegria pura que viu na expressão do namorado mais cedo, que Louis não entendeu o desânimo que a tinha tomado quando se encontraram novamente, no começo do turno do mais novo. Ele fez perguntas, é claro, mas não conseguiu nada além de respostas vagas e mentirosas como "é impressão sua" ou "está tudo ótimo".

Gostaria de ter insistido, investigado um pouco mais, mas ainda tinha um restaurante para comandar e, por isso, resolveu retomar o assunto mais tarde, quando os dois estivessem livres de suas obrigações. O seu cérebro não pareceu ter entendido o recado, no entanto, já que se manteve naquela discussão enquanto deveria estar prestando atenção nas facas e panelas à sua frente. No fim das contas, foi um milagre que o lugar ainda estivesse de pé quando os clientes da última mesa saíram pela porta da frente.

Frustrado, Tomlinson arrancou a dolma que usava - suja por causa de um descuido com molho mais cedo - e esperou batendo os pés até que Harry o encontrou no estacionamento, como fazia depois de todos os serviços. Sem dizer uma palavra, abriu a porta do carona para que Styles entrasse no carro e depois deu a volta para fazer o mesmo, tentando descobrir a melhor forma de acabar com a tensão que preenchia o veículo enquanto ligava o motor e o tirava da sua vaga de costume.

Dirigiu no modo automático, se dando conta de para onde ia só quando pegou uma saída familiar. O mais novo, que continuava perdido em seus próprios pensamentos, também notou a mudança de planos e aprofundou o seu cenho já franzido.

– Onde vamos? - perguntou confuso, mesmo que suspeitasse da resposta - Louis, eu tenho aula cedinho amanhã.

– Vai ser rápido - garantiu, tirando os olhos da via para encarar o namorado por alguns segundos e levando uma das mãos até a sua coxa, onde deixou um aperto reconfortante - Por favor.

– Tudo bem... - suspirou e fechou os olhos, relaxando com aquele pequeno contato.

Vinte minutos depois, estavam no mirante que havia se tornado especial para seu relacionamento, sentados lado a lado em cima do capô e olhando de cima para a cidade, que sempre parecia menos intimidante daquele ângulo. Tomlinson - que tinha aprendido a ter um cobertor no carro para momentos como aquele - os aconchegou com a ajuda do tecido e esperou, sempre paciente e disposto a seguir o ritmo do mais novo.

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