19: um par indestrutível

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Depois de ter certeza de que o namorado estava seguro e a caminho de casa dentro de um táxi, Louis voltou para dentro do seu próprio lar, decidido a tirar toda aquela história a limpo de uma vez por todas.

Ele não era completamente inocente, percebia a malícia de alguns comentários de Grace e ignorava os mesmos, certo de que a garota eventualmente entenderia que nada aconteceria entre eles e seguiria com sua vida. O que ele não sabia, no entanto, era que a situação se agravava na sua ausência e que Harry vinha passando por constrangimentos que ele, assim como qualquer outra pessoa, não merecia.

Lottie nunca foi particularmente amigável com o cacheado, mas o Tomlinson mais velho entendia isso como uma simples implicância e não uma perseguição como a que foi descrita pelo seu namorado. Não duvidava da palavra de Styles, nunca faria isso, e estava pronto para dar um basta em qualquer que fosse o problema das garotas com o rapaz, como já deveria ter feito há algum tempo.

– Precisamos conversar - avisou ao entrar na sala em que as mulheres ainda estavam, cochichando uma com a outra e com expressões quase vitoriosas.

– Poxa, Lou, eu sinto muito - Grace ofereceu um sorriso piedoso - Eu imagino que deve ser difícil descobrir os defeitos de alguém que você ama muito.

– Você não faz ideia - ele concordou, mesmo que não estivessem falando sobre a mesma coisa - Querem me explicar o que aconteceu aqui?

– Acho que ele só cansou de bancar o bom rapaz - Charlotte deu de ombros - Passou da hora, se você quiser a minha opinião.

– Eu não quero - disse com a voz dura, olhando para a irmã com decepção genuína pela primeira vez em sua vida - Me conte a verdade, Lottie.

– Essa é a verdade - ela insistiu - O anel estava na mochila, você viu.

– O que vocês acharam que aconteceria aqui? - ele perguntou depois de deixar uma risada irônica escapar pelos seus lábios - Pensam que estamos em uma novela? Que eu esqueceria os meses que passei ao lado do homem que eu amo e acreditaria que ele é um criminoso, alguém sem honra? Sinto informar, mas essa é a vida real e eu conheço o Harry mais do que pareço conhecer meu próprio sangue.

– Lou... - ela tentou persuadi-lo, mas nada que dissesse o faria duvidar do cacheado, que era a sua maior certeza.

– Agora eu vou perguntar de novo - ele continuou - O que aconteceu aqui? Se vocês não estiverem dispostas a falar a verdade, eu não vejo problemas em checar as câmeras que nós temos espalhadas por toda a casa.

Se ele não tivesse certeza dos fatos, a palidez que invadiu os rostos das meninas os teria confirmado. Mesmo que já soubesse por qual caminho tudo aquilo estava seguindo, a confirmação do caráter da sua irmãzinha atingiu seu coração como uma faca.

Ele não ligava para Grace. Se nunca tivesse que vê-la outra vez, estaria feliz com isso e não se lembraria dela por um segundo sequer. Lottie, por outro lado, era sua família. Ele a segurou no colo, cuidou de seus machucados, a ajudou com garotos e se esforçou para que ela sempre se sentisse amada. Naquele momento, vendo o produto final do seu trabalho, pensou que talvez tivesse exagerado no cuidado e na proteção.

– Você nos pegou - Grace riu de repente, de uma forma claramente mecânica - Era tudo uma pegadinha, como essas que as pessoas gravam para a internet. Né, Lottie?

– É - a loira confirmou sem muita empolgação e com uma risada fraca - Uma pegadinha...

– Hm, essa é uma desculpa fraca, mas o que esperar das duas - debochou, parcialmente cego pela raiva que invadia seu corpo sempre que se lembrava do rosto molhado do seu amor.

– Mas...

– Sem "mas" - interrompeu a moça que tentou lhe contestar, estava tão nervoso que nem tinha certeza de qual delas havia feito isso - Eu vou dizer o que vai acontecer aqui. Vocês vão ficar longe do Harry e, se eu souber que o perturbaram de novo, então eu vou fazer questão de que todos saibam sobre quem vocês são de verdade. Lottie, eu garanto que os nossos pais vão ficar cientes de quem a filha deles realmente é e eu tenho certeza de que não é isso que você quer.

– Sério, Louis? - Grace bufou frustrada - Tudo isso por um zé ninguém?

– Ele vale dez de você - a olhou de cima abaixo - De vocês duas juntas. O Hazz é uma pessoa incrível e vocês não conseguem ver isso porque são medíocres demais para enxergar qualquer coisa além do que os olhos conseguem captar. Meu recado está dado, espero não precisar me repetir.

Com isto dito, Louis se arrastou para o seu quarto e dormiu para impedir a si mesmo de procurar por Harry. O cacheado pediu por um tempo e o receberia, era o mínimo que o mais velho poderia fazer depois de deixar que seu sofrimento passasse despercebido durante tanto tempo.

No fim da manhã seguinte, estava com o seu carro estacionado na frente da universidade quando Styles cruzou os portões, conversando animadamente com duas garotas e um rapaz que Tomlinson não conhecia. Como se pudesse sentir a sua presença, o garçom cravou seus olhos verdes no mais velho alguns segundos depois e sorriu um pouco em sua direção, o que acalmou um pouco o seu coração angustiado.

Depois de se despedir dos colegas, caminhou até onde o namorado estava parado, apoiado no veículo e encolhido como uma criança amedrontada, e passou os braços ao seu redor, suspirando feliz por estarem juntos mesmo que só tivessem se passado algumas horas desde a última vez em que se viram.

– Podemos conversar? - Louis perguntou quando se afastaram, mesmo que seus braços ainda estivessem presos na cintura do outro.

– Por favor - concordou na mesma hora.

Minutos depois, seguindo algum tipo de acordo mudo, estavam no mirante de sempre, dessa vez sem se incomodar em abrir mão do aquecedor que os protegia do clima frio de Londres.

– Eu sinto muito - Harry foi o primeiro a falar - Por sair daquele jeito. Eu sei que o que aconteceu não foi sua culpa, mas fiquei muito sobrecarregado e precisei ficar um pouco sozinho. Também sinto muito por dar a entender que você precisava fazer uma escolha entre o que nós temos e a sua irmã, não foi justo...

– Eu escolhi você - o interrompeu antes que aquilo pudesse ir mais longe - E teria feito antes se soubesse o que estava acontecendo.

– O que você quer dizer com isso? - franziu o cenho em confusão.

– Eu não quero alguém na minha vida que seja capaz do que a Charlotte fez ontem, cachinhos - disse sincero, completamente em paz com a sua decisão - Com você ou com qualquer um. As garotas não vão mais te incomodar, eu me certifiquei disso.

– Não quero me meter no meio da sua família - murmurou um pouco triste - Nunca quis, foi por isso que não te contei nada antes. Eu sei como isso faz falta e você tem tanta sorte de ter uma tão incrível, é injusto que perca isso por minha causa.

– Você também é minha família - esticou a mão para que pudesse tocar o rosto do mais novo - Não se sinta culpado, tudo bem? Foi uma decisão da Lottie tentar te prejudicar e uma minha manter distância a partir de agora.

– Você também é minha família - comentou com um sorriso pequeno - Eu não conhecia a sensação de ter uma e, para ser sincero, ainda não tenho certeza de como ela é no sentido tradicional da palavra, mas eu tenho você e nada parece ser melhor do que a felicidade que isso me traz.

– E um dia ela vai aumentar - falou como se estivesse sonhando acordado - Vamos construir muita coisa juntos, não é?

– As melhores coisas - concordou feliz - Mas agora eu preciso construir pilhas de pratos e você precisa cozinhar para ricos metidos. Estamos atrasados para o trabalho, vamos.

– Argh! - grunhiu, mas arrumou sua posição no banco do motorista e deu partida mesmo assim - Estamos bem?

– Melhor impossível - o tranquilizou - Obrigado por ficar ao meu lado.

– Sempre - prometeu.

Harry sorriu largo para isso, tendo certeza absoluta de que a noite anterior havia sido apenas uma das primeiras tempestades que iria enfrentar e mais confiança ainda no fato de que não passaria por elas sozinho.

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