18: uma armadilha cruel

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Provando que o tempo é o senhor de todas as coisas, o primeiro mês de Harry na faculdade chegou ao fim com um saldo positivo. Ele ainda não tinha a facilidade dos seus colegas para contextualizar algumas das matérias dadas em sala de aula, mas havia descoberto um método de estudo que vinha funcionando e também conquistou a simpatia de alguns dos seus professores, que repararam no seu esforço e não se incomodavam de tirar suas dúvidas - até as que pareciam mais simples.

Louis, é claro, também teve uma grande parte no progresso do cacheado. Seus encontros, que costumavam envolver filmes e lanches, passaram a acontecer em meio a livros e anotações. O mais velho não tinha qualquer conhecimento sobre os assuntos estudados pelo cacheado, mas não se incomodava de aprendê-los ao seu lado. Em uma das madrugadas que passaram em claro tentando entender um conteúdo particularmente complexo, os dois brincaram sobre como, no fim do curso, Tomlinson também deveria receber um diploma.

A nova rotina era puxada, é claro. Harry, particularmente, estava aprendendo a administrar seu tempo e se sentia exausto na maior parte dele. Apesar disso, tirava energia da noção de que tudo aquilo valeria a pena quando estivesse formado e cercado por crianças, ideia que o encantava mais a cada dia. No fim das contas, descobriu que seus amigos estavam certos quando elogiavam a sua força de vontade e mal podia esperar para colher os frutos dos seus esforços atuais.

Em uma segunda-feira específica, quando a sua folga coincidiu com a de Louis, os dois decidiram usar a mansão do chef para revisar alguns tópicos para um teste que o mais novo faria no dia seguinte. Tinham passado os últimos dias no apartamento que Styles dividia com Niall e por isso decidiram mudar um poucos os ares, além de deixar que Horan e Selena também aproveitassem seu dia de descanso como achassem melhor.

Estavam sozinhos em casa e esparramados no tapete fofo da sala de televisão quando ouviram o barulho da porta da frente logo antes de duas vozes que, infelizmente, o cacheado conhecia muito bem. Não pôde evitar o suspiro alto que saiu da sua boca, o que imediatamente chamou a atenção de Tomlinson, que estava nas fichas de memorização que ele tinha em mãos.

– Algum problema? - o mais velho perguntou.

– Nenhum - sorriu pequeno, como sempre fazia quando Charlotte e Grace estavam por perto - Só um pouco cansado.

Harry não costumava mentir para o namorado, odiava fazer isso, mas não se via com outras opções quando o assunto eram as garotas. Sabia o quanto ele amava sua irmã e não o privaria da imagem que tinha dela, mesmo que esta não fosse completamente realista. Ao invés disso, engolia todas as alfinetadas lançadas em sua direção e fugia da presença das meninas - que estavam sempre juntas - como o diabo foge da cruz. Bom, quando isso era possível.

– Oi, Lou! - a voz melosa de Grace soou assim que as duas os encontraram - Você sumiu.

– Ele arrumou um segundo emprego - Lottie comentou com uma inocência fingida - Agora também é professor particular.

Era um ataque velado, Harry sabia disso. Já tinha sido provocado sobre como vinha "roubando o tempo livre do namorado de forma egoísta", mas Louis apenas riu do que tinha visto como uma brincadeira e revirou os olhos para a loira, que escondia seu veneno atrás de uma expressão simpática.

– Alguns com tantos empregos, outras com nenhum - provocou de volta antes de se levantar de onde estava deitado - Vou buscar um pouco de água, alguém quer alguma coisa?

– Ai, Lou, você pode ver se tem aquelas jujubinhas que eu gosto? - Grace perguntou com um bico que fez o estômago de Styles revirar - E um pouco de refrigerante diet.

– Claro - concordou solícito - Meu amor?

– Nada para mim, obrigado - respondeu antes de sorrir sem mostrar os dentes.

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