O escurecimento de sua alma

Capítulo 27

Quando Tom chegou ao final de seu conto depois de dois copos e meio de uísque de fogo muito bom, Dorus se levantou do sofá e caminhou em direção às grandes janelas com vista para o jardim de rosas. Ele virou as costas para Tom e pegou sua varinha para conjurar um lenço. "Você viu, então. O além." Dorus discretamente esfregou seus olhos com o lenço. "Oferece-me um grande conforto saber que há algo à nossa espera. Eu tinha minhas dúvidas, mas agora sei que vou ver minha Shelley novamente."

Tom abaixou a cabeça por um segundo antes de oferecer a Dorus um sorriso provocador. "Ela estará esperando por você. Se ela ainda vai ter você que é. Merlin sabe que ninguém culparia a mulher por ter se cansado de seu ronco depois de quarenta anos de aguentar."

Dorus cacarejou quando ele se virou para olhar para Tom. Ele esfregou os olhos novamente, ainda rindo. "Você está certo, é claro. Mas eu a conquistei uma vez. Tenho boas esperanças de poder fazê-lo novamente."

Tom assentiu amigavelmente por um momento antes de ficar sério novamente. "E você está certo em dizer que é reconfortante saber que há mais quando chegar a nossa hora." Tom não tinha certeza do que o possuía para falar tão abertamente sobre tais assuntos pessoais. Ele certamente nunca tinha feito isso antes, nem mesmo com aqueles que ele uma vez chamou de amigos. Talvez todas as suas conversas com Harry o tivessem suavizado. No passado, Tom poderia tê-lo chamado de enfraquecido, mas agora ele estava convencido de que isso não era verdade. Olhe para o que se livrar de suas emoções tinha feito a ele antes. "Eu cresci ouvindo trouxas jorrando histórias sobre o céu e o inferno, mas nunca acreditei em uma palavra disso. Eu estava convencido de que não havia nada, que simplesmente deixaríamos de existir. É um conforto saber que esse não é o caso."

Dorus afundou de volta no sofá com um olhar de conhecimento. "Deve ter incomodado muito se você decidiu criar várias horcruxes."

Tom franziu os lábios com força enquanto olhava para os joelhos. "Eu era muito inteligente e arrogante demais. E eu estava preso todo verão passando meses em uma guerra que destruiu o mundo ao meu redor. Eu estava absolutamente aterrorizada de morrer antes que eu pudesse alcançar qualquer um dos verdadeiros potenciais que eu sabia que tinha." Ele olhou para Dorus, com os olhos espinhosos. "Custou-me tudo. Custou tudo para muita gente. Um erro estúpido e infantil, Dorus, e quase destruiu nosso mundo."

Dorus soltou um suspiro profundo. "Normalmente, eu diria que não podemos mudar o passado, mas podemos aprender com ele. Mas você me provou errado sobre isso hoje, não é?" Dorus deu a Tom um olhar afiado que ele rapidamente suavizou com um sorriso. "Você sabe o que fez de errado, Tom. Então faça certo desta vez."

"Estou planejando", disse Tom com tanta sinceridade quanto pôde reunir.

"E você vai querer a minha ajuda?" Dorus ofereceu, com a cabeça inclinada enquanto dava a Tom um olhar expectante.

"Se você estiver disposto."

"Eu sou", disse Dorus, com os olhos se estreitando apenas um pouco. "Sob uma condição."

"Vou deixar seu filho em paz. Eu juro", disse Tom, conhecendo seu velho amigo bem o suficiente, mesmo depois de todos esses anos, para saber que demanda Dorus faria dele.

"Ainda é um rapaz inteligente", disse Dorus com uma risada "Mas sim, contanto que você deixe Theo ser, ficarei feliz em ajudá-lo, velho amigo. Com Theo em Hogwarts, tenho ficado bastante entediado ultimamente, devo admitir." Dorus deu um tapa em suas coxas e se levantou do sofá. "Fique para almoçar e eu vou preenchê-lo com todas as fofocas do Wizengamot."

"Isso seria bem-vindo." Tom seguiu Dorus até o jardim de inverno adjacente à sala de jantar.

"É uma pena que tantos de nossos amigos já tenham passado", disse Dorus uma vez que eles estavam sentados, pratos cheios de sanduíches de dedo e tortas de porco do tamanho de uma mordida na frente deles. "Abraxas, Rodolfo, Orion. E Antonin ficou preso em Azkaban pelo resto de sua vida."