A reforma da velha Folha de Ouro tem sido um dos principais assuntos comentados na vizinhança. Enquanto Vicente está em plena atividade, pintando com dedicação a parede de sua futura editora, um cavalheiro trajando um elegante terno e um chapéu impecavelmente alinhado, aparentando ter posses financeiras consideráveis, percebe que a porta está aberta e decide adentrar o espaço.
- Boa tarde. Você por um acaso é filho de Herbert?
O rapaz para um pouco com a pintura e vira o pescoço para olhar quem entrou e sorri em saber que um conhecido da familia se interessa pelo local.
- Sim, sou! O senhor conheceu meu pai?
- Conheci, este lugar era a paixão dele. - Diz, caminhando lentamente para dentro.
- Isso é verdade... Bom, como pode notar, quero retomá-la, custe o que custar.
- Admirável! - ele olha em volta. - Está ficando ótimo!
- Obrigado!
- Também estou fazendo reforma em minha casa. Aceitaria algumas peças de madeira? Talvez possa improvisar com elas.
- Claro! Poderei criar uma prateleira ou até uma mesa!
O homem sorri amigável com a empolgação do rapaz e se retira, deixando-o com o seu empenho na pintura. Minutos depois, ele volta com seus filhos descarregando várias ripas e tábuas de diversos tamanhos.
- Nossa! Muito obrigado, senhor! Será de bom proveito. - Vicente agradece, pegando a mão do homem e chacoalha rapidamente.
- Não precisa agradecer, meu jovem. É um prazer ajudar a Folha de Ouro.
Até o final do dia, o futuro empresário ganha mais materiais para reforma de pessoas solidárias. Ele não sabia que ainda existem pessoas assim e se considera ter uma imensa sorte.
Depois de uma semana intensa de trabalho, Vicente finalmente termina a reforma da editora, embora tenha que deixar a janela sem conserto por falta de recursos, mesmo assim, ele se sente grato pelas pessoas que o ajudaram e reconhece que não teria conseguido sem elas. No entanto, após tudo o que fez, ainda não está contente, ele observa o local e repara na falta de mobília e maquinário para produzir livros.
Com um olhar distante, caminha para casa. Ele gostaria muito de logo iniciar suas atividades, mas percebe que precisará arrumar um trabalho a fim de juntar dinheiro. Ao chegar em casa, encontra sua mãe na companhia da tristeza e escutando o rádio.
- Como vai a editora? - Pergunta ela, sem deixar de observar o aparelho.
- Preciso de mobília e de pelo menos uma máquina de escrever. - Suspira, decepcionado, enquanto caminha em direção à cozinha, está faminto.
A mãe costuma deixar um prato tampado sobre a mesa, hoje ela preparou um ensopado cheio de legumes. Ele se ajeita para começar a comer e a vê chegar no batente da porta.
- Vicente, meu filho. Venha comigo, quero te mostrar uma coisa.
Prontamente, ele se levanta e a segue. Descem as escadas do porão dessa antiga casa, e com uma lamparina de querosene, ela ilumina o local. Param em frente a uma caixa de madeira num canto da parede, no chão.
- Abra essa caixa.
Ele a obedece e vê uma máquina de escrever. O rapaz olha para ela com surpresa.
- Vejo que você está bem empenhado na editora, então, pensei bem e resolvi 'emprestar' a máquina para você - Ela dá ênfase ao verbo. Os olhos de seu filho brilham diante dessa relíquia.
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Amor e ideais.
RomanceNos vibrantes anos 50, em uma pequena cidade do interior, vive Antonieta, uma jovem determinada e apaixonada pela escrita. Enquanto o mundo ao seu redor tenta encaixá-la em padrões estereotipados, ela se esforça para encontrar sua voz em meio ao con...