Antonieta se agarra à beirada da janela, mãos trêmulas, enquanto Vicente observa lá em baixo, com olhos cheios de preocupação. O eco de sua pergunta, carregada de incerteza, paira no ar noturno.
— Se eu escorregar, você vai me segurar? — ela hesita, seus olhos encontram os dele, buscando segurança.
— Claro, pode confiar em mim — ele responde, estendendo os braços, preparando-se para agir.
Ela rapidamente retira seus sapatos para facilitar a descida e se posiciona na janela. Segura-se firmemente com ambas as mãos e, com cuidado, agarra o lençol para garantir sua segurança, enquanto seus pés encontram apoio na parede.
— Você está se saindo muito bem, continue assim! — Vicente sussurra encorajadoramente. A voz dele é um farol em meio à escuridão da noite. — Apenas não olhe para baixo.
Logo, seus pés tocam o gramado do jardim, a adrenalina do momento leva-os a trocar um abraço emocionado.
— E agora? O muro parece ainda mais desafiador de pular — ela comenta, olhando para cima com preocupação.
A tranquilidade é interrompida pela voz autoritária de Tonico, o guarda-costas, com uma pistola em mãos.
— Vocês dois, parados! Mãos para o alto!
Vicente ergue as mãos rapidamente em sinal de rendição, mas Antonieta, parece firme para enfrentá-lo.
— Antonieta, vá para dentro agora! — aponta o guarda costas para a entrada da casa.
— Eu não vou para lugar algum sem ele! — a moça se agarra a Vicente com desespero.
— Antonieta, — Vicente cochicha, — faça o que ele pede, para o seu bem.
— Não, não... — nega a cabeça, desesperada. — não vou te largar aqui!
Ela encara o homem com um olhar determinado, defendendo seu amor e sua coragem.
— Deixe a gente em paz! — a intervenção dela é corajosa.
O riso sarcástico de Tonico corta o ar noturno.
— Quem você pensa que é para me dar ordens?
— A filha de seu chefe. Aquele que você deveria proteger, não lhe causar risco diante de uma arma de fogo. — responde com uma firmeza inabalável.
Vicente, percebendo a distração, aproveita a chance e corre em direção aos fundos do quintal. As batidas rápidas de seus passos se perdem na escuridão da madrugada.
— Ei, volte aqui! — o grito de Tonico é seguido pelo disparo para o alto, uma tentativa de amedrontá-lo. Mas o rapaz se funde com a escuridão, desaparecendo.
Antonieta, ainda no quintal, não recua. Com uma mente ágil, agarra um vaso de barro do chão, próximo à janela, e o arremessa sobre a cabeça do guarda costas. No entanto, o tamanho imponente dele o deixa inabalado, seu olhar queima de fúria contida.
Vicente continua correndo pelos fundos do quintal, aproveitando a escuridão da madrugada para se esconder. Ele busca abrigo atrás de árvores e arbustos, tentando manter-se fora do campo de visão do guarda-costas.
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Amor e ideais.
RomanceNos vibrantes anos 50, em uma pequena cidade do interior, vive Antonieta, uma jovem determinada e apaixonada pela escrita. Enquanto o mundo ao seu redor tenta encaixá-la em padrões estereotipados, ela se esforça para encontrar sua voz em meio ao con...