25 - Teia de confrontos

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Determinado a confrontar Américo, Vicente segue rapidamente na direção onde o homem grisalho se retirou, seu coração bate forte, a raiva impulsiona seus passos.

Ele o avista caminhando mais adiante, na rua e corre em direção a ele, puxando seu paletó, que vira-se rapidamente, com uma expressão de surpresa.

- Quem é você? E o que quer?

- Não finja que o senhor não me conhece, Américo. Não vou permitir que você continue a interferir na minha carreira e na liberdade de expressão!

- Sinto muito, meu caro, não sei do que está falando e não tenho tempo para lidar com questões tão triviais como os seus. Agora, se me der licença, tenho assuntos mais importantes para tratar.

Ele mexe-se para sair, mas Vicente é mais rápido com as palavras.

- O senhor é o dono da Semente Negra e utilizou de sua influência para destruir a carreira de meu pai, e agora, quer destruir a minha. Dois livros que publiquei foram censurados e tenho certeza de que você está por trás disso!

Américo olha para Vicente com um sorriso irônico, seus olhos transmitindo um misto de desprezo e arrogância.

- Interessante... Mas saiba que, se seus livros foram censurados, é porque provavelmente violaram alguma lei ou regulamento. Não tenho nada a ver com isso! - com um último olhar de desdém, Américo se afasta, deixando-o sozinho na rua.

Vicente, sem saber o que fazer, sente a fúria borbulhar dentro de si diante da negação descarada de Américo. Ele sabe que o homem está mentindo, mas não tem como provar. Mas ele não quer deixa-lo sair impune e começa a traçar um novo plano para expor suas ações e proteger a liberdade de expressão de todos os escritores.

★★★

Sentada confortavelmente na poltrona de sua casa, Antonieta folheia o portfólio de um estilista prestigiado da cidade, com um olhar distante e triste, enquanto o homem elegante, vestindo um terno muito bem costurado e bonito, conta sobre seus vestidos incansavelmente.

Os dedos delicados dela deslizam pelas páginas repletas de vestidos deslumbrantes, mas sua mente está longe dali, ela não consegue deixar de pensar em Vicente. Desde aquele dia da tentativa de fuga, não teve mais nenhuma notícia dele e isso a preocupa a cada vez mais.

- E aí, senhorita Antonieta? Gostou de algum vestido?

A moça olha para cima devagar, seus olhos caidos.

- Hã? - ela desperta de seus devaneios abruptamente - Quer sinceridade, senhor Monteiro? Não, eu não gostei de nenhum.

O homem faz uma careta, torcendo o nariz, com a reprovação de seus trabalhos, considerando-a uma mulher muito exigente, já que seus modelos são excelentes e agradam a todas as noivas. A mãe, que está olhando outro portfólio, também escolhe, mas para si mesma, entra na conversa.

- Querida, você precisa escolher um vestido, seu casamento está próximo!

- Eu sei, mãe... Mas a senhora sabe muito bem o motivo para eu não gostar de nenhum. - ela desvia o olhar, rumo a um canto qualquer da sala, fechando o portfólio com força.

- Talvez eu poderia voltar amanhã com outros modelos? - diz o estilista, pegando seus trabalhos das mãos de Antonieta.

- Não será preciso, obrigada. - A moça responde, olhando brevemente para ele, sisuda.

- Precisa, sim! - A mãe intervém. - Pode vir, senhor Monteiro, que minha filha irá escolher um de seus lindos vestidos.

- Ok, então até amanhã, senhoritas.

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