12 - A bela noite

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Quando chegam no restaurante, são recepcionados um maitrê educado que os conduz até a mesa reservada, e prontamente, Vicente puxa a cadeira para ela se sentar e se acomoda em frente a ela.

Antonieta, que nunca havia frequentado um lugar tão sofisticado, fica admirada com o ambiente amplo e elegante. O salão possui um clima agradável, com iluminação suave e tons pastéis que tornam o ambiente acolhedor.

As mesas são revestidas com toalhas brancas e possuem velas penduradas em cabrestos, além de talheres de prata e taças de cristal. Mais adiante, há um palco com música ao vivo tocando balsa nova, e Antonieta sente-se totalmente à vontade nesse ambiente refinado.

Ao abrir o menu, ambos se deparam com pratos sofisticados, como filé mignon, lagosta e coquetéis de camarão, além de bebidas requintadas, como martinis, gim tônica e scotch. Ela fica satisfeita com as opções do cardápio, e Vicente nota o semblante feliz dela e sorri, pensando em como ela parece estar se divertindo, mesmo que seja em um jantar bancado por ele, que aliás, pagará com muito esforço por quase não ter a quantidade suficiente.

Durante o jantar, Vicente fala com entusiasmo sobre seus projetos editoriais, enquanto Antonieta tenta acompanhar a conversa, mas sua mente está em outro lugar.

- Preciso conversar com você, Vicente. - Ela diz em uma pausa da conversa.

- Tudo bem, conversaremos no final do jantar. - ele sorri e toca levemente a mão dela sobre a mesa.

- Mas é muito importante, pode ser agora?

- O que seria tão importante que não pode esperar até o final do jantar? - pergunta, levantando a sobrancelha e enrugando levemente a testa.

Ela abaixa o olhar para refletir quais palavras utilizar para iniciar, mas o garçom chega com os pratos, tirando-os de uma bandeja e cuidadosamente colocando sobre a mesa. Vicente sorri educadamente antes de ele se retirar.

- Ok, podemos conversar depois. - suspira, percebendo que ele está mais interessado na comida do que nela.

- Sim, querida... Enquanto isso, gostaria de te conhecer melhor. - sorri, enquanto pega os talheres. - Fale sobre você.

Ela gosta da ideia e lhe sorri de volta, percebe que esse é o momento que precisava e quer aproveitar para iniciar sutilmente sua conversa.

- Eu gostaria te contar sobre o que me levou a abraçar o feminismo. É uma parte importante da minha vida e acho que você precisa conhecer para entender melhor quem eu sou.

Ele assente, demonstrando seu interesse em ouvir sua história, e toma uma garfada.

- Quando eu era criança, não entendia muito bem o porquê via minha mãe chorando com frequência. As discussões entre meus pais eram intensas e, muitas vezes, chegavam a ser violentas. Eu me sentia impotente, presa em um ambiente cheio de conflitos. Meu pai castigava suas filhas com cinta e dizia coisas horríveis, como por exemplo, afirmar que queria filhos homens.

Surpreso, Vicente para de mexer em seus talheres para escutá-la, boquiaberto. Ao perceber sua reação, ela respira fundo, buscando forças para continuar compartilhando sua história.

- Conforme fui crescendo, percebi que a sociedade perpetua esses padrões de comportamento, onde as mulheres são oprimidas e tratadas como inferiores. Comecei a questionar os papéis de gênero e as desigualdades que existem entre homens e mulheres. Percebi que muitas mulheres, assim como minha mãe, enfrentam situações de violência e discriminação apenas por serem mulheres.

Amor e ideais.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora