5 - Apenas nível profissional

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Sentado sozinho jantando, Vicente pensa sobre a possibilidade de Antonieta ser uma grande escritora e se pergunta se deve tentar falar com ela novamente, e o que falar, para incentivá-la a seguir com o livro.

Logo decide esperar por uma oportunidade melhor, talvez quando ela estiver mais confiante em suas habilidades. Ele sabe que o mundo da literatura é difícil e competitivo, mas também sabe que o talento de alguém pode ser a chave para abrir portas e criar novas histórias.

Na hora de dormir, poe sua cabeça no travesseiro e percebe que não consegue esquecê-la. Sua beleza, seu jeito doce e encantador haviam mexido com ele de uma forma que nunca havia acontecido antes.

Ele passa dois dias pensando nela e se perguntando por que ela havia reagido daquela maneira quando ele a confrontou sobre o manuscrito. Por fim, ele decide que não irá deixar as coisas assim, não consegue simplesmente ignorar o fato de que havia encontrado alguém que o deixou tão fascinado e resolve passar na pensão onde ela mora.

Veste seu velho terno marrom batido, seu chapéu de palha e segue para lá num final de tarde. No caminho, quando olha para uma floricultura repleta de flores da estação, bate em seu bolso e sente uma moeda, o suficiente para comprar uma rosa, e assim faz.

Enfim, ele chega em frente ao portão da pensão. Respira fundo antes de tocar a campainha. Uma senhora de idade avança e abre.

- Boa tarde, senhora. Eu gostaria de falar com Antonieta, se ela estiver disponível.

- Antonieta? Ah, sim. A jovem que aluga o quarto no segundo andar. - Olha para ele de cima em baixo, julgando-o. - Espera aí, vou chamá-la.

No hall de entrada, ele aguarda ansiosamente. Ao captar os passos que ecoam pela escada, seu coração dispara instantaneamente. Seu olhar se fixa na figura dela vestida com um delicado vestido rosa de estampa floral, e ele não pode deixar de apreciar a elegância daquele momento. Observa a cintura delicadamente marcada e a saia ampla que acentuam sua beleza.

- Vicente? O que você está fazendo aqui? - Pergunta, ainda descendo as escadas, visivelmente surpresa.

- Vim conversar com você. - Responde, quando ela chega ao seu encontro. - Desculpe-me pelo outro dia. Eu fui um pouco impulsivo, não queria te assustar ou te colocar em uma situação desconfortável.

Antonieta pega a rosa surpresa com a abordagem dele. Ela não esperava encontrá-lo novamente, ainda mais após a forma como havia saído da livraria da última vez.

- Só queria entender tudo isso. - Ele conclui, enquanto ela, permanece em silêncio olhando a rosa. - Topa dar uma volta?

Ela ergue a cabeça e encontra um sorriso sincero estampado no rosto dele, e assente enquanto o retribui. Então ambos caminham para a rua.

- Eu fiquei com medo de ser exposta, - Antonieta resolve começar a falar depois de alguns minutos caminhando em silêncio. - não queria que ninguém soubesse que eu havia escrito aquilo. Algumas pessoas já me falaram que meu texto é bobagem e muito ruim, pois não sou uma escritora de verdade, é só um hobby. Um dia, quem sabe eu não possa ser uma profissional? Mas por enquanto, vou devagar.

- Mas eu acredito que você tem muito talento e potencial. Continue com aquele texto, tenho certeza de que você vai longe ainda.

Ela suspira de tristeza, fazendo-o entender que ainda não se convenceu. Então se lembra da Folha de Ouro e tem uma ideia.

- Topa vir comigo?

- Para aonde?

- Conhecer minha editora.

Amor e ideais.Where stories live. Discover now