21 - Vozes distantes

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Na penumbra do entardecer, uma figura sorrateira se aproxima da cerca de tijolo que delimita a propriedade de Antonieta. Cuidadosamente, essa pessoa se esconde atrás de arbustos e árvores do jardim, envolvendo-se na vegetação como uma sombra.

O relógio já indica um pouco depois das sete da noite, e mesmo com a escuridão que gradualmente toma conta do ambiente, Vicente mantém os olhos fixos na casa à sua frente.

O calor da última luz do dia parece iluminar o brilho de sua determinação. Enquanto a noite avança e todos parecem ainda estar acordados na residência, ele direciona seu olhar com esperança, buscando por algum sinal de Antonieta.

A adrenalina percorre suas veias, alimentando o nervosismo que faz sua barriga se contrair. A possibilidade de ser descoberto ali, tão perto da casa, provoca um arrepio de excitação e ansiedade. No entanto, a força magnética que o atrai é mais poderosa do que o medo do desconhecido.

Ele não pode mais suportar a distância que se instalou entre ele e Antonieta. Sua necessidade de saber o que está acontecendo e de se reconectar com ela, supera qualquer inquietação que possa sentir.

- Como vou fazer para chamar a atenção dela?

Ele permanece imóvel, escondido nas sombras do jardim, enquanto seus ouvidos captam o som distante de um motor de carro se aproximando. Ao mesmo tempo, o brilho dos faróis começa a cortar a escuridão da noite.

Enquanto a tensão o domina, seus olhos perspicazes exploram o ambiente, em busca de um esconderijo seguro e eficaz. Suas opções são limitadas, então em um movimento ágil e discreto, ele se desloca até atrás do muro da esquina, entre as folhagens, mantendo-se o mais imperceptível possível enquanto aguarda o carro se aproximar.

O carro finalmente para bem em frente ao portão, a poucos metros de distância. Vicente observa atentamente, seu coração batendo descompassadamente, enquanto os acontecimentos diante de seus olhos se desdobram.

Da porta do carro, emerge um homem elegantemente vestido e usando um chapéu. Em suas mãos, ele segura um buquê de flores, um gesto tradicional de cortesia. O homem permanece ali, aguardando pacientemente, indicando claramente que está esperando alguém da casa para atendê-lo.

Nesse momento, a realidade se revela diante dele com uma clareza dolorosa. Ele compreende por que Antonieta se afastou, por que ela parece distante e por que seus sentimentos compartilhados foram obscurecidos.

A presença desse homem, com seu buquê de flores e sua elegância, é uma revelação dolorosa. O peso da decepção e da perda se abate sobre Vicente, deixando-o com um nó na garganta e um vazio profundo em seu peito.

Uma mulher, aparentemente uma empregada da casa, se dirige ao recém-chegado para recebê-lo. Vicente observa atentamente enquanto eles adentram o jardim, permitindo que seus passos os levem mais para o interior da propriedade. Ele espera, cuidadosamente oculto.

O homem elegante toma assento em uma das cadeiras da varanda, enquanto Vicente se reaproxima e observa cada movimento.

Seu coração bate com intensidade quando ele vê Antonieta emergir da casa para receber aquele homem. Seus olhos se fixam nela, enquanto ela se senta em outra cadeira, mantendo uma pequena distância. A cena se desenrola diante dele como uma representação dolorosa de uma realidade que ele preferiria não encarar.

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