Amor e ideais.

13 - A Marcha das Oportunidades

Antonieta segue o caminho, enquanto enxuga suas lágrimas e borra a maquiagem. A volta para casa torna-se torturante neste estado que se encontra. As palavras " você quer um relacionamento casual para conhecer outros homens" não quer sair da sua mente.

Chega em seu quarto da pensão, sequer liga a luz e joga-se na cama pensando na decepção que teve. Mesmo depois do que conversaram durante o jantar, é esse tipo de mulher que Vicente pensa que ela é? Uma vadia?

Antonieta permanece imersa em seus pensamentos, relembrando o toque e o sabor daquele beijo que despertou algo profundo dentro dela. Fecha os olhos e revive o momento, que considera mais do que especial.

Sente novamente a proximidade dos corpos, os movimentos sincronizados ao ritmo da música, as mãos de Vicente deslizando em suas costas, guiando-a com ternura. E então, os lábios dele, o beijo suave que se desenrolou entre eles e o sorriso bonito logo em seguida.

Os pensamentos contraditórios a consomem, oscilando entre a esperança de que o beijo tenha significado algo mais profundo e o receio de que tenha sido apenas um momento fugaz e ilusório. Pensa que não vale a pena persistir em algo que parece tão incerto e doloroso.

Enquanto a noite avança, Vicente
ainda caminha para casa, confessa ter utilizado palavras horríveis e sente seu coração partir em saber que magoou Antonieta. Após pensar melhor, compreende os objetivos e necessidades dela, mas o ciúme o consome, dificultando a aceitação do que foi proposto por ela.

Tristonho, ele abre a porta de casa e se depara com sua mãe, sentada em sua poltrona favorita. O rádio está ligado, preenchendo o ambiente com as melodias suaves de suas músicas de bossa nova preferidas. No entanto, sua mãe está adormecida, como se estivesse buscando refúgio na música para amenizar a solidão que sente.

- Boa noite, mãe, cheguei. - sussurra.

Devagar, ela abre seus olhos, revelando ter sono leve.

- Como foi seu dia? - ele pergunta, sentando-se ao sofá perto dela e tirando seus sapatos.

- Aborrecido. - Devagar, ela se levanta.

- Aborrecido?

- Vou para a cama.

Ele observa-a se retirar com um suspiro de pesar. Pensa em como pode trazer um pouco de alegria à vida de sua mãe, no entanto, reconhecendo sua própria exaustão emocional, Vicente entende que precisa descansar para recarregar suas energias.

Ele caminha em direção ao seu quarto, onde a cama acolhedora e confortável o aguarda, ciente de que uma boa noite de sono pode trazer clareza e renovação, ele se entrega ao merecido descanso.

Vicente, deitado em sua cama, deixa que os pensamentos sobre Antonieta preencham sua mente antes de dormir. Ele percebe que insistir em um relacionamento que parece fadado ao sofrimento e à incerteza não seria justo nem para ele, nem para ela, por isso, decide que precisa respeitar a vontade dela de encontrar a própria jornada e descobrir o que é melhor para ela, considera a atitude mais madura e amorosa que ele pode tomar.

Já na manhã seguinte bem cedo, ele entra na cozinha e encontra a mãe em frente ao fogão passando café, como de costume.

- Bom dia, mãe. - diz, sonolento, solta um bocejo.