23 - Lembrete tangível do amor

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Uma mulher de cabelos loiros, fluindo como raios de sol, repousa elegantemente em uma poltrona, imersa em um mundo literário. Seus olhos azuis, como poças cristalinas, dançam sobre as páginas do livro que segura com mãos delicadas. O cenho levemente franzido denota a concentração enquanto sua mente mergulha nas palavras impressas.

O espanto e a admiração refletidos em sua expressão contam a história do livro de uma maneira única. Seus lábios entreabertos revelam a surpresa que a narrativa despertou. As palavras parecem ter o poder de envolvê-la completamente, transportando-a para um mundo distante e imaginário.

Ela coloca o livro sobre a mesa de forma abrupta, os olhos azuis agora repletos de indignação. Com um gesto rápido, ela esconde seu rosto com a mão direita, uma tentativa de conter as emoções que borbulham dentro dela, é sua consciência pesando.

Sua expressão é uma mistura de surpresa, choque e descrença, tudo entrelaçado em uma só manifestação. Cada palavra que percorreu seus olhos parece ter atingido sua consciência como um soco, um despertar repentino de uma verdade desconfortável. Aquele momento de leitura agora se transformou em uma introspecção profunda, uma batalha interna entre as palavras impressas e os sentimentos que ela carrega

Neste momento, duas mulheres entram na livraria e ao vê-la, chamam-na.

- Bárbara!

Ela ergue o olhar, sua expressão ainda um tanto perturbada, mas logo força um sorriso ao reconhecer as amigas.

- Oi, meninas! - Bárbara cumprimenta, tentando afastar os pensamentos que a absorviam.

- Vejo que está lendo "Quebrando Correntes." - Hilda aponta para o livro sobre a mesa, com um largo sorriso.

Bárbara apenas assente, seus olhos se fixando novamente no objeto que a deixou tão abalada.

- Nossa, a Antonieta se superou com essa história! Eu estou adorando. - comenta Silvana, empolgada.

- Ela me surpreendeu também... - Bárbara continua a olhar para o livro, perdida em pensamentos profundos. - Será que as outras mulheres vão para a reunião?

- Nós convidamos todas. - Hilda percebe a angústia que parece pairar sobre a loura e expressa sua preocupação - está tudo bem, Bárbara?

A pergunta a tira de seu transe momentaneamente, fazendo-a olhar para Hilda com uma mistura de surpresa e inquietação.

- Sim, sim! - ela responde um tanto abruptamente, levantando-se apressadamente e guardando o livro dentro de sua bolsa. - Vamos, então, meninas?

O esforço para parecer animada é evidente em sua voz, mas seu olhar ainda carrega uma sombra de preocupação.

À medida que elas se encaminham para a saída da livraria, Bárbara tenta deixar para trás os pensamentos que a atormentam, focando em estar presente no momento com suas amigas.

Assim que elas se retiram, um homem que está sentado próximo onde elas conversavam, abaixa o livro Quebrando Correntes, revelando suas sobrancelhas grisalhas e grossas e seus óculos.

Américo fecha o livro com um gesto de desagrado, suas feições evidenciando sua forte discordância com as ideias abordadas na conversa daquelas mulheres. Para ele, o conteúdo do livro é um completo absurdo e vai contra suas convicções conservadoras.

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