30 - Renovando laços

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O som ritmado de marteladas ressoa pela casa, ecoando no ambiente e indicando que aquele local está em reforma. Vicente martela as tábuas soltas do assoalho da sala, já planejando em sua mente o que mais irá fazer logo em seguida.

Enquanto isso, Antonieta está do lado de fora no jardim. Com as mãos não muito ágeis, ela retira as folhas e galhos que caíram com o vento e arranca ervas daninhas que haviam crescido durante o abandono da casa.

A cada arrancada de erva, ela descobre pequenos tesouros escondidos sob o matagal, como tomates ainda vermelhos pendurados em suas videiras, pimentões verdinhos, cenouras robustas enterradas na terra úmida e ervas aromáticas que perfumam o ar ao serem tocadas. Seus olhos brilham de admiração e gratidão enquanto ela limpa o jardim, imaginando as refeições deliciosas que poderão preparar com esses alimentos frescos e naturais.

Vasculhando mais um pouco, ela também encontra alguns pés de alface verdinhos e batatas doces entre as terras. Cuidadosamente os desenterra, admirando-os. Com um sorriso de satisfação, Antonieta colhe tudo o que encontra, colocando-os em uma cesta e percebendo a sorte que tiveram ao encontrar esses alimentos frescos escondidos no jardim.

Dentro da cozinha, enquanto escuta Vicente continuar a reforma, a água corre na pia e Antonieta mergulha as verduras recém-colhidas, limpando-as cuidadosamente para remover qualquer sujeira ou impurezas.

Com os legumes limpos e cortados, ela os dispõe em uma tigela, adicionando ervas frescas do jardim para realçar o sabor. Sorri satisfeita ao ver a salada colorida pronta para ser servida, um reflexo do amor e cuidado que está colocando na preparação da refeição para eles dois.

Antonieta entra na sala com passos leves, observando Vicente trabalhar com uma mistura de admiração e carinho em seu olhar. Ela se aproxima dele e um sorriso suave se forma em seus lábios enquanto admira a dedicação dele em transformar aquele espaço abandonado em um lar acolhedor para eles dois. Ela sente uma onda de gratidão por tê-lo ao seu lado, compartilhando não apenas o trabalho árduo, mas também os sonhos de um futuro juntos naquela casa.

— Vicente, querido, o almoço está pronto.

Ele olha para cima, seu rosto se iluminando com um sorriso ao ouvir sua voz doce e se levanta, deixando as ferramentas de lado por um momento.

— Almoço? — ele pergunta, sabendo que a dispensa ainda está vazia de mantimentos.

— Sim! Temos sorte demais, nunca imaginei que naquela horta ainda poderia ter verduras maduras!

Ele sorri admirado, impressionado com a descoberta de Antonieta.

- Verduras maduras? Parece que o universo está conspirando a nosso favor!

Ela ri e apanha a mão dele para leva-lo dali, indo até a cozinha e mostra-lo o que preparou.

- Uma salada de sorte. Comemos do que a vida nos oferece! - ele diz com empolgação, sentando-se à mesa junto a ela.

Antonieta observa com satisfação ele saborear a salada antes de ela mesma dar a primeira garfada, com um semblante leve adornando seu rosto.

Apesar de saber que aquela refeição não será suficiente para aplacar a fome, Vicente aprecia o esforço dela em colher e preparar os ingredientes, e com um um sorriso cheio de carinho, ele expressa sua gratidão silenciosa por seu gesto.

★★★

Na manhã seguinte, ao perceber a nova movimentação na casa da vizinhança, um jovem jornaleiro que passa por ali de bicicleta, resolve jogar um exemplar de jornal na porta, e continua a pedalar rua acima.

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