22 - Emoções conflitantes

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Dominada pela ira, Antonieta não faz esforço algum para conter a torrente de lágrimas que escorrem livremente por seu rosto. Diante de seu olhar impotente, a carta que ela tinha escrito com tanto cuidado é brutalmente rasgada pelas mãos gélidas de seu pai. Era mais do que apenas palavras no papel; era a trilha que conduziria à liberdade e à felicidade ao lado da pessoa que ela ama, agora cruelmente arruinada diante dela.

Entre soluços, ela ergue as mãos para enxugar as lágrimas que escorrem incessantemente por seus olhos. Enquanto isso, seu pai despeja palavras cruéis sobre ela, e sua mãe a encara com uma expressão de profunda decepção.

- Quando você vai entender, Antonieta, que seu futuro não é com esse rapaz que você deseja? - a mãe tenta conforta-la.

- Eu não consigo entender o porquê ela ainda quer esse tal de Vicente, depois de ele ter manchado a sua honra! - completa o pai, com raiva e desaprovação evidentes em sua voz.

- Pai, o senhor já ouviu falar em amor? - ela o encara com raiva.

- Amor? Isso é uma falácia! Eu não quero mais saber de você escrevendo outra carta assim! - ele joga os pedaços de papel rasgado em direção a ela com um gesto brusco.

Após o pai sair, a mãe permanece por um momento, lançando um olhar de compaixão para Antonieta antes de também deixar a sala de estar. Ela compreende que a filha está encurralada pela autoridade do pai, independentemente de suas próprias vontades.

Antonieta dirige um olhar de carranca em direção ao seu guarda-costas, parado perto da saida, reconhecendo que foi ele quem retirou a carta de suas mãos quando tentou entregá-la, e a entregou ao pai.

Com a raiva fervendo dentro de si e o coração pesado de decepção, Antonieta respira fundo para tentar conter suas emoções. Ela sabe que não há muito que possa fazer diante da vontade inflexível de seu pai e da situação em que se encontra. A sensação de impotência é esmagadora, mas ela não quer ceder à derrota.

Ela sobre em direção ao seu quarto rapidamente, e decide que, mesmo que não possa entregar sua carta a Vicente, encontrará outra maneira de se expressar.

Os dias se arrastam, pesados como chumbo, enquanto Antonieta permanece trancada em seu quarto, sufocada por uma profunda tristeza e desespero. As paredes ao redor parecem fechar-se sobre ela, refletindo a opressão que sente em seu coração. A luz do sol que antes iluminava seu mundo parece ter sido substituída por uma névoa escura e sombria.

No entanto, mesmo nas profundezas de sua tristeza, uma centelha de resistência permanece dentro dela. Ela se agarra a essa centelha, uma pequena chama de determinação que a mantém lutando contra a escuridão que ameaça consumi-la por completo. E mesmo que pareça impossível, ela sabe que precisará encontrar uma maneira de superar essa dor, de se reerguer e encontrar uma nova forma de expressar sua voz, mesmo que isso signifique começar do zero.

Enquanto Antonieta permanece reclusa em seu quarto, envolta na sua tristeza, Edgar inicia sua rotina matinal. Despede-se de sua esposa com um beijo rápido, observando-a recolher as louças do café da manhã, e logo se encaminha para a saída, prontificando-se a enfrentar mais um dia de trabalho.

Ao chegar ao portão da casa, seu olhar é atraído por um rapaz que acaba de chegar. Não demora muito para que Edgar reconheça imediatamente o jovem à sua frente: é Vicente. Uma mistura de surpresa e curiosidade toma conta dele, questionando em sua mente o que ele estaria fazendo ali, naquela casa, naquele momento.

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