8 - Sentimentos conflitantes

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Enquanto Antonieta e Bárbara relatam em detalhes tudo o que viveram nas mãos de Barbosa, o policial as escuta atentamente, seu semblante é sério e denota a importância que ele atribui àquelas palavras. Com caneta e bloco de anotações em mãos, ele registra cada informação, garantindo que a denúncia seja documentada adequadamente.

No final dos relatos, o policial ergue levemente os olhos por cima dos óculos, fixando seu olhar em Antonieta. Seus olhos transmitem uma mistura de profissionalismo e curiosidade, sinalizando que ele deseja esclarecer alguns pontos antes de prosseguir com o processo.

- Sta. Antonieta, compreendo a gravidade da situação que você descreveu. No entanto, antes de prosseguirmos, gostaria de fazer algumas perguntas para esclarecer melhor os fatos - diz o policial com uma voz calma e firme.

Ela respira fundo, reunindo sua coragem e determinação, pronta para responder às perguntas que virão.

- Estou pronta para responder suas perguntas, policial. Por favor, sinta-se à vontade para esclarecer qualquer dúvida que possa ter - responde ela, mantendo-se firme diante do oficial da lei.


- Você estava usando essa blusa branca e transparente como agora?

- O que o senhor quer dizer com isso? - Bárbara questiona. - Por acaso quer dizer que foi ela quem provocou o assédio?

- Exatamente, isso é roupa para uma moça recatada usar?

Antonieta, ainda abalada com a situação, responde já com lágrimas nos olhos:

- Eu não escolhi a roupa pensando em provocar ninguém. É apenas uma blusa branca, senhor.

- O senhor deveria estar ajudando a vítima, não a culpando pelo que aconteceu! - A amiga retruca, ainda indignada.

- Por mais que sua amiga não tivesse a intenção, seus colegas de trabalho podem interpretar mal. Ela é uma moça atraente, e moças assim, não devem usar roupas que chamem atenção. Por isso vocês são ensinadas desde cedo a serem recatadas!

- E os homens são ensinados a respeitar as mulheres independente da roupa que usam? - Bárbara questiona, levantando uma sombrancelha.

- São ensinados a respeitar quem merece respeito.

- O senhor tem mais alguma pergunta? - Antonieta se manifesta novamente. - Se não, temos que ir.

O policial solta um suspiro de frustração, percebendo que as duas mulheres diante dele não irão ceder facilmente. Ele compreende a importância da denúncia, mas também sente a complexidade do caso. Resolvendo encerrar a conversa naquele momento, ele anota os dados e informações fornecidos, registrando formalmente a denúncia.

Antonieta e Bárbara saem da delegacia com expressões de descontentamento e frustração estampadas em seus rostos.

Enquanto caminham pelas ruas, pensativas e imersas em seus próprios pensamentos, Antonieta rompe o silêncio, expressando sua desconfiança em relação ao desfecho da denúncia.

- Tenho a impressão de que essa denúncia não vai resultar em nada, você viu a expressão do policial? Parece que não levou a sério - comenta Antonieta, deixando transparecer sua frustração.

- E o que vamos fazer? Ficar de braços cruzados esperando por uma resposta que talvez nunca chegue?

As palavras de Bárbara despertam um pensamento na mente de Antonieta.

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