4 - Blusa branca

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Antonieta inicia mais um dia de trabalho na redação do jornal, mas não consegue tirar da cabeça o rosto do rapaz que viu no dia anterior, ela se sentiu atraída por ele, mas não é só isso, sua curiosidade em descobrir o porquê ele estava plantado em frente a pensão a faz pensar em diversas possibilidades.


Mesmo com o barulho e a agitação do escritório, a garota consegue manter-se focada em seu trabalho, mas suas ideias parecem estar em outro lugar. Ela não se sente confiante o suficiente em suas próprias habilidades como escritora e teme que suas ideias sejam julgadas como "porcarias", por isso, cogita na possibilidade de iniciar um novo projeto, mesmo que seja apenas para praticar a escrita.

- Droga! Errei! - Exclama, verificando a folha em que estava digitando. - É melhor eu começar de novo antes que meu chefe veja! - Arranca a folha da máquina.

De repente, ela sente uma mão em seu ombro direito e uma grande barriga ao seu lado esquerdo, é seu chefe, senhor Barbosa.

- Eu adoro quando você vem trabalhar com essa blusa branca. Sabia que você fica muito sedutora?

Surpresa, ela olha para cima e larga a folha.

- Que isso, Sr. Barbosa?! - Ela se levanta rapidamente, assustada.

- Quer seduzir seu chefe para ser promovida? Muitas moças já fizeram isso. - Ele ri.

- Não é nada disso, é só uma blusa. Ela é de seda, por isso é transparente. - Responde, temerosa.

- Pois preste atenção em sua vestimenta, senhorita. Moças decentes não se vestem assim, ou então, qualquer homem pode pensar que você está se insinuando.

O homem se retira, deixando a garota envergonhada e humilhada. Ela olha sua blusa e se sente culpada por ter escolhido aquela hoje, pensa em não usá-la novamente. Bárbara vê tudo e rapidamente chama a atenção da amiga:

- Antonieta, esse comportamento do Sr. Barbosa foi totalmente inadequado! - diz, visivelmente indignada. - Você não deveria ter ficado calada!

- Mas essa blusa... - Ela é interrompida.

- Entenda uma coisa, não importa qual roupa você usa, ninguém tem o direito de falar essas coisas. - responde, com firmeza.

- Mas ele é nosso chefe, tem autoridade sobre nós. Se eu falar ou fizer alguma coisa, posso sofrer represálias. - responde, num tom baixo.

- Antonieta, você ainda precisa aprender muitas coisas na vida... - Diz, decepcionada, deixando a amiga pensativa.
Antes que Antonieta possa processar a conversa, outra colega de trabalho se aproxima e cochicha:

- Ele já falou coisas piores para mim.

As duas amigas a olham espantadas.

- Como? - Antonieta se espanta com os olhos arregalados.

- E você nunca disse nada? - Pergunta Bárbara, a colega nega a cabeça. - Que absurdo! Temos que fazer um protesto.

- Nós seremos demitidas! - Exclama Antonieta.

- Um protesto de forma geral. - Bárbara da a ideia. - " Respeitem as mulheres! " Você iria, Nieta?

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