PRÓLOGO: Triste Fim

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Nova York, Estados Unidos. Última semana de setembro de 2018.


Não demorou para abrir o zíper do bolso externo da mochila, checar o pente e engatilhar a Makarov que possuía como arma reserva. Depois veio o passaporte falso preparado previamente, cuja foto, sob o brilho suave da luz interna do carro, lhe fez tirar um sorriso. Colocou o passaporte e a arma em cima do porta-luvas, checando o inventário.

Precisava olhar tudo rápido, estava sem tempo.

A mensagem de Ruslan sobre a mão invisível que controlava o submundo traria graves consequências para inúmeras operações e projetos ao redor do planeta, além de poder causar uma guerra. Não. Precisava chegar antes do que seria o tal pacote...

Suspirou. Ou ia atrás do primo dele ou teria que sumir de uma vez por todas da face da terra.

E o que seria de suas irmãs? O estômago embrulhou com o pensamento de abandoná-las na hora que mais precisavam, causando-lhe uma azia. Maldita hora em que foi se envolver com um forte loiro de olhos azuis. Só de lembrar do tanquinho...

Olhou para o relógio de pulso e checou o horário.

Amarrou os cabelos de uma forma bem curta e puxou uma peruca castanha com um corte chanel de bico. Escolheu óculos de lentes amarelas antes de passar para as roupas que vestiria.

Sentiu algumas cócegas no couro cabeludo, mas nada de que ela já não tivesse se acostumado com anos dos trabalhos disfarçados. Com algumas bijuterias e uma pequena bolsa de mão, cuja falsificação era quase imperceptível, ela se passaria tranquilamente pela esposa de um ricaço.

Vestiu o macacão preto, justo e transpassado com um decote em gota. Colocou os brincos, as pulseiras, retirou uma bolsa de maquiagem e se produziu levemente.

Interpretaria a personagem que mais odiava.

Tudo o que foi relacionado a identidade antiga e verdadeira, incluindo a carteira de motorista e passaporte real, foi para um compartimento no carro. Colocou a Makarov, algumas facas de arremesso e um canivete suíço na bolsa de mão e finalmente saiu do carro, abrindo o porta-malas.

Ela despejou um galão de gasolina em seu automóvel, lindo, leve e esportivo. Retirou um isqueiro e o jogou para o capô do carro, matando de vez sua vida antiga. Correu para longe dali, atentando para não ser pega em nenhuma das câmeras no meio do caminho.

Respirou o ar da grande metrópole e correu para pegar um táxi para um endereço próximo ao rio East, onde tinha uma cobertura e uma casa segura. Podia montar os próximos passos de lá, quem matar, quem adquirir como aliado. A descoberta de um segredo guardado desde a queda da guerra fria reverberaria o mundo a qualquer momento.

Ruslan conseguiu o que queria. Dane-se as consequências. Odiava pessoas que não se importavam com a vida dos outros, ou melhor, não davam a mínima para o impacto de suas ações no grande esquema das coisas.

Agora ela tinha que fugir para as profundezas do mundo e rezar para não acordar com uma bala na cabeça.

Todos os seus planos, no entanto, foram destruídos pelo rugido do motor de uma van escura e sem marcas. O motorista, um homem trajando uma máscara de esqui, jogou o carro em cima do taxi, lançando-o para a passagem de pedestres da ponte de Manhattan e empurrando tanto ela quanto o motorista para o abismo do rio East.

Tentou se livrar do cinto e revidar os disparos dos homens da van, mas foi em vão. Não adiantou os seis tiros certeiros no vidro blindado ou no grunhido do homem da metralhadora por causa de uma bala no ombro. O carro foi empurrado sem a menor piedade.

E no espaço de segundos que ficou no ar, ela sentiu sobre as suas roupas as marcas do confronto e o sangue jorrando por baixo da roupa. Novamente pensou no homem encantador e de como ele colocou o mundo inteiro em perigo com aquela revelação.

Ruslan a enganou.

A única coisa que pensou quando o táxi atingiu a água do rio foi as palavras que ele deixou.

A magia, minha cara, é muito mais que real.

A magia, minha cara, é muito mais que real

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O Grande JogoWhere stories live. Discover now