DEZESSETE: Alternativas

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Winston estava de bom humor. Agradeceria a Papai Noel pelo presente antecipado, pois graças aos atos terroristas de suas crianças bondosas, o ocidente tinha a faca e o queijo na mão para agir livremente, sem críticas ou disparates de um governo cada dia mais distante dos ideais do mundo livre.

Talvez por isso a surpresa, ao mexer seu tablet, em ver um apito vermelho na tela de seu computador. A princípio, pensou ser um cracker invadindo o sistema da instalação, contudo notou o pop-up de aviso, indicando um pedido de ajuda do planalto de Ennedi.

Ameaçou ignorar, deixar o sinal de emergência sumir na burocracia e lidar com a consequência disso. Já imaginava inúmeras desculpas, discursos de pesar e negociações nos bastidores, quando mais um aviso pintou na tela. Dessa vez uma mensagem de Fabian Aziz, pedindo que ele atendesse o telefone, o qual tocou após ele ler a ordem disfarçada.

Não sabia o que a CIA tanto amava nele. Os relatórios sobre ele ou suas missões eram tão confidenciais que apenas a alta cúpula tinha acesso. O que um egípcio tinha para oferecer aos diretores e presidentes? Não deveriam usar apenas americanos?

Ativo, deduziu Winston, Fabian Aziz é um importante ativo na África e Oriente Médio.

— Diga — atendeu após o segundo toque, como de praxe.

— Não recebeu o sinal de emergência da agente Cohen, não? — O tom de Aziz era claro e não era uma pergunta. Era uma afirmação.

— Em alto e bom som. — Winston desconversou, mantendo a voz neutra. — O que quer fazer? Não tenho uma equipe para mandar um resgate.

— Os israelenses iriam vir com tudo para tirá-la daqui, caso eu não interceptasse o sinal. — O jogo começou, pensou Winston. — Como você quer agir?

Queria deixá-la morrer, mas não posso agora, não é mesmo maldito?

— Eu posso dar suporte aéreo. — Ele saiu de seu quarto e contornou os corredores do local. — Posso mandar alguns drones de vigilância e manter contato com a equipe do chão. Vai mandar algum operativo?

— O DGSE tem pessoas aqui. — Tanto Aziz quanto Winston sabiam que quase ninguém tinha confiança no serviço de inteligência francês. — Mas vou colocar o exército também no encalço. É em Ennedi que podemos encontrar Papai Noel.

— E depois?

— Se capturarmos Papai Noel, vocês serão os primeiros a interrogarem-no. — Imaginou as risadinhas de Aziz com aquele mustache ridículo. — Por mim, que o levem para Guantánamo e joguem a chave da prisão fora.

— Em troca de...

— A CIA anda lavando as mãos pelo que ocorre no Chade, dando suporte mínimo somente devido a nossa aliança. — Winston já havia chegado nos imensos salões de mídia e estalado os dedos para seus analistas prestarem atenção. — Queremos que vocês reconheçam e apoiem a ascensão de Idrissa Habret a presidência.

— Deixa eu ver se entendi. — Pôs no viva-voz. — Você está nos dando Papai Noel em troca de apoiarmos alguém em um paiseco longe dos grandes países?

— Sim. — Aziz não titubeou. — Desde que consigam, na surdina, retirarem ele das amarras do exército francês.

— Sem casualidades?

— O mínimo possível. Não queremos um incidente diplomático, não é?

— Estou trabalhando muito no "se", Aziz. Preciso de algo palpável. — Os analistas de Winston, rapidamente foram às suas mesas de trabaho. Dois deles já estavam com seus drones no ar. — Algo no qual eu possa levar a Langley.

O Grande JogoUnde poveștirile trăiesc. Descoperă acum