Viena, Áustria. 06 de novembro de 2018
Winston caminhou decididamente a uma das inúmeras salas não identificadas em um local confidencial. A presença dele naqueles corredores também seria riscada dos relatórios se houvesse algum. Parando em frente à porta branca, ele deu duas pequenas batidas antes de ser autorizado a entrar no escritório minimalista.
Certamente aquele não era onde o diretor da CIA fazia suas reuniões matinais, muito menos recepcionaria dignatários ou burocratas. Sob o frio gélido do ar-condicionado e das mesas de metal, o terceiro homem mais poderoso dos Estados Unidos sentava de braços cruzados, lhe fitando como se ele fosse um rato insignificante.
Ao seu lado, havia uma pasta, um dossiê.
— Sabe os motivos para sua presença, não é?
— Mas é claro, senhor. — Fechou a porta. — Operação Noel.
— Conseguimos Gusev, mas não podemos transportá-lo para nenhum lugar devido ao risco de alguém tentar matá-lo. Por que diabos você o levou para Mônaco? E não a uma de nossas prisões secretas?
— Juízo de caso. — Rebateu Winston, sem encarar o superior. — Segundo informações, a operação liderada por Papai Noel, vulgo Ruslan Gusev, tinha dedo de tantas agências que filtrar os envolvidos demandaria um tempo que não tínhamos. — Parou no meio da narrativa esperando alguma interferência. Quando esta não veio, continuou. — Mônaco é um país seguro, aliado e sem ligações com o mundo da espionagem. Diferente de Viena ou Washington, senhor.
— Há ratos na Companhia. — Era uma afirmação, ele sentia o teor da voz grossa do diretor.
— E no Mossad, DGSE, MI-6, NIS e até Interpol. — Winston deslizou um pen-drive em cima da mesa de metal. Nele havia depoimentos de todos os envolvidos na operação e relatórios audiovisuais de Ruslan. — É impossível o sequestro de crianças mágicas sem o envolvimento deles.
— E o FBI? A divisão especial para casos mágicos? — Coçou o queixo.
— No escuro, o escopo deles não é internacional, mas eles provavelmente farão a conexão com Gusev em tempo. Provavelmente submetendo petição para interrogatório.
— Nunca conseguirão. — Agitou a mão, descartando a possibilidade. — Irei me assegurar disso. Gusev pode ser um ativo?
— Se mantermos as condições dele na prisão, sim.
— Certo. — O diretor meneou para a pasta. — Missão altamente confidencial. Dentro da pasta, do dossiê há um telefone onde você irá me contactar diretamente.
Winston anuiu, pegou a pasta e a abriu.
— Você vai para o Iêmen. — O diretor sorriu de canto de boca. — Se você cumprir sua missão lá, é bem capaz de seu nome ascender nos corredores de Langley para a posição que você deseja.
— Então... — Winston conteve a alegria, tirou o brilho dos olhos do rosto e engoliu o orgulho que sentia. O treinamento de espionagem vinha a calhar.
— Need-to-know. — O diretor meneou a cabeça para a porta, em uma indicação clara que a conversa tinha terminado.
Bateu a porta gentilmente ao sair, quase pulando de alegria. Ser amigo de Aziz tinha suas vantagens e, talvez por isso, metade do mundo da espionagem o odiava. A outra? O amava como se fosse um deus caminhando entre os mortais.
Pegou o elevador para voltar ao átrio da embaixada americana em Viena. Pensando consigo o valor de manter Fabian Aziz vivo e chegando a uma suave e clara conclusão.
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O Grande Jogo
动作Jacqueline Andrade estava em suas merecidas férias após uma missão na América Central. Porém, quando Fabian Aziz bate à porta, sua paz e tranquilidade desmoronam como em um castelo de cartas e sua consciência é posta a provas. Alguém conhecido como...