Planalto Ennedi, Chade, África Ocidental. 16 de outubro de 2018.
Yael sabia muito bem que lendas e rumores eram ligeiramente baseados em verdades. Nas forças especiais, sua principal missão era provar a inteligência adquirida por meios de terceiros. Suposições e teorias eram maravilhas, adquirir evidências ainda mais.
Seus chefes diziam que Aziz era mentiroso, um trapaceiro digno dos maiores espiões da guerra fria. Logo, por mais que Tel-Aviv quisesse acreditar em sua barganha, era dever dela confirmar sua veracidade. E aceitava seu trabalho com o maior prazer, pois o egípcio nunca a havia decepcionado.
Até agora, pelo menos.
Era difícil esconder o friozinho na barriga quando o barulho do helicóptero irrompeu a outrora tranquila tarde na imensidão do deserto. Do alto, ela viu como o Saara era diversificado: repleto de formações de arenito com areia fina cercada por todos os lados. Uma mistura de desertos, causada pela velha e adorável mãe natureza.
Resmungou pra si mesma ao notar Zach mexendo em seus aparelhos eletrônicos, prestando muito mais atenção nos números e tabelas do que na beleza marcante da vida em um local inóspito. Um olhar pela janela e ele poderia ver os oásis espalhados, os animais correndo pela areia e os povos nativos em cima de camelos, viajando no topo das dunas.
Agradeceu ao piloto assim que as rodas da aeronave tocaram o solo. Zach também agradeceu após ocultar os cabelos revoltos em um boné preto.
Ela meneou a cabeça, positivamente, e Zach esperou saltar.
— Damas primeiro.
Ela revirou os olhos e pulou na frente, a contra gosto. Por mais que estivesse preso, o cabelo se esvoaçou devido à força da ventania produzida pela hélice. Segurou-o e esperou Zach descer, acenando, logo em seguida, para o piloto alçar voo.
Fitou o parceiro. Para todos, um consultor de um consórcio financiado pelos Estados Unidos e ligado ao Banco Mundial. Para o mundo da inteligência, ele era o elo que ligava o governo às diversas facções da região.
Como um cientista conseguiu tal feito, ela não sabia.
Mesmo que em teoria ele fosse neutro, podendo entrar e sair, na prática, não tinha tanta liberdade. Rebeldes e terroristas adoravam estrangeiros ricos e Zach não tinha o porte físico ou imponência para amedrontar homens magrelos carregando lança-mísseis nos ombros. Muito pelo contrário, ele era normalmente o amedrontado.
Os dois caminharam até avistarem ao longe a entrada de uma caverna no Planalto de Ennedi, quase no meio do deserto do Saara. Embora a areia tenha invadido o vale e tornado o acesso quase difícil, que apenas caravanas locais conseguiam atravessar, eles tiveram sorte. As pegadas dos camelos não foram escondidas pela areia, de modo que puderam usá-las para rastrear o caminho mais seguro.
Queria admirar a paisagem. As torres, pilares, pontes e arcos de diferentes formas que decoravam o local. Estas, junto a erosão, causavam-lhe arrepios na espinha.
Por mais que estivesse preparada, missões envolvendo rumores sobrenaturais sempre lhe davam calafrios, ainda mais quando o vento ricocheteava na rocha e criava um zunido estranho e macabro. Ergueu a sua arma Uzi com a mão direita, antes de puxar Zach para trás com a esquerda.
— Fique atrás de mim. — Impositiva, ela não deu margem para questionamentos.
— Por que você quis me trazer para cá?
Ela revirou os olhos.
— Sua posição única como consultor. — Yael respondeu vasculhando tudo. Mesmo com o sol queimando sob suas cabeças, ela continuou metódica em sua varredura. — Não foi por causa disso que Winston te recrutou?
KAMU SEDANG MEMBACA
O Grande Jogo
AksiJacqueline Andrade estava em suas merecidas férias após uma missão na América Central. Porém, quando Fabian Aziz bate à porta, sua paz e tranquilidade desmoronam como em um castelo de cartas e sua consciência é posta a provas. Alguém conhecido como...