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S/n Al-Makki S/s POV

Meus dias com Rafa na casa dela no Rio foram maravilhosos… eu definitivamente amo passar todo o tempo possível ao lado da minha namorada, parece que esses anos longe deixou um buraco fundo lotado de saudade que agora precisa ser suprido.

Só que infelizmente meus compromissos com o lançamento da música me forçaram a voltar para São Paulo para concluir. Meus pais chegaram de Goiânia quase junto comigo e Hana, eles já estavam prontos para a pequena aventura com a turminha da terceira idade viajando de motorhome até Bariloche.

Tudo que eu passei nesses últimos anos foi difícil sim, mas se recompensava quando eu vejo meus pais aproveitando a vida sem se preocupar com dinheiro. Eu e Hana conseguimos proporcionar aos dois uma vida confortável e com os luxos que eles sempre queriam ter, então todos os momentos ruins e difíceis que nós duas tivemos que passar se tornam supérfluos diante da vida que podemos dar aos nossos pais.

— S/n, eu creio que temos feito grandes avanços nas últimas semanas, fico feliz que aos poucos você tem aprendido a se blindar de situações que te geram gatilho. – Meu psicólogo falou gesticulando.

— Eu me sinto mais leve a cada dia, não vou mentir que não tenho mais alguns momentos breves que sinto que terei uma recaída, porque não é verdade… só que agora eu consigo fazer os exercícios de mantra e me concentro em controlar antes que tome proporções maiores. – Gesticulei calmamente.

— Ótimo, eu conversei com seu clínico, vou recomendar que você comece a parar de utilizar o calmante com frequência … apesar de ser fitoterápico, ele pode acabar se tornando uma dependência. – Ele explicou e eu apenas assenti.

— Desde o dia do meu depoimento em Los Angeles que eu não tomo ele. – Dei de ombros.

— Tudo bem, mas não quero que exclua totalmente o remédio. Se tiver crise, primeiro utilize as técnicas que te ensinei: respiração, mantra e concentração. Mas se não conseguir se acalmar você pode tomar o remédio, o importante é que antes de fazê-lo você tente voltar sem precisar dele. – O homem me instruiu com calma e eu concordei.

Falamos um pouco sobre meu relacionamento com a Rafa e como isso tirou uma grande carga dos meus ombros, já que a culpa por achar que eu havia perdido o grande amor da minha vida também era um dos fatores contribuintes para meu estado psicológico ferrado, e ele me explicou que de alguma forma eu teria que lidar com isso.

Como sempre, nossa consulta terminou às três da tarde. Fazendo parte da minha rotina eu desliguei o computador e tomei um longo banho relaxante. Liguei novamente meu celular e encontrei algumas mensagens, uma delas é da minha nova equipe de mídia sociais avisando que em algumas horas eles vão postar as primeiras imagens anunciando minha nova música. Rafa também informou que amanhã pela tarde ela virá para São Paulo, minha namorada vai participar de uma reunião aqui na cidade e vai ficar aqui em casa.

Saí do meu quarto e segui as vozes que ouvia até encontrar meus pais e Hana na sala conversando.

– O que houve?- Indago ao notar as expressões deles.

– Estamos falando sobre ir ao Líbano.- Meu pai pronuncia e eu me animei na hora.

– Nós vamos?- Questiono eufórica.

– Na verdade, a gente quer conversar com vocês…- Minha mãe fala e eu abaixo os ombros em desânimo, sabendo que não viria notícia boa.

– Vocês não querem ir, né?- Murmuro tristonha e eles se entreolham.

– Nós só… não queremos expor vocês a situações desconfortáveis.- Meu pai explica e eu nego com a cabeça.

– Mas a gente quer ir, somos adultas.- Hana rebate séria e um pouco frustrada.- Faz anos que não vemos a vovó…

Just Friends (Rafa Kalimann/You Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora